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N° 136 : “UMA NOVA PAIXÃO…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 29 de Dezembro de 2013

E agora, como é que eu vou fazer? Como é que vou ter meu carro de volta? E minha casa – como é que eu faço? Agora, é trabalhar para arrumar dinheiro para pagar as dívidas !…  Inconformadas, estas foram algumas das indagações, ou decepções ouvidas poucos dias atrás. Bem! Não sou adepto de transportar coisas do mundo do futebol para reflexões espirituais. Tampouco me importa se o ocorrido é com clube “A” ou “B”, ou com rival de qualquer um. Vou ilustrar uma verdade com o  fato ocorrido, sem me imiscuir nas razões das paixões que o esporte suscita. Estou retratando frases típicas da desilusão de parte da torcida de  determinado clube brasileiro, que, segundo a imprensa,  vendeu bens, penhorou,  contraiu empréstimos, reverteu recursos de outros fins (até de bolsa de estudos no  exterior, como no caso de um estudante universitário), para acompanhar seu clube do coração até outro continente, para assistir partidas de ocorrência histórica. Só que seu clube do coração perdeu uma partida que o eliminou antes do tempo que imaginava…

Poderia ser com qualquer outro (inclusive, com seu maior rival); não é isto que vem ao meu caso. Como disse, não é a perda (ou a vitória, se tivesse ocorrido), ou o momento ímpar, ou a rivalidade que me interessa focalizar aqui. O que me interessa é refletir nesse tipo de paixão, que se libera a comprometer bens (às vezes duramente conquistados), comprometer ganhos futuros (às vezes, ainda não assegurados), a reputar tais dotes como secundários (às vezes ainda não usufruídos), em troca da satisfação de uma paixão efêmera. E não é que isto é estimulante ao cérebro e ao coração?… Não é que merece copiar?…  Não é que isto impele a determinado tipo de admiração?

O ano vai se acabando. Um outro, novinho em folha, vem vindo à frente. Por quantas coisas pudemos, nós, durante o ano, fazer algo parecido com o que aqueles torcedores fizeram? Pelo que pagamos um preço de renúncia, com padrão semelhante? Com que o nosso coração se apaixonou, a ponto de abrir mão de itens importantes, em troca do que tivera (ou tenha) importância maior? Em que se tem colocado o anseio do nosso coração?

À luz deste fato tão inusitado, pense um pouco nas palavras da seguinte passagem bíblica: “Busquem, pois, o Reino de Deus, e essas coisas lhes serão acrescentadas. Não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-lhes o Reino. Vendam o que têm e dêem esmolas. Façam para vocês bolsas que não se gastem com o tempo, um tesouro nos céus que não se acabe, onde ladrão algum chega perto e nenhuma traça destrói. Pois onde estiver o seu tesouro, ali também estará o seu coração" (Lucas 12.31-34, NVI). Caso você não tenha tanta familiaridade com a Palavra  de Deus, eu informo: Quem disse estas palavras foi Jesus Cristo. Você consegue notar algo parecido com a atitude dos torcedores? Estes, desfazendo-se de bens, “investiram” em sua grande paixão. No caso do texto, Jesus fala aos que receberam a dádiva do Reino que jamais terá fim, no lugar de glória e gozo inauditos, que troca semelhante é recomendada. Se o tesouro de uma pessoa está naquele Reino inigualável, se ele é a sua paixão maior, se sua alta estima (eu não disse “auto estima”) está no Rei daquele Reino celestial, todas as demais coisas desta vida serão secundárias: casa, carro, lazer e prazer (inclusive, com um clube de futebol), e tudo o mais. Isto é precisamente o contrário do que a ‘correnteza’ dos tempos contemporâneos arrasta, com seu fortíssimo apelo epicurista, hedonista, ansioso de prazeres e deleites.

Para uma melhor apreciação da analogia que proponho, lembro ainda uma brevíssima parábola do Mestre por excelência: “O Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo.“ (Mateus 13.44, BCF).  Onde esteve o seu tesouro, no ano findo?  Pelo que você esteve disposto a renunciar, em troca de valor mais sublime?  

Um dia, um dos que seguiam a Jesus – precisamente o galileu Pedro – direcionou ao Divino líder pergunta semelhante  à que fazem muitos  dos torcedores brasileiros desapontados: Mestre, eis que deixamos tudo para te seguir; que será de nós? É didático atentar na resposta do magnânimo mentor: “Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna.   “ (Marcos 10.29,30, ARA). Faço uma proposta: no ano próximo, que tenhamos a disposição de eleger os valores do Reino de Deus, sublime e eterno, como os valores mais altos a cultivar no dia a dia da existência, estando também dispostos a colocá-lo acima de todos os demais valores cultivados e apreciados, mesmo que apaixonadamente, no tempo presente.  Que o novo ano seja um tempo para descobrir (e apreciar, com as veras d’alma) as profundidades e as riquezas daquele Reino. Que seja uma nova 'paixão', a maior!

A melodia que deixo serve para momentos de reflexão e oração. Trata-se de um dos belíssimos hinos de Jessie Pounds. Jessie, esposa do Pastor John Pounds, era pessoa de frágil saúde desde a infância; assim, não chegou a completar 60 anos de idade. Autora de mais de 400 hinos, diversas cantatas e nove livros musicais, compôs ela o hino quando, num dia de prostração pela limitação da enfermidade, começou a pensar no céu, no reino celestial. A leitura de Apocalipse 21, naquele dia, lhe trouxe palavras ao coração, que traduziram-se no hino. A letra do hino fala daquele lugar maravilhoso, almejado, onde brilha o sol, cantam pássaros, onde Deus habita e nenhuma enfermidade ou tristeza penetra; lugar onde impera o gozo, a verdade, onde viveremos feitos novas criaturas; lugar onde está o nosso coração, porque é onde está o nosso tesouro, e onde os anjos nos aguardam com festa. 

BEAUTIFUL ISLE OF SOMEWHERE (1896)
Bela Ilha de Alhures
Jessie Brown Pounds (1868-1921)

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Abraços, até próximo Domingo (Feliz Ano Novo!), se Deus quiser (Tg 4.15)
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional'