Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 05 de Fevereiro de 2012
A tragédia deste último Janeiro, dos três edifícios do Rio de Janeiro, revelou algumas histórias impressionantes de dor. Flávio Porrozi Soares, 34 anos, falava com a noiva pelo celular, quando a ligação foi abrutamente interrompida… sem continuidade! Luis Leandro de Vasconcelos, 40 anos, falou minutos antes com a mulher, pelo celular: "Estou terminando de instalar um servidor, e já vou…"; não foi, não se despediu da mulher, nem dos três filhos pequenos. Nilson de Assunção Ferreira, 50 anos, liberou minutos antes o filho, que com ele trabalhava no escritório contábil, prevenindo que iria logo para casa; não foi! Alessandra Alves Lima, 29 anos, falava com o marido, Victor, pelo MSN, quando também a comunicação foi interrompida…
Para essas vítimas do Edifício Liberdade, não houve tempo de um "adeus", um "até logo"… As investigações estão se intensificando, na busca da causa do desabamento. Um engenheiro mineiro, consultado a opinar sobre o fato, lembrou que em algumas edificações, em que a sustentação do edifício depende também das paredes (e não apenas dos pilares, das lajes e das vigas), tirar paredes "é como tornar o edifício parecido com um queijo suíço ". Ainda não se pode afirmar, com certeza, a causa do desabamento; ainda não há quem se atreva a diagnosticar com certeza. Mas a história é, sem dúvidas, muito comovente.
O episódio faz revolver minhas lembranças: a História registra a história de um homem incomum que também morreu em Janeiro. Seu nome é Inácio; Inácio … de Antioquia. Antioquia era a cidade mais importante da Síria nos dias áureos do Império Romano. E Inácio era um cristão naquela cidade; era ele quem conduzia a igreja local. Viveu ele 73 anos (35 a 108 da era cristã), e não viveu mais, por assim dizer, porque foi aprisionado por autoridades romanas, para ser levado a Roma, sob sentença. Sua sentença? Bem, algo, digamos, muito "exótico", em se tratando de uma decisão de seres humanos para com um seu semelhante: Deveria ele servir de espetáculo no Coliseu romano, sendo servido de repasto a leões; esses leões eram deixados certo tempo sem comida, para não se correr o risco de entrar no Coliseu, com carne humana à sua frente e, enfastiados, frustrarem a multidão sequiosa pelo "espetáculo". Foi assim que Inácio morreu! Ao contrário das vítimas do "Liberdade", com dia e hora marcados. Na trajetória a Roma, escoltado pelos militares romanos, Inácio teve permissão para escrever cartas – foram sete. E suas cartas se transformaram num verdadeiro legado de confiança, fé e testemunho. Escreveu ele a cristãos de 6 cidades, além da carta dedicada ao seu amigo, Policarpo, pastor em Esmirna. Mesmo sabendo que caminhava para a morte, Inácio incluiu em suas cartas várias recomendações, vários ensinos. Além disto, encarando a sua morte eminente como sua passagem, gloriosa e ansiada, à presença do Deus Altíssimo, confortava ele os irmãos. Eu disse isto? "Confortava ele os irmãos"? Disse! É isto mesmo!!! Quem haveria de morrer era ele, mas confortado Inácio já estava. Os irmãos, que o amavam, e que ficariam, é que recebiam dele o conforto. "Serei comido pelas feras; é o meu meio para alcançar a presença de Deus! Sinto-me como o grão de trigo e, pelos dentes das bestas-feras, me tornarei pão para com Cristo, meu Senhor!" Enquanto seguia, de Antioquia (Ásia) a Roma (Europa), sua mensagem de vida aos demais cristãos era : "Se não os ver de novo, por aqui, vê-los-ei por lá; apenas, me antecipo a vocês ! " Possivelmente, há diferenças entre Inácio e o que se relata das vítimas do "Liberdade" (um sugestivo nome, diga-se de passagem, para um edifício fadado a desabar).Inácio não temia sua partida (até a aspirava)…
- Inácio tinha certeza daquEle a quem veria, e com quem estaria, além…
- Inácio reputou a maneira como Roma o condenou, por causa da pregação do evangelho, uma oportunidade para seu testemunho…
- Inácio se despedia dos cristãos, pelas cidades por onde passou em sua via-crucis (maneira de dizer, porque não foi crucificado), acenando para eles a esperança de vê-los de novo, além…
Esta esperança foi também ostentada pelo apóstolo Paulo, com o que ele nos infunde igual esperança: Em Atos 20.25 ele se despede de irmãos de Éfeso dizendo : eu sei que não vereis mais o meu rosto… mas no mesmo texto, encoraja os irmãos com a "herança bendita"; em Colossenses 1.27, ele encoraja os irmãos com a esperança da glória, que é Cristo; a Tito, ele encoraja, encomendando a bendita esperança e manifestação da glória… (2.13) a Filemon, quando no estado de suia detenção, anima com palavras de reconhecimento, devido ao conforto que recebeu pelo testemunho do amigo e irmão a Timóteo, prevendo o martírio que em breve, de fato, se lhe sucederia – "estou sendo oferecido por libação, e o tempo de minha partida é chegado" (2ª epístola, 4.6), ainda encontra razões para encorajar outros irmãos, além do próprio Timóteo. Parece-me isto tudo um conjunto de considerações que demanda estado de prontidão para a hora, seja ela qual for. Inácio, Paulo, sabiam da iminência de seus momentos derradeiros. A maioria de nós não sabe. As vítimas do "Liberdade" nem sonhavam com isto. Isto não muda muito o quadro.
Me lembro do presbítero Cristiano Pereira, muitos anos atrás, lá em Governador Valadares, a relatar um dos períodos críticos em que acompanhava ele o filho, Esdras, no Hospital Evengélico, em Belo Horizonte. Esdras, ainda jovem, estava sofrendo com uma osteomielite, com o que, dentro em pouco, partiria para seu Senhor. E seu Cristiano, num dos seus relatos, contava mais ou menos assim: "Meu filho tem passado por períodos de dores terríveis. Mas tem uma coisa curiosa que acontece, que só Deus pode explicar, porque só Ele pode fazer: as pessoas vão lá visitá-lo, e levar conforto; depois, saem de lá dizendo que eles é que foram confortados ". A verdade que não muda é aquela que incluiu Paulo, durante sua prisão em Roma, em sua carta : "Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor." (Filipenses 1.23-25). Para quem desfruta desta mesma esperança, não há surpresa, não há "hora errada", não há "erro de agenda". Se havia alguém com esta mesma esperança no "Liberdade", agora sua alma se encontra em gozo na presença do Cordeiro. E, cá entre nós, na presença do Cordeiro há um gozo que, do lado de cá, jamais conheceremos de fato; só em pequenas amostras ! Então, se eu for antes de algum de vcs, que me lêem, "há um outro lugar de encontro, perene, nalgum lugar dos céus, bem ao lado do Rio da Vida"! Nos vemos lá, ok ? Se for antes algum dos que me lêem, da mesma forma, então, fica combinado : nos vemos lá !… Aliás, esta é a poesia de Albert Brumley, escrita ainda nos dias de todas as incertezas e dores do final de Segunda Guerra Mundial. Ouça e acompanhe o texto, na voz "de algodão doce" de Cynthia Clawson…
IF WE NEVER MEET AGAIN … (1945)
Se Jamais Nos Vermos de Novo …
Albert E. Brumley (1905-1977)
Soon we'll come to the end of life's journey
Logo nós chegaremos ao fim da jornada da vida
And perhaps we'll never meet anymore
E talvez jamais venhamos a nos ver de novo
Till we gather in the heaven's bright city
Até que nos reunamos na brilhante cidade celestial
Far away on that beautiful shore
Lá, distante, naquela bela praia
If we never meet again this side of heaven
Se jamais nos vermos de novo cá, abaixo do céu
As we struggle through this world and its strife
Enquanto lutamos neste mundo e seus embates
There's another meeting place somewhere in heaven
Há um outro lugar de encontro, nalgum lugar dos céus
By the side of the river of life
Bem ao lado do Rio da Vida
Where the charming roses bloom forever
Onde as encantadoras rosas florescem perenemente
And where separation comes no more
E onde a separação jamais nos ocorre de novo
If we never meet again this side of heaven
Se jamais nos vermos de novo cá, abaixo do céu
I will meet you on that beautiful shore
Eu te encontrarei naquela bela praia
Where the charming roses bloom forever
Onde as encantadoras rosas florescem perenemente
And where separations come no more
E onde separações jamais ocorrerão de novo
If we never meet again this side of heaven
Se jamais nos vermos de novo cá, abaixo do céu
I will meet you on that beautiful shore
Eu te encontrarei naquela bela praia
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Bom Domingo, boa semana,
Ulisses.
Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional