Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 29 de Julho de 2012
Anos atrás, participei de uma conferência evangelística numa igreja do interior de Minas. Estava acompanhado de um grupo de jovens da nossa igreja, de outra cidade, e lá fomos, a convite, para cantar nas duas noites de cultos, pelo aniversário daquela igreja (naquele tempo, eu achava que cantava). Um dos presbíteros daquela igreja era um dos principais colaboradores de seu pastor, na promoção do acontecimento. Ele trabalhava numa grande companhia siderúrgica da cidade (e até do estado, e do país). Me lembro bem de uma das cenas (embora já se vão 33 anos, desde então): Ele havia convidado o seu chefe imediato na companhia… E seu chefe foi… Ele citou o seguinte versículo bíblico do salmista : "Em paz me deito, e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro" (Salmo 4.8). E, se não me engano, ele chegou a 'desafiar' seu chefe – Você pode dizer isto? O que percebi foi que seu chefe ficou… sem palavra para responder !
Nossa época é marcada pela perturbação do sono. Quantos comprimidos os laboratórios têm vendido, para amenizar esse mal do século? Quantos chás os fogões cozinham às noites? Não vou pregar utopia: longe de mim insinuar que uma das 'vantagens' de ser cristão é que sempre têm um sono fácil, imediato e reparador. Ao contrário: também estes têm suas insônias. Mas não vou, tampouco, admitir que a declaração bíblica seja equivocada, ou ultrapassada. Primeiro, trata-se de um testemunho de alguém que, num determinado tempo da vida, quando estava na mais plena sintonia com seu Deus, pôde assim afirmar; mas, esse salmista, também teve momentos de infortúnio, até de pecado, quando o seu sono foi, deveras, perturbado.
Foi quando ele viu a imperiosa necessidade de se voltar para Deus, para a Sua Augusta presença. Há outros salmos que dão testemunho desse outro tempo. Segundo, não se trata de um testemunho universal ou acrônico. Antes, informa um privilégio que está sujeito a condicionantes. O restante do salmo, nos versos precedentes, indica algumas dessas condicionantes.
No entanto, o fato é que, ainda que venham, ao passar do dia, fatores passíveis de perturbar o sono, há um castelo seguro no qual a alma que repousa pode refugiar-se; há uma rocha segura, atrás da qual os influxos do vendaval não atingem, atrás da qual a tempestade detém seu alcance. E esse castelo é o "castelo forte" de Lutero – "espada e bom escudo"!
É a "rocha eterna" de Augustus Toplady, aquele que compôs o hino "Rocha Eterna", comparando sua experiência pessoal de vida com o lenitivo da Palavra Que Não Falha. Não foi uma única vez que o salmista Davi expressou essa segurança, a qual nos conforta, encoraja, emula: "Porém, tu, Senhor, é o meu escudo, és a minha glória, e o que exalta a minha cabeça. Deito-me, e pego no sono; acordo, porque o Senhor me sustenta" (Salmo 3.3,5).
Não é à toa que Salomão, o filho de Davi, exorta os jovens a guarnecer o coração e a alma com a consciência da pessoa, da obra e da palavra de Deus nos dias de sua mocidade, antes que venham os dias em que o sono já não mais poderia ser como o "sono de criança" … "Lembra-te do teu Criador… antes que venham os maus dias… e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer; antes que se escureçam o sol, a lua e as estrelas do esplendor da tua vida, e tornem a vir as nuvens depois do aguaceiro; no dia em que tremerem os guardas da casa, os teus braços, e se curvarem os homens outrora fortes, as tuas pernas, e cessarem os teus moedores da boca, por já serem poucos, e se escurecerem os teus olhos nas janelas; e os teus lábios, quais portas da rua, se fecharem; no dia em que não puderes falar em alta voz, te levantares à voz das aves, e todas as harmonias, filhas da música, te diminuírem…" (Eclesiastes 12.1-7).
Quando Salomão exorta os jovens a se lembrarem do seu Criador ANTES desses dias que, inexoravelmente, hão de lhes sobrevir, não é porque não precisem mais de Deus quando tais dias chegarem… Creio que é o ato, o exercício saudável de sempre voltar ao recesso seguro da presença de Deus se lhes tornará um hábito. Quando tais dias chegarem, saberão a quem recorrer, com confiança exercitada e comprovada. E ainda poderão, a despeito da inclinação contrária de sua natureza humana, que vai decaindo em vigor com o passar dos anos, experimentar de novo noites seguras de sono (mesmo que menores em extensão cronológica) – porque só Tu, Senhor, me fazes repousar seguro. Se, de vez em quando, tomarem algum comprimidinho para ajudar, isto não se lhes transformará em estresse, nem em dependência.
É preciso dizer a verdade: Temos nos esquecido de Deus, do nosso Criador, que conhece mais do que qualquer clínico, qualquer endocrinologista, qualquer psiquiatra ou qualquer geriatra, cada célula, cada enzima do nosso organismo. Alguém há de me desmentir, que não seja exceção ? Eu oro que, para você que me lê, e para este que escreve, e para os que nos rodeiam (que amamos), cumpra-se a promessa (que tem sua condição – toda promessa divina é condicional): "Filho meu, não se apartem estas coisas dos teus olhos; guarda a verdadeira sabedoria e o bom siso; porque serão vida para a tua alma e adorno ao teu pescoço. Então, andarás seguro no teu caminho, e não tropeçará o teu pé. Quando te deitares, não temerás; deitar-te-ás, e o teu sono será suave. Não temas o pavor repentino, nem a arremetida dos perversos, quando vier. Porque o SENHOR será a tua segurança e guardará os teus pés de serem presos" (Provérbios 3.21-26).
Lá pelos idos de 1956, passados os dias de horrores da guerra, certo cristão (músico) da Flórida, nos Estados Unidos percebeu que os novos dias das pessoas estavam ficando cada vez mais cheios do-que-fazer, cheios de novo tipo de otimismo, mas percebeu também que a boa paz do sono e a tranquilidade de alma não era um fruto promissor dos novos dias. Lembrou-se ele do ditado inglês :
“Now I lay me down to sleep, I pray the Lord my soul to keep;
If I should die before I wake, I pray the Lord my soul to take.”
Traduzindo-o: "Agora que me deito para repousar, peço ao Senhor para me guardar; Se eu morrer antes de despertar, oro ao Senhor para minh'alma levar!" E, com isto em mente, observou quantas pessoas passaram a depender mais de medicamentos, e menos de Deus, em oração.
Percebeu ele que, mesmo cristãos, estavam imergindo numa vida cada vez mais secularizada, e cada vez menos cultivada na presença do Todo-Poderoso.
Disse ele : "Quantos de nós orávamos com fervor nos nossos dias de infância ou mocidade, mas agora nos apartamos da fé daqueles dias de outrora!"
Compôs um clássico hino. Uma das mais tangentes execuções desse hino, tive a oportunidade de ouvir em 'concerto' particular, quando transportava o Quarteto Âncora, na década de 80, no meu carro, da rodoviária de BH para nossa casa (eles fariam apresentações em cultos da 'minha' igreja).
Mas o quarteto cantou-o também na igreja. Que saudosa lembrança do Isaias, aquele baixo incrível, que fêz do meu velho Opala virar uma impressionante "caixa acústica"! Tem-no você, aí, em bela execução coral. Acrescento também uma versão em midi, apenas com órgão e piano.
HOW LONG HAS IT BEEN ? (1956)
QUE TEMPO JÁ FAZ ?
Mosie Lister (1921… )
1. Que tempo já faz que falaste com Deus.
Contando os segredos da alma?
Que tempo já faz que oraste ao Senhor
E de joelhos ouviste-Lhe a voz?
Que tempo já faz que não andas com Deus,
Deixando-O guiar tua vida?
Teu Amigo quer ser,
Quer dar-te poder
Tu precisas sentir Seu amor.
2. Que tempo já faz que ajoelhas-te a sós
E oraste ao Teu Deus lá do Céu?
Que tempo já faz que o Teu coração
Se apega aos pecados teus?
Que tempo já faz que não falas de Deus,
Pregando a mensagem do Mestre?
Teu Amigo que ser,
Quer dar-te poder,
Implantar Seu amor em Teu ser.
AudioPlayer online (controle de volume à direita)
Se vc quer ver uma apresentação original deste hino, através de um belíssimo quarteto, é só pedir, que te propiciarei…
Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses
Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional