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N° 18 : “AINDA É LONGE CANAÃ?”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 31 de Julho de 2011

Por estes dias, recebi um email assustador:  Com fotos impactantes, a advertência dava o tom do risco que a nossa geração e, principalmente a próxima, corre na luta pela obtenção de água, o líquido precioso e indispensável à vida. A primeira foto mostrava a digladiação de um grupo de homens em Deli, na Índia, por receber o melhor bocado de um fornecimento oficial, já que sua cidade tinha escasso o suprimento; a segunda foto mostrava sudaneses sugando água no solo do pântano quase extinto, através de tubos construídos com filtros improvisados – a razão dos "filtros" é de impedir que suguem também as lombrigas e outros vermes esparsos na água. Estarrecedor é o fato de que a eficiência da filtragem é meramente parcial… No Quênia, homens cavam poços profundos (dezenas a centenas de metros) na areia, para obter o precioso líquido… E assim, em várias partes do mundo, as advertências se multiplicam: faltará água! Melhor dizendo : já está faltando…

   Lagos já secos… Até nossa farta Amazônia  tem experimentado, de anos para cá, períodos de estiagem que deixam largas faixas de leitos de rios ressecados, com as embarcações "atracadas" no "deserto", esqueletos de peixes e outros animais, e a população caminhando longos percursos, em busca de água – um cenário desolador. No nordeste brasileiro já vai sendo assim há algum tempo. Quando eu trabalhei lá pelo nordeste na década de 1980, no agreste pernambucano de Carpina, já havia muitas épocas de anos em que se tornava necessário regrar o consumo, em face da escassez. E, agora, de volta aqui à região Sudeste, acompanha-se há tempos, com pesar, notícias de rios, antes caudalosos, que agora encurtam suas margens e minguam seu volume boa parte de cada ano.

   Para onde estamos indo? Qual será o futuro da humanidade? O que será das gerações vindouras, se de fato vierem? Perguntas assim me incomodam. Mas, não tanto a ponto toldar o tom de esperança que produzem, junto à advertência que trazem. Não tanto, a ponto de superar a confiança de que, seja qual for esse futuro (que parece inevitavelmente sombrio), há, em verdade, não "um futuro", mas sim, "dois futuros". Supostamente, há um futuro que nossos olhos vêm em imaginação, no tocante a dias vindouros neste mundo. Quantos serão esses dias, não sabemos. Pois, "a respeito daquele dia ou da hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o filho, senão somente o Pai. Estai de sobreaviso; vigiai e orai, porque não sabeis o tempo" (Marcos 13.32, 33)Mas, que não parecem promissores, ah, isso não parecem mesmo. Mas, há outro "futuro" depois deste; e esse outro será eterno. Para os remidos, corresponderá à nova pátria, corresponderá ao "novos céus e nova terra" (minha suposta incongruência gramatical, aqui, é proposital). A linguagem profética do Antigo Testamento tem uma peculiaridade interessante, quando se trata de escatologia. Ela costuma apontar para esses dois futuros, quase ao mesmo tempo. Se você fizer um teste, constatará isto: Muitas passagens apontam para um futuro próximo, mormente o tempo da vinda e encarnação do Messias, mas elas são entremeadas com inserções que dilatam o conteúdo profético para além do "primeiro futuro", estendendo-o ao "segundo futuro".  

   Partindo das considerações iniciais desta mensagem, juntando a elas as que estão logo acima, escolho uma passagem profética expressiva: "O deserto e  a terra se alegrarão; o ermo exultará e florescerá como o narciso. Florescerá abundantemente, jubilará de alegria e exultará; deu-se-lhes a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo, e de Sarom; eles verão a glória do Senhor, o esplendor do nosso Deus.  Fortalecei as mãos frouxas, e firmai os joelhos vacilantes. Dizei aos desalentados de coração – Sede fortes e não temais. Eis o vosso Deus! a vingança vem, a retribuição de Deus; ele vem, e vos salvará.  Então se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos;  os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará;  pois águas arrebentarão no deserto, e ribeiros no ermo.  A areia esbraseada se transformará em lagos, e a terra sedenta, em mananciais de águas; onde, outrora, viviam os chacais, crescerá a erva com canas e juncos.  e ali haverá bom caminho, caminho que se chamará o Caminho Santo; o imundo não passará por ele, pois será somente para o seu povo;  quem quer que por ele caminhe não errará, nem mesmo o débil.  Ali não haverá leão, animal feroz não passará por ele, nem se achará nele;  mas os remidos do Senhor andarão por ele. Os resgatados do Senhor voltarão e virão a Sião com cânticos de júbilo; eterna alegria coroará a sua cabeça;gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a dor e o remido." (Isaias 35.1-10)Impressionante!  Magnífico!!  Deslumbrante  !!! 

   Se não me engano, foi Wolô o compositor brasileiro que compôs e cantou – "no deserto haverá flores!" Veja bem: A Bíblia não é um livro com gravuras. Ou melhor, não com gravuras pictóricas, mas sim com ilustrações descritivas. Se quisermos aliar, à sua mensagem, ilustrações vivas, basta contemplar o cenário do nosso mundo, seja qual for a geração. As imagens de um deserto que outrora fora leito de águas em profusão, como vastas áreas hoje desérticas no entorno da cidade de Porto Alegre, ou grandes regiões como na África, na Ásia, ou mesmo na Amazônia que vai sendo destruída cada vez mais, contrastando com imagens de grandes e belas fontes de águas, postas em contraste, servem de ilustração natural ao quadro que o profeta descreve.  A imagem final que ele desenha aponta para a transformação do deserto em fartas fontes; aponta para a transformação da sequidão em caudalosos ribeiros, límpidos e cristalinos, como qualquer um sonharia para seu sonhado "rancho". Esse notável contraste recorda o contraste entre Sinai, Zim e Neguebe, os desertos a transpor, com a Canaã prometida, esperada, buscada (e alcançada). São quadros que realçam, em nosso pensamento, em nosso coração, em nossa lembrança, em nossa esperança, a "Canaã celestial". Por ela aguardamos, e ansiamos, e buscamos. A trajetória que trilhamos se assemelha ao deserto, mas o fim da trajetória é Sião, é Canaã. É lá, onde haverá múltiplos braços, da fonte inesgotável que brota do meio da cidade celestial… "Então me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro" (Apocalipse 22.1)Consolador!  Contagiante !! Confortante !!! Não mais desertos, não mais fontes secas, não mais estio e sequidão! As águas fartas da graça eterna do Cordeiro prorromperão após a aridez, a ânsia sedenta será suprida por ricos e eternos mananciais, que fluirão da fonte que brota por debaixo do trono do Cordeiro, lá no meio daquela praça, o "olho" do rio da Vida, o centro da nova Jerusalém!

   Ouça o hino a seguir (a primeira vez que o ouvi já se encontra muitos anos passados, quando ainda criança eu era): Seu autor foi companheiro de composições de ninguém menos do que Fanny Jane Crosby (sabe alguma coisa sobre ela?), e enfrentou as duras situações da Guerra Civil norte-americana.

O, THE WAY IS LONG AND WEARY
INDA É LONGE CANAà?
George Frederick Root (1820-1895)

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 Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional