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N° 113 : “AO TEU LADO”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 14 de Julho de 2013

Para tratar do assunto de hoje, muito melhor seria alguém que tivesse bem mais que os singelos 31 anos de casado que tenho; no mínimo, uns quarenta. Dia desses, minha filha me mandou, por instrumento virtual, cópia do boletim dominical de sua igreja em SP. A matéria de capa realmente chamava atenção, e chamaria a de qualquer dos eleitores fortuitos do "O  Bem & o Mal, a Cada Dia"; confira aí :
Aprendi que 75 anos eram Bodas de Diamante. Depois me corrigiram: são Bodas de Brilhante. Não entendo de joias, mas sei bem o que é o tempo, mais precioso que tudo. Iracy (16 anos) e eu (17) conhecemo-nos num piquenique. Ela, católica tradicional, acomodada; eu, ateu ignorante a proclamar orgulhosamente minha incredulidade. Dia 5 de maio de 1938, casamo-nos… na Igreja de Santa Cecília com um padre que deve ter dito coisas lindas… em latim.

Nossa primeira residência e primeiro lar foi na casa da mãe dela, onde vivemos (muito bem) durante cinco anos. Meses depois de casados (07/01/1940), alcançado pela graça de Deus, fiz minha profissão de fé na Igreja Presbiteriana Unida, com o Rev. Miguel Rizzo Jr. Ninguém se opôs e muitas bênçãos nos foram acrescentadas. No mesmo mês, veio o primeiro filho (Jair), até hoje fiel à fé, com 73 anos de idade. Depois, duas filhas, Júnia e Jânia, ativas em suas comunidades.

A descendência seguinte veio toda do filho, todos integrados em suas igrejas. Família atual: três filhos, quatro netos e cinco bisnetos. Dos adultos, apenas dois não estão ligados a nenhuma igreja. Aguardam, inconscientemente, o lampejo divino que já atingiu todos os demais. O Tempo de Deus usa calendário diferente daquele que usamos.

Indagam-me muitas vezes: é fácil viver juntos três quartos de século? Tudo é fácil e é irremediavelmente difícil. Entra aí a arte de fazer concessões: duas pessoas nascidas e criadas em lares diferentes, com ocupações e interesses diferentes só podem harmonizar-se com o cultivo da difícil arte da paciência. Já me perguntaram muitas vezes: durante 75 anos vocês nunca se desentenderam? Claro que sim! Desentendimento é exercício de ajustes e de paciência. Não se parece nem de longe com desavença, fruto de orgulho e incompreensão. Tardiamente (e em tempo), aprendemos a concluir a existência de cada dia com orações de mãos dadas. Nenhum sortilégio, apenas o aquecimento físico para reforço do aquecimento espiritual. Tudo isso não constitui exemplo para ninguém. É simples exercício espiritual para quem só tem recebido bênçãos e aguarda tranquilamente o glorioso encontro espiritual. É fácil ser feliz.

Jurandy Mendes

A primeira de todas as instituições divinas para a humanidade está na "UTI", hoje. Ou, talvez, precisando ali ingressar. Sabe-se lá desde quando, porque não é de hoje… Há exceções, mas parece que a regra é desse jeito.

Identificação de sintomas não é tanto problema; dificuldade maior é a identificação da etiologia. Na medicina, a etiologia se dedica a buscar as causas dos sintomas, das enfermidades. Entre os sintomas, basta apontar  os mais óbvios:

  • Efemeridade – A duração dos casamentos está se mostrando mais curta; "até que morte nos separe" parece ser, cada vez mais, uma peça retórica indispensável apenas ao rito de celebração. Pior que isso, a efemeridade parece estar sendo, nos tempos atuais, não apenas um fato indesejável a ocasionar-se ao depois , mas também uma possibilidade factível a considerar-se antes…
  • Ilusionismo – "Casamento é o seguinte : Quem tá fora, quer  entrar; quem tá dentro, quer escapar  "! Esse adágio popular já está virando piada na boca até de casados de mais longa data. Suspeito que ele surgiu para demonstrar quão iludidos são os jovens quanto à vida de casados. Não que o casamento seja uma decepção, em si. Mas é muito provável que as ilusões, construídas na base da imaginação, das novelas, dos filmes, do ficcionismo de todas as fontes, tragam grandes desapontamentos diante da realidade vivenciada…
  • Descompromisso – O compromisso que se assume, em forma de votos, muito especialmente diante da autoridade em nome de Deus (o instituidor) não tem sido levado tão a sério pelos cônjuges, com pouco passar de tempos. Parece que, à medida que o tempo passa, o esquecimento dos compromissos assumidos vem com mais rapidez, o que faz pensar que a leviandade nos firmar compromissos tem sido maior do que se pensa, ou se pode prever…  
  • Tensão – Não há menor dúvidas de que a contemporaneidade é fonte crescente de tensões. A humanidade inventou um modus-vivendi  que não tem como se livrar das tensões, cada vez maiores. E a vida conjugal parece ser o alvo predileto dessas tensões…
  • Desrespeito – É fato indubitável que a convivência facilita o conhecimento mútuo; o conhecimento mútuo facilita a familiaridade; a familiaridade facilita a intimidade; a intimidade é uma estrada ampla e convidativa para o desrespeito. Com passar de pouco tempo, é fácil ver o número de oportunidades que a intimidade cria para desrespeitos entre cônjuges. E o pior que o número dessas oportunidades 'aproveitadas' é bem maior do que deveria (ou poderia) ser, considerados  os limites suportáveis de tolerância…
  • Egoísmo – Um dos mais nefastos sintomas da necessidade de 'UTI' para o casamento 'pós-moderno' é o prevalecimento das expectativas de que a vida conjugal seja uma experiência "libertadora" e, quiçá,  fornecedora de auto-satisfação. É uma questão de matemática: no numerador, a auto-satisfação; no denominador, a satisfação do cônjuge. Desastradamente, o egoísmo no trato de esposos para com esposas, e de esposas para com esposos, quando vistos com o 'Raio-X' apropriado (Deus é quem o tem), mitiga o sentido da sublime instituição divina. Aliás, ultimamente nem tem sido muito necessário o "Raio-X"…   
  • Desvios comportamentais – Esposos que deixam de exercer o papel que lhes cabe, e esposas que deixam de exercer o papel que lhes cabe, é outro sintoma típico da deterioração matrimonial; não só por omissão, mas também por nefanda opção tortuosa…

Não há tanta dificuldade em identificar sintomas (e há outros, certamente); não tanto quanto causas, porque, quem está casado os conhece; e mesmo quem não está já os percebe bem mais, hoje em dia. No geral, quem não é casado, mas quer se casar, se encaminha ao evento sob a resoluta sensação de que seu caso será diferente. Prejulga que ele e seu  "pombinho" (ou "pombinha") estarão entre as exceções, pelo resto da vida… Ou, do contrário, já partem para as núpcias com o pensamento de que, se não der certo, é só terminar e começar de novo. Como celebrante de alguns casamentos, tenho suspeitado de que o descaso de certos número de nubentes quanto ao seu pedido de bênçãos e seus compromissos, no ato da celebração, com o passar dos tempos tem se mostrado um acinte não apenas para com o celebrante mas, principalmente para com Deus, a Quem o dito tem a incumbência de representar.

Entre as causas, embora com um pouco mais de dificuldade em diagnosticar, podemos apontar:

Despreparo! A sociedade deseduca, e os núcleos da sociedade com a incumbência de preparar não conseguem enfrentar a contra-maré; refiro-me aos pais e outros ancestrais, refiro-me aos ministros de Deus, refiro-me à escolas, e assim por diante. Infelizmente, parece que, se nossos pais falharam em nos dar um preparo adequado para o casamento, nem podemos criticá-los, porque também temos falhado. Ignorância! Por conta disso, e também por conta de um certo grau de negligência, lastimavelmente favorecido com a sensação de que basta o amor (Ah! O amor é lindo!Mas, que espécie de "amor"?). Jovens adentram ao casamento sem saber ao certo o que é, como é, e como conduzi-lo. Egoísmo!  Ah! Eu sei…  Já falei que isto é sintoma; alguém há de requerer-me coerência, e não repetir desse outro lado. Então, me dá licença para repetir, porque, se é sintoma, é causa também. É um defeito (natural, quer dizer, da nossa natureza) de personalidade que precisa ser combatido desde a infância. Porque a virtude do altruísmo não é natural em nós, pecadores desde o berço; precisa ser plantada, cultivada e nutrida. Irresponsabilidade! Eis aí outro defeito de personalidade, o qual faz com que votos e compromissos sejam quebrados sem a menor cerimônia. Ah! Dirá alguém, mas isso nunca ocorre à toa, sem circunstâncias ! E é verdade. Então digamos que nem todas as rupturas sejam "sem a menor cerimônia", e que algumas ocorram sob certas cerimônias. Imaturidade! Praticamente todos nós, que iniciamos a vida conjugal, somos imaturos (embora uns mais que os outros). Não há como escapar disso. Mas há como escapar de permanecer na imaturidade por tempo tão dilatado que comprometa a própria sobrevivência conjugal. Arrogância! Se deixarmos que as aspirações pessoais fiquem no cimo por muito tempo, esse contexto logo dará lugar à arrogância. E a arrogância é uma causa letal de qualquer tipo de convivência humana, não só o casamento.  

Bem! Sei que há mais causas, e que, se um bom número de casais estivesse disposto a responder uma enquete, teríamos um retrato muito mais preciso.

E agora? O que fazer? Para onde ir? Que tal assistir uma série de casamentos, sábados seguidos? Não têm, todos eles, as fórmulas seguras para os casamentos darem certo? E por que muitos, cada vez mais, não dão certo? Talvez, porque somos bons aprendizes-teóricos e maus aprendizes-praticantes. E, porque somos maus praticantes? Por causa do "cabresto solto". Desculpem a comparação grotesca, mas se aprendemos dos ensinos do Divino Mestre tudo quanto nos importa para minimizar os riscos dos desacertos da vida, e não colocamos em prática, é porque andamos de "cabresto solto". Podemos até dizer que é Ele quem nos governa, que Deus é quem conduz nossas vidas (inclusive conjugais, e para isto O buscamos perante um altar); na verdade, nós mesmos nos governamos. Dizemos a Ele – Senhor, Senhor! Mas, Ele olha do céu, a um tempo com condescendência e a outro com decepção, e diz, lá na convenção celestial: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que dizem!" 

O "seu" Jurandy e a dona Iracy, aos setenta e cinco anos de casados, dão uma lição a nós outros, ao grudarem as mãos perante o Todo-Poderoso, em oração de santa cumplicidade. Conheço outros que também têm lá suas lições a dar (embora, cada vez mais raros). Para tudo o que eu afirmei atrás há pelo menos uma passagem bíblica pertinente. Mas, como já estamos na Segunda, e a mensagem ficou mais longa que eu esperava, fiquem apenas com uma passagem, pertinente, muito pertinente; pequena, mas sugestiva:
"Três dias depois, houve um casamento… Jesus também foi convidado… para o casamento! " (João 2.1,2, ARA).

O hino de hoje é um clássico. A certeza de sua autoria é inexistente, e a época do seu surgimento é atribuída à segunda metade do século 19, certamente de origem afro-americana.
Te convido a fazer a mesma prece do hino – Ao Teu Lado Quero Andar…
Se dois andarem ao lado de Jesus, no casamento, conseguirão andar juntos, um do outro!

JUST A CLOSER WALK WITH THEE
AO TEU LADO QUERO ANDAR  

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional