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N° 40 : “TAMBÉM NAS SOMBRAS…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 08 de Janeiro de 2012

A atual condição climática do sudeste brasileiro está produzindo um notável contraste com a  região sul. Está fazendo lembrar os anos 1985 e também 1979. Vejo duas manchetes na mídia de ontem: Primeira: "Mais de 100 municípios gaúchos se encontram em estado de emergência, por causa da seca". Segunda: "Mais de 100 municípios mineiros se encontram em estado de emergência, por causa das enchentes". Que contraste! Fartura de água por cá, escassez por lá! Não parece contradição? Isto me fêz lembrar João Batista de Figueiredo, quando assumiu a presidência do país, em 1979: "Nós vamos precisar muito aprender a distribuir a renda, no nosso país, já que 'papai do céu' não aprendeu a distribuir as chuvas " (sic). Que blasfêmia!

   Que tal examinarmos um registro do Livro de Deus? Por exemplo, um registro do livro de Jó, dentro daquele Livro de 66 livros… Jó, você sabe, foi um personagem singular da história. Desafiou a Deus quando sob sofrimento, pensando que Deus deixara de ser justo, tornando-se injusto com ele – Jó. Deus, em sua maravilhosa compreensão, se deu ao trabalho de ouvir tudo quanto Jó tinha prá dizer, e depois lhe falou, num discurso de intrigantes perguntas, que fizeram calar a Jó,e fizeram-no proclamar algo sublime (Jó 42.1-5). Entre as queixas de Jó, entremeadas com as falsas insinuações de seus três amigos sobre o caráter de Deus, e esse discurso divino, há um discurso intermediário. Trata-se de alguém que falou em nome de Deus, um profeta, um tipo de Cristo, assim eu creio. Seu nome era Eliú. Esse nome significa "o meu Deus é Ele", apontando para Yahweh (Ex 3.14).  Eis o que ele disse: "Sobre isto treme o meu coração e salta do seu lugar. Dai ouvidos ao trovão de Deus, estrondo que sai da sua boca; Dai ouvidos ao trovão de Deus, estrondando que sai da sua boca; ele o solta por debaixo de todos os céus, e o seu relâmpago, até aos confins da terra. Depois deste, ruge a sua voz, troveja com o estrondo da sua majestade, e já ele não retem o relâmpago quando lhe ouvem a voz. Com a sua voz troveja Deus maravilhosamente; faz grandes coisas, que nós não compreendemos. Porque ele diz à neve: Cai sobre a terra; e a chuva e ao aguaceiro: sede fortes. Assim, toma ele inativas as mãos de todos os homens, para que reconheçam as obras dele." (Jó 37.1-7) E nós, que costumamos comentar sobre as ocorrências do tempo, não raras vezes como se criticando um "sujeito oculto" ("São Pedro", quem sabe, ou Deus, veladamente), sem nos apercebermos de que a mão de Deus, o Altíssimo, o Onipotente, está sob, sobre, à frente e por trás de tudo?

   Ao tomar conhecimento das desastrosas (e penalizadoras, no sentido de causar pena das vítimas), em contraste com o que se vê lá no sul, é possível que deixemos escapar expressões tais que:"Quem é que entende?" Eu sei que há uma interação misteriosa entre os desígnios do Eterno e a ação do homem. Por isto, temos que reconhecer que não temos sido – nós, os humanos – bons administradores, muito menos bons usuários temporários da Criação divina. Mas o que é pior: costumamos nos esquecer de que há um propósito divino por trás da consecução dos Seus propósitos, o que inclui as ações pelas quais o homem é o [ir]responsável. Esse propósito está explícito no último verso do texto selecionado acima: "Assim, torna Ele inativas as mãos de todos os homens, para que reconheçam[os homens] as obras dEle [Deus]".

  • Temos muito o que aprender sobre Deus…
  • Temos muito o que aprender com Deus…
  • Temos muito o que aprender de Deus…

   Cada preposição que uso acima, em três distintas sentenças, tem objetivo também distinto. "Sobre" Deus, isto é, do Seu Ser, do Seu caráter, das Suas virtudes, dos Seus atributos. "… a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz."( I Pedro 2.9 ) 
"Com" Deus, isto é, andando com Ele, imitando-O."Portanto, sede vós perfeitos, como perfeito é o vosso Pai Celeste." (Mateus 5.48)
"De" Deus, isto é, da parte dEle, pelos meios que Ele próprio estipulou, para dar-se a revelar a Si mesmo. Ele se nos dá a revelar, a Si mesmo, nas Suas obras (a Criação, e a história dela, é uma de Suas obras); na pessoa do Seu Filho (é Jesus Cristo) e, didaticamente (em Seus propósitos), na Sua Palavra. "Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis." (Romanos 1.20)
 "Porque ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito [ o Filho – Jesus Cristo], que está no seio do Pai, é quem o revelou." (João 1.18)
 "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra." (II Timóteo 3.16,17)

   "Papai do céu" não deixou de saber, não desaprendeu a distribuir bem as chuvas, como impropriamente disse Figueiredo. Ao contrário, Ele sabe muito bem de tudo, sabe muito bem o que faz. Como diz o verso 5 acima, em Jó – Ele faz grandes coisas, que nós não compreendemos. Mas o Seu propósito está proclamado – basta ter olhos para ler, e ouvidos para acolher: Quer Ele que os homens O conheçam, e O reconheçam. Aquele que teme ao senhor, pode andar sob qualquer situação, pois pode dizer, como no hino:
   "Quando as sombras o meu céu toldarem
   Mesmo que o sol não possa ver
   Em Jesus encontro meu refúgio
    Nas tormentas deste meu viver…"

   Que a aparência de contradição não nos deixe iludidos, não nos deixe confundidos. Que saibamos conhecê-lO, e reconhecê-lO, para O temermos de coração devotado.

  Em 1918, um pastor presbiteriano desligou-se amistosamente da sua denominação no Canadá, e fundou a People's Church em Toronto. Tornou-se aquela uma igreja devotada a missões cristãos no mundo inteiro. Oswald Smith era também um poeta. Entre hinos e poemas, contam-se cerca de 1200 as suas produções. Entre elas, "God Is In The Shadows". Quando Oswald Smith vendeu um volume para Zondervan Publications, com suas 210 primeiras composições, aplicou todo o recurso líquido na obra missionária.

O hino escolhido hoje, cantado em uma de suas versões em Português, às vezes causa certo escrúpulo por causa do estribilho. Entretanto, posso afirmar que ao dizer "Deus está nas sombras", com toda a certeza o autor não pensava em expressar uma ideia panteísta. Ao contrário, ele, que conhecia o verdadeiro Deus, expressava sua convicção, baseada na Palavra e em toda a revelação divina, como também experienciada num viver comum, de aflições e angústias, mas de convicção de que Deus nos acompanha também em meio às "sombras da vida". Fique com o hino abaixo:

God is in the Shadows (1938)
DEUS ESTÁ NAS SOMBRAS

Oswald Jeffrey Smith (1889-1985)

1. Se da noite as sombras te cercarem, 
   E a obra finda parecer,
   Amanhã risonho, Deus promete, 
   Sem mais nuvens negras a temer.

CORO: Sombras, Deus está nas sombras;
      Firme é Seu amor em cuidar de nós. 
      Sombras, Deus está nas sombras;
      Não nos deixará lutar em dor, a sós.

2. Se a Jesus anelas ver nas sombras,
   Se anseias dele Seu amor,
   Hás de achar o Salvador ao lado,
   Um constante amigo e protetor.

3. Quando as sombras o meu céu toldarem, 
   Mesmo que o sol não possa ver,
   Em Jesus encontro meu refúgio,
   Nas tormentas deste meu viver.

"Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque eu sei que tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam" (Salmo 23.4)

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional