Domingo, 24 de Janeiro de 2016
No último dia 20, o Brasil tomou conhecimento de uma declaração corajosa (bem, eu gostaria de ter usado outro adjetivo, mas vai este, por enquanto): “Se tem uma coisa de que me orgulho, e que não baixo a cabeça para ninguém, é que não tem, nesse país, uma viva alma mais honesta do que eu; nem dentro da Polícia Federal, do Ministério Público, da Igreja Católica, da igreja evangélica, nem dentro do sindicato. Pode ter igual, mas eu duvido…” A declaração é da autoria do ex-presidente Lula, ocorrida no denominado Instituto Lula (São Paulo), foi gravada e publicada, causando enorme repercussão.
Todos que, por mais tempo, têm lido estas crônicas, sabem que não as uso para qualquer espécie de militância política. Nem desta vez usarei. No entanto, tenho que registrar quão raro é ouvir (ou ler) uma reivindicação tão corajosa, independentemente de quem a tenha feito. Preciso refletir sobre isto. E convido você, que me lê, a refletir também. Numa primeira ótica, preciso de um juiz neutro e isento para avaliar a reivindicação. Numa segunda ótica, preciso de um exemplar humano neutro e isento para fazer comparação. Então, vamos lá?
Quanto ao juiz neutro e isento, talvez você pense que tenho em mente o juiz federal Sérgio Moro para a tarefa… Se pensou, errou! Preciso de um muito mais neutro e isento. E já sei quem vou escolher. Francamente, não sei qual o juízo dele sobre o Lula, especificamente falando. Mas, o que sei do juízo dele sobre o ser humano, em geral, me é suficiente. Por intermédio do profeta Jeremias, eis um veredicto dEle: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jeremias 17.9 – ARA). O juiz mais isento – o próprio Criador – declara que o coração humano é enganoso e desesperadamente corrupto. Ao ouvir um juiz como Deus efetuar tal veredicto, qual sentimento, qual atitude seria aconselhável abater-se sobre o espírito humano? Jamais a do ufanismo.
Por intermédio do profeta Isaías, esse mesmo juiz inatacável compele a um reconhecimento sincero: “Somos como o impuro — todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo. Murchamos como folhas, e como o vento as nossas iniquidades nos levam para longe” (Isaias 64.6 -NVI). Quão saudável é, para o homem honesto, reconhecer sua miserabilidade, sua pecaminosidade, sua fragilidade, diante do Todo-Poderoso!
Quanto à comparação, a quem vou buscar? Busco o apóstolo Paulo. Não obstante ter encorajado seus leitores a serem imitadores de Cristo, à semelhança do que ele próprio buscava ser (I Coríntios 11.1), mostrou um tipo singular de ousadia, ao afirmar: “Fiel é esta palavra, e digna de toda aceitação: que Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores, dos quais o principal sou eu” (I Timóteo 1.15, BCF). Quão significante, não?
Se levarmos em conta que, excetuando os críticos tendenciosos, um número considerável de pensadores tem considerado Paulo o homem que mais influência positiva trouxe ao mundo ocidental, na era cristã, ‘ouvir’ um homem de tal envergadura tributar gratidão a Deus por tê-lo alcançado em redenção, “o maior dos pecadores”, desencoraja a buscar modelos de honestidade, de probidade e de simplicidade, senão em heróis assim: homens que procuraram imitar a Cristo; homens que desafiaram o mundo a espelhar o maior dos mestres, homens dos quais o mundo não era digno, os quais andaram errantes em montes, em desertos, em cavernas e grutas, sob torturas e perseguições por amor a Cristo, testificando de sua fé, demonstrando sua fidelidade ao Senhor dos senhores… Alguns, como diz a Escritura (Hebreus 11. 35-40), enfrentaram zombarias e açoites, outros foram acorrentados e aprisionados, outros apedrejados, outros serrados ao meio, outros mortos ao fio da espada, afligidos, maltratados… Estes, sim – que morreram sem alcançar a plenitude da promessa, aguardada para depois do Dia do Juízo vindouro – são verdadeiros modelos em quem se pode espelhar. E isto, na medida em que, a despeito de falhas que também tiveram, mostrassem o caráter daquEle de quem até Pilatos testificou: “não vejo neste homem motivo algum para acusação” (João 19.4 – NVI).
Ninguém é mais honesto do que Ele! Jamais foi! Jamais será! Entre outras razões, por isto é o meu referencial!
No início dos anos setenta, o grupo Vencedores por Cristo tornou conhecido em nosso idioma precioso antema de um pródigo compositor australiano. Nela, ele retrata seu grande amor por aquEle que se tornou seu grande referencial de vida, desde que por Ele fora alcançado. Ouça (relembre, quem sabe), com nosso Audio Player online…
QUANTO AMO, SIM, A CRISTO
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Bom Domingo, boa semana,
Ulisses
Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional