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N° 220 : “PROFUNDO LAMENTO”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 13 de Setembro de 2015

 

A imprensa brasileira conseguiu, afinal, que a presidente Dilma Roussef se pronunciasse sobre a “Operação Lava-Jato”; trata-se da operação conduzida pelo Ministério Público Federal do Paraná, juntamente com a Polícia Federal, que investiga crimes de corrupção e desvio de verbas da Petrobrás. A presidente afirmou, com veemência, que não esperava que políticos e militantes do seu partido, bem como pessoas a eles próximas (o que inclui atores de outros partidos), estivessem envolvidos no escândalo da Petrobrás.  Indagada se ela se viu completamente surpresa, eis o que ela disse, de acordo com vários veículos de imprensa do país:

– Fui [pega de surpresa completamente]. E lamento profundamente. Sou a favor de uma coisa que disse o [ex-ministro] Márcio Thomaz Bastos: ‘Não esperem que as pessoas sejam a fonte da virtude. Tem que ser as instituições”. Difícil saber é se Dilma descobriu só agora que Bastos estaria (supostamente) certo…

Então, é isso que dizia o jurista? Não é possível esperar que as pessoas sejam fonte da virtude, senão as instituições? Bem aristotélico, ele… Sabe-se que o mundo ocidental deve muito ao trio helenista – Sócrates (470-399 a.C.), Platão (427-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.). Sócrates sustentava que a fonte da virtude estaria no indivíduo, na base da emancipação de seu conhecimento inato, sua gnose; Platão aduzia que é preciso juntar algum núcleo da sociedade ao indivíduo (tal como a família), para garantia da virtude. Aristóteles defendia que só o indivíduo, ou mesmo a sociedade empiricamente estabelecida, ainda seriam insuficientes; necessário seria, aditivamente, uma organização jurídica dessa sociedade, por meio de homens de bem, para que a ética fosse codificada, praticada e policiada. Essa organização se daria, segundo ele, na polis, donde vem ‘política’. Durma-se com um barulho destes…

Sinto muito, mas tomo a liberdade de discordar, tanto de Aristóteles, quanto de Platão, quanto de Sócrates; ‘inda mais de Márcio Thomaz Bastos, ou mesmo de Dilma. A família ajuda muito; as instituições, também. No entanto, a espécie humana surgiu com o potencial natural da virtude e da ética; isto foi há muitos séculos atrás (há quem diga, pra meu espanto, que foi há milênios); quando os pioneiros da humanidade introduziram, sob influência ‘externa’, a ruptura da virtude, a vaidade, a soberba, a corrupção, a mentira, a ambição nefasta, a desobediência a Deus, esses males e desvios da virtude passaram de uma tal forma à sua descendência, que ficou impossível encontrar uma exceção… Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram” (Romanos 5.12, BCF). Bem verdade que há alguns que se esforçam, mas não estão (ou melhor, não nascem) livres das bactérias mortíferas da pecaminosidade.

Agora, de que são feitas as instituições? Dizer que as instituições se salvam, apesar dos indivíduos, é uma enorme contradição: há instituições sem indivíduos, sem pessoas? Se há, estão elas neste planeta? E, se não há, segue-se que instituições serão tão viciadas na corrupção quanto forem os indivíduos que as constituem… Vamos e venhamos: Assim como não se pode esperar virtudes dos indivíduos, não se pode esperar, tampouco dos organismos da sociedade, sejam eles empíricos ou juridicamente avençados. "Profundo lamento”, pode-se imaginar, foi o que ocorreu ao Criador, quando viu este estado de coisas se instalar na humanidade. “Profundo lamento” deve estar Ele, ainda hoje, sentindo, ao ver que as coisas aqui em baixo vão mal… E parecem ir de mal a pior, a cada dia, a cada semana, a cada mês e a cada ano! Por isto, o diagnóstico universal: "Não há nenhum justo, nem um sequer… Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer" (Romanos 3:10,12, NVI).

Ah! Sim, eu sei – ‘há tanta gente boa!’… Sinto muito, de novo: “Eis que todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapos de imundície” (Isaias 64.6, ARA). Sabe o que isto significa? Dentro do contexto apropriado da explicação bíblica, significa que, por mais bonzinho que alguém possa ser, todos os seus atos de aparente virtude estão tão contaminados com o pecado, que não sobra um atozinho pra ostentar virtude pura; tudo (pensamentos, palavras, ações) está sempre contaminado. Irremediavelmente contaminado! Opa! Exagerei: “irremediavelmente”, não. Nasceu um, cheio de virtude, eticamente intocável, sem jamais ter quebrado um ‘i” ou um “til” sequer da lei, que resolve o problema. Seu nome? É Jesus Cristo, o qual Sócrates, Platão e Aristóteles não tiveram  o privilégio de conhecer: nasceram e morreram antes. Quanto a Márcio Thomaz Bastos, não sei; nem tampouco quanto a Dilma. Ta’í: por que alguém não chega perto dela, e diz: presidente, tem jeito para a corrupção do Brasil; tem jeito para a corrupção da Petrobrás; tem jeito para o rumo do seu governo; tem jeito para o ser humano, tão vil e corrupto por natureza – e não são as instituições; é Jesus, somente Jesus!? Profundo lamento! É o que  se pode sentir por aquele que ignora esta verdade; pior, se dela desdenha!
Na mensagem musical de hoje, uma composição de nossa terra…

FOI ASSIM
Paulo César,  Grupo  ELO

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional