Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 29 de Outubro de 2017
“Eu queria tanto que você aprendesse a tocar esse hino pra mim!… Faz assim: eu canto, e você vê se consegue tirar, pode ser?” Olhei para aquela idosa senhora, sua cabeça toda branquinha, chegando aos noventa anos, vi nos seus olhos uma expectativa como que de uma criança… Tinha vindo lá do interior paulista para passar uns dias com a filha e família. Sua filha era cristã, e tentava ensinar seus dois filhos no caminho do Senhor. Seu marido, porém, parecia constantemente avesso a toda expressão de devoção cristã. Não raras vezes o vi tratando com inocultável rispidez a esposa… E agora, a mãe dela, já certamente perto do seu fim de vida, parecia contemplar, com tristeza, as cenas.
Eu me lembro do seu nome, que vai ficar guardado na minha memória; mas, ela não queria ser tratada pelo nome: fazia questão de ser chamada, por todos, simplesmente de “vó”!
– Vó, então tá bem; vou tentar aprender e te acompanhar…
Eu tinha um violão na mão, no recinto da igreja. E ela nem se fez rogar: logo começou a cantar o hino, com sua voz já bastante tênue, pelo correr dos anos. A melodia não era tão difícil, mesmo para alguém que nunca passou de um aprendiz ‘pré-escolar’ do violão, como eu… Quando, finalmente, consegui acompanhar, com notas mal dedilhadas, nas cordas daquele violão, a magnífica melodia, ela não conseguiu reter, nos olhos, aquele líquido próprio dos elevados sentimentos. E, enquanto eu a via e ouvia cantar, testemunhava a eloqüente oração que do mais interno do coração dela, e das veias mais profundas da alma, saía:
Querido Salvador, o teu imenso amor,
Enche o meu coração de gratidão!
Eu só não posso andar, vem-me, Senhor, guiar,
Com tua santa mão, à Celestial Mansão!
O título do hino é JESUS, O BOM PASTOR. E é mesmo! Ele mesmo o disse, com a maior de todas as propriedades: “Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas… Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai conhece a mim e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas” (João 10.11, 14,15).
Ele é mesmo, esse bom pastor. Quem é aquele que, tendo todos os privilégios e prerrogativas divinos da trindade no céu, se desvencilhou deles, temporariamente, para descer ao mundo, e fazer-se um de nós, para assumir as culpas de todos nós que nele cremos? O Bom Pastor! Quem é aquele que, vendo a mais profunda miséria na qual o pecado afundou o homem, se compadeceu, e assumiu a mediação expiatória por ele? O Bom Pastor!
Quem é aquele que, não só enquanto aqui esteve, mas até hoje, perscrutando as dores e angústias mais tangentes que portamos, ainda no presente se compadece, e se enternece, e nos consola e conforta? O Bom Pastor!
Quem é aquele que, quando passamos por um vale escuro, sem saber para qual lado seguir, nos toma pela mão, nos conduz, faz-se – ele próprio – nosso guia seguro, trazendo luz (porque Ele é luz!), para a caminhada? Não é outro, senão o Bom Pastor! Além disto, é aquele em cuja companhia a vida é muito mais que vale de lágrimas e dores… É vida!
E mais: quem é aquele a quem, mesmo vendo-nos nós a nós mesmos escanteados pelos semelhantes, podemos nos voltar com esperança, porque ele nunca nos escanteia?… Nunca nos despreza?… Nunca nos menospreza?… Somente ele – o Bom Pastor!
O Bom Pastor é bom, porque sua virtude de ser bom lhe é própria, intrínseca e inesgotável! Ele é bom, porque ama e dá a vida pelas suas ovelhas! Ele é bom, porque jamais age como mercenário (e o mundo se está enchendo, cada vez mais, de mercenários)… Ele é bom porque nos livra do abismo, e nos conduz a pastos verdejantes… Ele é bom porque, com ele, que atração nos trará o mundo, se nele temos o maior prazer? Ele é bom porque cumpre, e cabalmente cumprirá o que prometeu:
– “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus? Crede também em mim! Na casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fora, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for, e vos preparar lugar, voltarei, e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou, estejais vós também! (João 14.1-3, ARA).
Nunca mais, depois daqueles dias, vi a “vó”. Como isto se deu há uns 30 anos passados, certamente já deve estar nos braços do Bom Pastor. Braços estes, que também aguardam, para acolher, todas as suas ovelhas!… Que Bom Pastor! Que inigualável e maravilhoso Pastor!
Pois bem! Não faz muito tempo que descobri que o hino gravado, pela primeira vez, em disco vinil, no ano de 1946, por Carlos René Egg (1912-1982), em dueto com sua esposa Martha Faustini Egg (1920-…). Na mensagem musical de hoje, sua execução, pelo coral e orquestra da Uni-Cesumar, de Maringá.
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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses
Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional