Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 14 de Outubro de 2012
Alfred Nobel (1833-1896), químico e industrial sueco, deixou grandes realizações em vida. Foi ele o inventor de um poderoso explosivo, que idealizou para fins industriais e tecnológicos (principalmente em exploração de riquezas minerais), o qual ganhou o nome de 'dinamite'. Mas desgostou-se, ao perceber que o principal uso de sua invenção passara a ser para fins não pacíficos. No seu testamento, deixou uma significativa fortuna para a criação da Fundação Nobel, cujo fim seria premiar, anualmente, pessoas que fizessem importantes pesquisas, descobertas e avanços, para benefício da humanidade. E assim, a cada Outubro, são escolhidos os destacados, para serem premiados em Dezembro.
Neste ano, o Nobel da Paz não foi para uma pessoa; alguns denunciam a conversão em fins políticos do ideal do fundador, nesta ocorrência, porque esse Nobel acabou dedicado à "União Européia". No mundo inteiro, um dos nomes mais lembrados e marcantes pelo Nobel da Paz é o de Martin Luther King, Jr (1929-1968). A cada ano, lembra-se dele. Foi ele o mais jovem ganhador desse prêmio, no ano de 1964, aos 35 anos de idade (foi assassinado aos 39). O feito que lhe deu a merecer, aos olhos do comitê da fundação, foi a campanha deflagrada em solo americano, pela igualdade de direitos civis das minorias marginalizadas, especialmente os cidadãos de pele de cor escura. No dia 28 de Agosto de 1963, nos degraus do Lincoln Memorial, em Washington (DC), King pronunciou seu famosíssimo discurso, iniciado com as palavras I have a dream! ("Eu tenho um sonho!"). Seu "palco" foi a céu aberto, e a platéia tinha simplesmente umas duzentas mil pessoas. Esse discurso foi eleito o mais importante de todo o século XX, no mundo. Por causa da campanha, sua vida passou a estar em risco. Quando lhe perguntavam – você não teme ser morto? … ele respondia : Se você não se erguer pela justiça, sua vida já acabou, ainda que chegue aos noventa! Costumava ele afirmar que quem guardava sua vida era um só – seu Criador divino, seu Deus e Senhor…
No século XVI, outro Martin Luther estava ameaçado de morte, por causa da Reforma cristã na Alemanha. Quando, às vésperas de uma assembléia imperial, em 1526, Lutero se encontrava sob o interdito imperial (poderia ser morto por qualquer um, em nome do imperador), seus amigos lhe disseram : – Lutero, não vá à dieta imperial; estão preparando várias emboscadas para tirar-te a vida… E ele respondeu: – Ainda que haja mil demônios nos telhados das casas, entrincheirados para tirar-me a vida, ainda assim eu vou; Deus é meu refúgio e fortaleza [em alusão ao Salmo 46]. E assim nasceu o hino conhecido como a Marselhesa da Reforma, o Castelo Forte. Lutero sabia que sua vida estava guardada nas mãos do Seu Criador, seu Deus, e só nessas mãos. Só este era o seu rochedo e fortaleza, como diz o salmo.
José, filho de Jacó, teve também um sonho (aliás, dois). Isso está em Gênesis 37. Sonhos eram uma forma ocasional de Deus revelar conhecimentos proféticos a alguns poucos dos filhos de Deus, naqueles tempos primordiais. Nesses sonhos, José foi prevenido de que ele seria escolhido por Deus para uma missão importante à frente de seus pais e irmãos. Por causa daqueles sonhos, sua vida correu alto risco: os versos 20 e 21 desse capítulo registram o consenso entre os irmãos de José, para tirar-lhe a vida. Lemos que Rúben, o irmão mais velho, foi aquele que Deus escolheu e guiou para "livrar José das mãos deles" (veja o verso 22). Sendo escondido numa cisterna vazia e seca, e depois vendido aos mercadores itinerantes rumo ao Egito, eis a forma como Deus ocultou seu escolhido sob Si mesmo, para futura redenção da casa de Jacó.
Eu pergunto: O que há de comum entre José "do Egito", Martinho Lutero, Martin Luther King, Jr., eu, e você, que me lê? À primeira vista, sob uma rápida reflexão, diríamos : nada! "Cada um no seu quadrado", para, toscamente, ilustrar com uma expressão bem popular e recente. Mas, acrescentarei, sob esta hipótese: ledo engano… Como disse em hino Fanny Jane Crosby (1820-1915) – "He hideth my soul in the cleft of the rock , that shadows a dry, thirsty land !" ("No abrigo da rocha me esconde ao calor, em árida terra de sol !"- versão típica em Português, em vários hinários) Como disse também Augustus Montague Toplady (1740-1778) – "Rock of Ages, cleft for me, let me hide myself in Thee!" ("Rocha eterna, abra-te por mim; permita-me refugiar-me em Ti!"). Se a nossa vida for, em alguma medida e extensão, semelhante à deles, também precisamos (e muito) de um rochedo de refúgio (e não de vez em quando, apenas)… E esse rochedo seguro, para nos abrigar quando necessário (e não é de vez em quando, apenas), é Deus! Só Deus! Somente Ele!!
O salmo que 'inspirou' Martinho Lutero diz: "Deus é nosso refúgio, nossa fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos, ainda que a terra se transtorne, e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem, e na sua fúria os montes se estremeçam. … Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra. O Senhor dos exércitos está conosco, o Deus de Jacó é o nosso refúgio [a nossa Rocha Eterna]" (Salmo 46.1-3, 10,11, versão ARA modificada).
Ele continua sendo, para sempre, a Rocha eterna em quem podemos nos refugiar. Seja para abrigo no 'escaldante deserto', no qual a vida, por vezes, se converte… Seja para abrigo na 'hora do temporal' (que às vezes dura muito mais do que uma hora literal), no qual, não raras, vezes, nosso frágil 'tabernáculo' balança, como se fosse sossobrar… Seja na escuridão da noite em meio a uma caminhada arriscada, cheia de perigos e tocaias… A "Rocha" está ali… Podemos orar e clamar – "Me esconda em ti!" Porque Ele é nosso refúgio e fortaleza "O SENHOR é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio; o meu escudo, a força da minha salvação, e o meu alto refúgio." (Salmo 18.2, versão Corrigida e Revisada Fiel). Este salmo foi composto por Davi quando de severa perseguição pela qual passou, não apenas por inimigos vários, mas também naquela desencadeada pelo próprio rei Saul. Segundo o relato bíblico, Deus o livrou da mãos de todos os seus inimigos, ainda que isto tenha durado bom tempo, e custado muitas angústias. Andou errante, havendo precisado, muitas vezes, se esconder nas cavernas dos rochedos. Isto lhe mostrou quão "seguro Rochedo de refúgio" é o Senhor.
Luther King se expôs, e tinha a Deus por Sua Rocha de refúgio… Toplady se expôs, e tinha a Deus por Sua Rocha de refúgio… Lutero se expôs, e tinha a Deus por Sua Rocha de refúgio… Davi, o salmista, tinha a Deus por sua Rocha de refúgio… José do Egito também… Eu tenho essa Rocha de refúgio… Você o tem? Ele é o mesmo, ontem, hoje, e o será eternamente… Ou será que você prefere confiar em si mesmo? Ou, quem sabe, prefere confiar em outros semelhantes?
Nosso hino de hoje lembra essa metáfora bíblica. O autor de sua letra é um tanto desconhecido. Seu nome pode até ser um pseudônimo. Consta do "Primitive Baptist Hymnal" e do hinário de antigas versões da KJV (King James Version). Diz-se que ele, por alguma experiência semelhante à que passou Toplady (http://ministeriosrbc.org/2012/01/27/escondido-na-rocha/), lembrou-se do Salmo 18, verso 2, e exclamou numa oração o que depois passou a fazer parte da composição. Assim, surgiu esse belíssimo hino, aqui interpretado em língua inglesa pelo Gaither Vocal Band… Com ele, guarde na memória: Só há um rochedo seguro de abrigo para todas as horas : Cristo Jesus, o Verbo divino, a "pedra angular"…
ROCK OF AGES, HIDE THOU ME (1926)
Rocha Eterna, Esconda-me em Ti
L. R. Tolbert (?-?)
Música de Thoro Harris (1874-1955)
Oh! Then I cry – Oh! Rock of Ages, hide thou me!
Oh! Então eu clamo – Oh! Rocha Eterna, esconda-me em ti!
Sometimes I feel discouraged, and I think my work’s in vain
Às vezes, sinto-me desencorajado, e acho que meu labor é em vão
I'm tempted oft[en)] to murmur to grumble and complain
Frequentemente sou tentado a murmurar meus grunhidos e reclamações
Oh! But then I think of Jesus and all he's done for me
Oh! Mas reflito sobre Jesus e tudo o que ele tem feito por mim
Then I cry – Oh! Rock of Ages, hide thou me!
Então eu clamo – Oh! Rocha eterna, esconda-me em ti!
Oh! Rock of Ages, hide thou me!
Oh! Rocha Eterna, esconda-me em ti!
There is no other refuge can save, Lord, but thee…
Nenhum outro refúgio há que possa salvar, Senhor, senão Tu [mesmo]…
And through this dark world , I've wandered far, far from thee
E em meio a este mundo de escuridão, eu tenho vagueado, [por vezes] longe,
longe de ti
Then I cry – Oh! Rock of Ages, hide (dear Lord)
Então eu clamo – Oh! Rocha eterna, esconda-me (amado Senhor)…
Thou (hide thou me) me !!!
Em ti (esconda-me em ti) !!!
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Bom Domingo, boa semana, e até próximo Domingo (se não voltar antes o Senhor Jesus)
Ulisses
Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional