Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 25 de Fevereiro de 2018
Que cena interessante foi aquela. Olhava eu o movimento das andorinhas sobre as cruzetas de madeira de um poste de energia. Era fim da tarde. Chegavam elas aos poucos, mas muito rapidamente. De repente, as peças de madeira e os cabos de média tensão no alto do poste estavam repletos de andorinhas… Várias, dezenas…
Outro repente, quando todas do bando lá estavam, algumas até brincando com outras, e parecia ter sido emitida uma senha: a primeira se arrancava, e logo outra, e mais um tanto, e em poucos segundos o bando estava todo no ar, aparentemente voando a esmo. Nada! Estavam em busca de seu alimento: andorinhas são aves que caçam seus alimentos (insetos voadores, na maioria dos casos) em pleno vôo. Terminada a sessão, voltavam todas para o mesmo poste, as mesmas travessas, os mesmos pontos dos cabos de energia. E assim, sucessivas vezes, enquanto o sol ia reclinando…
Num terceiro repente, meu olhar percebeu uma curiosidade: sobre umas das cruzetas de madeira daquele poste, havia, também, um ninho de joão-de-barro. Que ave curiosa! Macho e fêmea colocam-se a construir sua casa como se fossem adestrados engenheiros: sempre ‘percebendo’ a direção do vento na estação da postura de ovos, de modo que a entrada da casa sempre fique contra o vento. E assim, a ante-sala e a câmara, separada da primeira por uma parede, são uma verdadeira obra de arte.
O casal joão-de-barro usa o ninho somente uma vez na vida. Depois que os filhotes se emancipam, o ninho abandonado serve a outras espécies (talvez mais preguiçosas); serve até às andorinhas. Enquanto isso, o casal espera a próxima época de procriação, para construir outro ninho.
Assim, a cena se tornou mais admirável para mim. Uma revoada de andorinhas que iam e vinham, em suas caçadas coletivas, ao mesmo poste onde estava aquele distinto casal de joões-de-barro. Estes, à esquerda e à direita do seu ninho recém-construído (não deu para perceber se já havia filhotes), se postavam como se fossem vigilantes do ninho.
Nenhuma briga; nenhum conflito… Apenas convivência harmônica. Vez ou outra, um dos membros do casal joão-de-barro descia ao solo, em busca de seu próprio alimento, e logo voltava. Se alguma andorinha estivesse perto de seu ponto de pouso, nas cercanias do ninho, logo saía, dando lugar ao joão-de-barro. Não consegui notar nenhuma reclamação por excesso de barulho, por ambição de lugar privilegiado, por proximidade… Reinava, harmonicamente, paz, mesmo que, em determinado momento, algumas andorinhas tivessem que se espremer, quando lhes aumentava o número…
Fiquei pensando: por que não ocorre o mesmo com o ser humano? Este, não! Por pouco incômodo da convivência, já é capaz de içar punhos, erguer armas ou impropérios, transtornar-se de raiva. Seres humanos são, via de regra, muito intolerantes uns com os outros.
O profeta de Deus dez uma declaração importante: “Deus fez os homens justos, mas eles foram em busca de muitas intrigas" (Provérbios 7.29, NVI). Um exemplo foi a convivência de Abraão e Ló: Abraão tomou o sobrinho Ló como verdadeiro filho, depois da morte do pai deste – Harã, irmão de Abraão. Ló herdou o rebanho de seu pai, e acompanhou Abraão até Canaã. Porém, um dia, a convivência entre os pastores dos rebanhos de tio e sobrinho conflitou, a ponto de terem que se separar.
Até os discípulos de Jesus, depois de quase três anos de convivência com ele, chegaram a pensar em pedir fogo do céu para consumir samaritanos, só porque estes não foram generosos em hospedá-los… Certamente, intolerância é resultado da decadência da raça, que ocorreu com a entrada do pecado no mundo lá no Jardim do Éden. Por causa disso, o Criador enfileirou prescrições no Seu Manual, de modo a minimizar os efeitos da intolerância mútua.
Desde o início, Deus ensina a receber e a amar o estrangeiro que viesse residir no meio do Seu povo, uma vez que eles mesmos tinham sido estrangeiros no Egito (Lv 19.34). No Salmo 133, registrou em poesia: “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! (Salmo 133.1, ARA).
O apóstolo Paulo tem pleno conhecimento da nossa tendência natural para intolerância mútua; por isto, prescreve o exercício: “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Romanos 12.18, ARA). Em sequência, no mesmo texto, roga imitação de Deus, que é rico em paciência, e ensina a termos paciência, também, uns com os outros: “Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus” (Romanos 15.5, ACF).
A epístola aos Efésios, em que o tema por excelência é a convivência interpessoal, ainda exorta: “Rogo-vos… que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Efésios 4.1-3, ARC). Que desafio, em nossos tempos!…
Com o hino de hoje, a lembrança acerca de quem é compassivo e tolerante sem medida…
NO ONE EVER CARED FOR ME LIKE JESUS (1932)
(Ninguém Jamais Se Interessou Por Mim Como Jesus)
Charles Frederick Weigle (1871-1966)
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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses
Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional