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N° 169 : “PROVISÃO”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 07 de Setembro de 2014

Poucos dias atrás, pela manhã, bem cedo, fui ‘atacado’ em minha própria casa; da maneira mais inesperada, ao abrir a porta que acessa a rua e a garagem… Aliás, não foi um só ataque, senão dois, seguidamente. ‘Atacado’ em minha própria casa, a impressão que tive foi que eu seria quem estava invadindo domicílio alheio. Foram dois ataques diferentes: ataques aéreos. Já viu disso? Ataques aéreos a domicílio? Pois, foi isto o que aconteceu. E foram do tipo “em legítima defesa”. Bem! A esta altura, imagino que não está dando prá entender coisa alguma, certo?

A autoria dos ataques era de um par de Mimus Saturninus... Quando me dei conta, o casal de sabiás (pardinhos) já estava em vôo rápido e certeiro, na minha direção. Mas, não me atingiram; apenas tentavam assustar-me, principalmente se chegando perto do ninho. Deduzo que era um casal porque eles ainda estão lá, nas redondezas, neste momento em que escrevo… A fêmea, já chocando os seus ovos; o macho, ainda por perto, num galho próximo, ou num fio esticado sobre a rua, ou no topo do gradil da garagem, mas vigiando tudo. Nunca tinha visto isso antes: uma espécie em que o macho fica à espreita de sua fêmea, para protegê-la, enquanto ela choca os filhotes ainda enclausurados. O ninho, foi construído pelo casal dentro de um vaso de barro de plantas ornamentais, pendurado na parede da garagem. Algo simplesmente inusitado e encantador.

Lembrei-me de Gonçalves Dias (1823-1864) – “Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá; as aves que aqui gorgeiam, não gorgeiam como lá” – a célebre Canção do Exílio (Coimbra, 1843). Dizer o que? Deus nos agraciou em sermos “adotados”, em nossa própria residência, por um casal de pássaros, que escolheu o lugar para trazer à luz a sua prole. O ninho, que ainda não tive a coragem de investigar atentamente (não, enquanto está a serviço daquela mãe que aguarda a ruptura dos ovos), parece-me, mesmo a certa distância, uma obra-prima da engenharia. Acompanhei quantas peças, entre galhinhos, penas, raminhos e aglomerantes, foram trazidas para a edificação. Até antevejo a hora em que aqueles três ou quatro biquinhos estiverem se abrindo, exigindo do casal os alimentos para saciar-lhe a fome. Outro registro importante vem à minha lembrança: “Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta…” (Mateus 6.26, ARA).

Na passagem bíblica aludida, a intenção do divino mestre era mostrar que a mesma fonte da provisão divina, em benefício das aves do céu, também se coloca a serviço dos que Lhe reconhecemos a grandeza. “Porventura não valeis vós muito mais do que as aves?” – questiona, ainda, o Messias profético, no final do mesmo versículo bíblico. E as lembranças não param de vir à memória. Como, por exemplo, aquela mensagem musical que se imprimiu na minha mente infantil, décadas atrás: Por que deixar que as ânsias do futuro perturbem hoje a paz do coração? O Pai, que nutre os frágeis passarinhos, garante a sua provisão… Pois sabe, não muda, e sempre te ajuda: o Pai, que nutre os frágeis passarinhos, garante a tua provisão! 

Ansiedade adoece. Faz a cabeça orbitar acentuadamente, obcecadamente, em torno do que não está em nosso poder, ou ao nosso alcance. “Não vos inquieteis”, diz Jesus. O que não se encontra em nossas mãos, debaixo do nosso domínio, deve ficar precisamente onde está – nas mãos de Deus. Aos pássaros ele dá a vida e o sustento. Nem precisam pedir licença para ocupar espaços, usar recursos; Deus lhes deu o que precisam. Com eles, Deus nos ensina a lição: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã , pois o dia de amanhã cuidará de si mesmo” (Mateus 6.34, ARC).  Deus nos dá aquilo de que precisamos. Não é necessário efetuar penitências, nem chegar ao desespero. Ele está aí, bem ao lado.

Quantas pessoas não conseguem ter paz por causa do que têm, e tampouco por causa do que não têm. Sobre o que têm, sentem-se na necessidade de conferir, a toda hora, para ver se falta alguma coisa. Sobre o que não têm, mesmo que não precisem no momento, mas já adoecem só de pensar que, na hora “H”, não virá… Ora! Na hora “H”, Deus não falhará, no propósito que Lhe pertence.  Mas não! Tira dali, coloca bem aqui, preciso ver, preciso pegar…  Que escravidão é a ansiedade. Que falta de paz e sossego para a alma, dentro do quadro de uma vida que, por aqui, é tão passageira. Tenho dito e reiterado a algumas pessoas: o que nos preocupa, mas não se mostra ao alcance das nossas mãos, exige apenas uma atitude – deixar nas mãos de Quem tudo pode, de Quem tudo governa, de Quem tudo detém em Suas mãos!

Pois é! Constatei que os sabiás não têm essas preocupações. Um vôo aqui, outro ali, e o sustento necessário está no bico. É o suprimento divino, pronto e presto. Pois, aos olhos de Deus, valemos muito mais que sabiás… “Deveras me apliquei a todas estas coisas, para claramente entender tudo isto: que os justos, e os sábios, e os seus feitos estão nas mãos de Deus…” (Eclesiastes 9.1, ARA). Então, o melhor a fazer é saber que Deus é Deus, e deixar de lado a ansiedade, porque Ele tem o cuidado suficiente de que qualquer de nós necessita. Tempo atrás, inspirado na filosofia ateísta de Richard Dawkins, o sistema de transporte de ônibus de Londres ostentava letreiros com os dizeres: “Probably there is no God; now, stop worrying, and enjoy your life”! (Tradução: Provavelmente não há nenhum Deus; agora, pare de se preocupar e aproveite a vida!). Pois, eu diria exatamente o contrário: Certamente há um Deus! Agora, pare de se inquietar, pare com a ansiedade, e aproveite a vida!

Na primavera de 1905, o casal Martin viajava em Elmira, NY. Uma de suas mais intensas amizades foi com o casal Doolittle. A senhora Doolittle jazia enferma, acamada, por 20 anos. O senhor Doolittle dependia de uma cadeira de rodas para se locomover. A despeito da situação, o casal Martin viu neles amigos verdadeiros, cristãos felizes com Deus. Um dia, numa visita, Dr. Martin perguntou aos Doolittle o seu segredo de vida. “His eye is on the sparrow, and I know He watches me!” (O seu olhar é pelos pardais, e eu sei que Ele vela por mim!) – foi a resposta.  O casal Martin, de tão impressionado com a resposta e vida daqueles amigos, mesmo em meio às suas severas limitações, acabou por compor um hino. Ei-lo, para nosso desfecho; em nosso áudio, apenas uma execução ao piano. A letra segue abaixo. O arranjo musical é de Charles Hutchinson Gabriel (1856-1932).  

HIS EYE IS ON THE SPARROW (1905)
SEU OLHAR É PELO PARDAL
Civilla Durfee Martin (1866-1948)

Why should I feel discouraged, why should the shadows come?
Por que deveria eu estar desanimada, por que deveriam as sombras vir?
Why should my heart be lonely, and long for heaven and home?
Por que deveria meu coração sentir-se só, em anseios pelo céu, pelo lar
When Jesus is my portion; my constant friend is He?…
Se Jesus é a minha porção; meu amigo constante ele é?…
His eye is on the sparrow, and I know He watches me,
Seu olhar é pelos pardais, e eu sei que Ele vela por mim,
His eye is on the sparrow, and I know He watches me.
Seu olhar é pelos pardais, e eu sei que Ele vela por mim. 

 
I sing because I’m happy,
Eu canto porque estou feliz
I sing because I’m free,
Eu canto porque sou livre
For His eye is on the sparrow,
Seu olhar é pelos pardais,
And I know He watches me.
Seu olhar é pelos pardais, e eu sei que Ele vela por mim. 
 
Whenever I am tempted, whenever clouds arise,
Qualquer hora que eu seja tentado, qualquer hora que as nuvens se elevem
When songs give place to sighing, when hope within me dies,
Quando canções ensejam nostalgia, quando a esperança fenece dentro em mim,
I draw the closer to Him, from care He sets me free;
Me achego o mais perto possível dEle, pelo seu cuidado Ele me liberta
His eye is on the sparrow, and I know He watches me;
Seu olhar é pelos pardais, e eu sei que Ele vela por mim,
His eye is on the sparrow, and I know He watches me.

Seu olhar é pelos pardais, e eu sei que Ele vela por mim.

 

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Abraços, até à próxima

Ulisses

  

Notas das citações bíblicas:

ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional'