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N° 45 : “ADEUS À CARNE…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 19 de Fevereiro de 2012

 É "carnaval"… Pelo jeito,  tá cada vez pior… "Carnaval" é uma festa de origem pagã ou religiosa? Cristã ou anti-cristã? Vamos pelo começo: O cristianismo medieval, infelizmente, foi se afastando cada vez mais do cristianismo apostólico. Um dos sintomas desse afastamento, foi a incorporação, no "calendário" religioso, cada vez mais repleto de cerimonialismos fúteis, de festejos populares; para tanto, davam-se-lhes feições religiosas. Ora, no mundo grego havia um festejo pagão desde os tempos pré-socráticos. Os gregos celebravam, com oferendas aos "deuses" da fertilidade (do homem e da terra) as suas devoções. E as celebrações eram bastante "carnais". Os romanos, que já gostavam de festas (e como gostavam, principalmente as nababescas), copiaram o costume dos gregos. Os cristãos, seguindo o legado de suas origens hebraicas, consideravam tais festejos duplamente abomináveis a Deus. Mas, eis que veio o período da Idade Média, a "idade das trevas". Por que não transformar o gosto popular em algo útil à religião? E assim, por ordem de um bispo cristão romano, que se considerava maior em autoridade que outros, determinou-se uma adaptação para incorporar o festejo popular ao religioso. Daí em diante, seria uma festa de liberdade, para servir de "preparo" aos "cristãos" à sequência de 40 dias vindouros, o jejum de quaresma. Entre os variados rigores da Quaresma cristã, a exigência da abstenção de carne. Daí o nome – carne (ou caro) + levare (ou levale), que o latim de diversas formas designava, para indicar o "adeus à carne". Desse modo, a festa passou a servir para esbaldar, enquanto não chegava o rigor da abstinência dos quarenta dias. Os bispos romanos mais exigentes passaram a incluir também  outro tipo de abstenção, no período. Daí, a liberdade (ou libertinagem) dos dias antecedentes à Quarta-feira, primeiro dia da Quaresma, o jejum da carne. Parafraseando o célebre Antoine Lavoisier, neste mundo perdido nada se perde, nada se cria, tudo se copia! Então, cristãos nominais das nações ocidentais copiaram a licenciosidade dos gregos e romanos para, com o passar dos tempos, virar isso que hoje se vê. "Que se vê" é maneira de dizer, porque, em verdade, não merece ser visto…

    Os gregos dos tempos imediatamente anteriores à vinda de Jesus ao mundo (e até contemporâneos) se dividiam quanto ao ensino platônico: de um lado, levando ao pé-da-letra a ideia da inutilidade da carne (ou, utilidade meramente temporária), pregavam uma espécie de alienação do mundo, de qualquer tipo de prazer, e uma sublimação rigorosa do espírito – eram os estóicos. De outro lado, rejeitando os postulados platônicos, estava os opositores; estes pregavam que só há sentido na vida se ela for bem aproveitada, regiamente aproveitada, com liberdade franca aos sentidos, ao sensual – eram os epicureus. Para os primeiros, a carne é carcaça descartável; para os segundos, ela é a verdadeira sede das virtudes que merecem ser cultivadas. A propósito, a mentalidade que comanda o carnaval moderno (e o Big Brother, etc… ) é cada vez mais "epicurista"…

   E agora, com quem está a verdade? Se recorrermos à Fonte da Verdade, necessário será dizer – nem com um, nem com outro. Há limites impostos pelo "Dono da Verdade" para a sublimação do espírito (do contrário, vira ascetismo, alienação, exercício supostamente transcendental); e há também sérios limites para a liberação dos prazeres (pois, do contrário, vira carnalidade, animalismo). Mas não há, no ensino da Verdade do Criador, exigência de supressão, nem de um, nem de outro. Ao contrário, ambos os componentes devem ser "conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo." (I Tessalonicenses 5.23) De um lado, o Manual do Criador exorta, quanto ao corpo: "Porque fostes comprados por preço; agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo." (I Coríntios 6.20) De outro lado, exorta quanto ao espírito: "O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, a qual esquadrinha todo o mais íntimo do corpo." (Provérbios 20.27) Corpo e espírito devem servir aos propósitos do Criador!

   Um dia, seremos revestidos de imortalidade, de incorruptibilidade, seremos transformados de uma imagem terrena para uma imagem celestial (I Coríntios 15.45-49), e conformados à plenitude da semelhança do Cordeiro em sua humanidade gloriosa e transformada – corpo e alma (corpo e espírito, incluindo todos os seus atributos). Um novo corpo – o atual miraculosamente transformado em glória –  e um novo espírito – o atual miraculosamente transformado em glória. Penso que cada referência que chega aos ouvidos e olhos sobre a carnalidade que campeia à nossa volta acentua e torna cada vez mais aguda a nossa convicção de que não pertencemos a este mundo, de que temos uma nova pátria, uma nova cidade, e de que lá os festejos serão santos, puros, gloriosos, perenes, indescritíveis, inigualáveis, incansáveis, e outros adjetivos mais. E, embora presos à missão terrena, somos cada vez mais sequiosos pela glória! Num certo sentido, eis aí o nosso "carnaval", o nosso "adeus à carne" (pelo menos, com os seus vícios e suas limitações de hoje)!

Maranatha!

   Deixo com vocês um áudio singular. Ira Stamphill  foi um pastor e evangelista norte-americano. Sua infância e adolescência foram muito sofridas, como ele próprio testemunhou. Pessoalmente, sou um grande apreciador de algumas de suas composições:Suppertime, I Know Who Holds Tomorrow,  He Washed My Eyes With Tears, We'll Talk It Over, e outras mais (foram muitas). Nesta gravação, um grupo canta ao vivo, informalmente regido pelo próprio Stamphill, pouco antes de haver falecido. O hino foi composto quando, pode-se dizer, Ira estava ainda em sua mocidade  – 35 anos de idade, quatro anos após a Segunda Grande Guerra. A voz que conduz, aqui interpretando, é a de Eva Mae LeFevre, aos 75 anos de idade, tendo seu filho (e pastor) Mylon LeFevre ao seu lado. Curiosidade: este hino foi tangentemente interpretado, numa inusitada gravação de hinos, por Elvis Presley, em 1960.

Ouça aí e acompanhe a letra…

MANSION OVER THE HILLTOP (1949)
A Mansão no Topo da Montanha
Ira Forest Stamphill (1914-1993)

I'm satisfied with just a cottage below
Eu tenho-me por satisfeito com apenas uma cabana cá embaixo
A little silver and a little gold
Um mínimo de prata e um mínimo de ouro
But in that city where the ransomed will shine
Mas naquela cidade, onde os resgatados há de fulgir
I want a gold one that's silver lined
Eu espero uma [morada] de ouro com brilho prateado

    I've got a mansion just over the hilltop
    Eu ganhei uma mansão lá no topo do monte
    In that bright land where we'll never grow old
    Naquela terra brilhante onde nunca mais envelheceremos 
    And some day yonder we'll never more wander
    E algum dia adiante nós não mais haveremos de vaguear
    But walk on streets that are purest gold
    Mas [sim] andar nas ruas de puro ouro.

Don't think me poor or deserted or lonely
Não me imagine pobre, deserdada(o) ou solitária(o)
[I'm not one bit discouraged – 
Não estou nem um pouquinho atemorizada]
I'm not discouraged – I'm heaven bound
Não estou atemorizada(o) – Meu foco está no céu  
I'm but a pilgrim in search of the city

Não sou mais que uma peregrina em busca da cidade
I want a mansion, a harp and a crown
Eu quero uma mansão, uma harpa e uma coroa. 
 

AudioPlayer online (controle de volume à direita)

Abraços, boa semana !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional