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N° 13 : “DEUS NÃO OUVE?…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 26 de Junho de 2011

Por estes dias, vi na televisão a reportagem sobre uma jovem desaparecida. Havia dois dias, e a família não tinha notícia. O pai da moça foi entrevistado. Falou ele de sua esperança, que ninguém poderia tirar, de que sua filha estava viva e que seria encontrada. Manifestou ele confiança em Deus, em quem ele, como pai, aparentando ser um cristão sincero, colocava a sua fé em oração. Dava prá se notar que sua "confiança" estava, mesmo, num nível elevado, pois sua expressão facial não mostrava abalo; pelo contrário, cheguei a pensar que, em dado momento, mesmo no meio daquela situação que me parecia aflitiva, só lhe faltaria sorrir. Ocorre que no dia seguinte a filha daquele homem foi mesmo encontrada. Entretanto, não viva, como ele expressou confiante, através de suas orações. Foi ela encontrada morta. Depois disto, não vi outras notícias do caso, para poder agora dar informes da "causa mortis". Mas, o que chama a atenção é o fato de que Deus "parece" não ter ouvido! Se aquele homem era mesmo um crente de verdade, será que não o ouviu Deus? Ponho minha memória para funcionar, tentando rever os arquivos… Sabe o que descubro? Descubro que conheço um tanto de gente, seja na família, seja fora dela, gente crente, gente de Deus, que tiveram várias orações, pedidos a Deus, sob a semelhança de não terem sido ouvidos. Eu mesmo, devo ter um certo elenco de orações e petições não atendidas, mesmo que me reconheça como um dos menos merecedores dos favores divinos.

   Relembro de alguns que já foram promovidos para outra vida, com aparência de "promoção prematura"; orações em favor dos mesmos, ao mesmo Deus, o Todo-Poderoso de sempre, parecem não terem surtido efeitos. Sei de situações de apertos, de angústias, acompanhadas de orações e intercessões. Não as ouviu Deus? Quantas intercessões, por pais, mães, filhos, filhas, casais, tantos… Não as ouviu Deus?  Não é Ele o "Deus de Milagres"? Não temos cantado na igreja que Ele o é? Não temos pronunciado que "se diante de ti/de mim/de nós não se abrir o mar, Deus vai nos fazer andar por sobre as águas"? Já não o fez no passado? Por que não o poderia fazer de novo? E, se não faz, pergunta automática: o que está dando errado?

   Volto ao Manual do Criador para verificação. Descubro que houve orações não atendidas também. Um caso clássico foi o do apóstolo Paulo: insistiu com Deus para que este afastasse o espinho de sua carne, "mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte".  É só conferir em II Coríntios 12.7-10. Agora, acompanhe Davi – o homem conhecido como aquele que era "segundo o coração de Deus" (ainda que com seus deslizes) : "Até quando, Senhor? Esquecer-te-ás de mim para sempre? Até quando ocultarás de mim o rosto? Até quando estarei eu relutando dentro de minha alma, com tristeza no coração cada dia? …  (Salmo 13) Eu tenho a convicção de que o Deus de hoje é o mesmo de ontem, de amanhã e eternamente. Tenho a convicção de que o seu poder não foi diminuído, nem pode ser. Estou convencido, também, de que as circunstâncias miraculosas da Escritura são instrutivas, e o milagre pode acontecer ainda hoje  – porque Deus é o mesmo de sempre…  E, simplesmente falando, como digo aos meus alunos – Deus pode, porque Deus é Deus! Mas, também aprendi, examinando a Bíblia, e testando-a com os fatos, que Deus, por ser o mesmo de ontem, hoje e sempre, não se compromete a agir sempre das mesmas maneiras. Por exemplo: se Ele resolveu abrir o mar para Moisés e a multidão, que atravessou o Mar Vermelho a pés enxutos, não faz disto promessa para abrir mares diante de cada um de nós; pensar de modo contrário a este pode ser uma experiência frustrante, sem necessidade. Se Ele resolveu fazer Pedro, só Pedro, andar por sobre o mar, caminhando ao seu encontro, não faz disto promessa a cada um de nós. Se Ele supriu a alguns dos seus servos, no passado, com milagres, não se compromete nem promete fazer o mesmo com cada um de nós. Se "milagres" e "impossíveis" fossem um suprimento geral e corriqueiro para o povo de Deus, não seriam providências extraordinárias, como a Bíblia ensina; seriam, antes, ordinárias. Mas, aí, já não seriam milagres. Que dilema! E, se Ele não nos supre com "milagres", "ocorrências extraordinárias", ou com um "sim" aparentemente impossível antes nossas petições e anseios, nem por isto deixa de ser Deus. Não será menos Deus, não menos do que sempre foi e sempre será, por conta desses "des-atendimentos". Destarte, não é de se frustrar quando Deus "parece" não ter ouvidos. Não é de se desapontar quando Ele "parece" não querer atender. Seria de desapontar o contrário: um "Deus" sem vontade própria, sem soberania, não é Deus!

   Uma das coisas mais nocivas que alguns intérpretes "moderninhos" da Bíblia passaram a ensinar sobre Hebreus 11.1 (fé, como certeza de coisas que se esperam, e convicção de fatos que se não vêem), é que isto nos permite sonhar e acalentar os sonhos, até que o "deus-nosso-servo" os realize. Nunca! "Coisas que se esperam" e "fatos que se não vêem", divorciados das promessas (epangelian, no grego) da Palavra de Deus escrita jamais poderia corresponder ao que o Espírito fez com que o escritor aos Hebreus escrevesse!  Me refiro às promessas que são para todo o povo de Deus, não as particulares… Estão minando a fé do povo de Deus, em troca de uma outra, um tanto mística e vazia de Bíblia. Mas estão usando a Bíblia para esvaziá-la de Deus, e enche-la do próprio homem, que vai se endeusando. Não estou, com isto, dizendo que não se deve orar, insistir com Deus. Ao contrário. Sempre! Mas, nunca se deve faze-lo SEM espírito de submissão à vontade soberana de Deus. Como diz o canto e adágio popular : "fé cega é faca amolada!" Por uma razão simples: Enquanto Deus "parece" não nos ouvir, está dando andamento à "escola"… Você sabe, aquela do Salmo 119.71 (confere lá…). Podemos pedir, podemos insistir, podemos (e devemos) clamar enquanto há fôlego, enquanto ainda há possibilidade para o que se espera. Mas, a "chave" é a disposição para com a Lei de Deus, vocábulo que, desta forma, e na forma de seus cognatos, aparece 176 vezes, neste salmo que tem 176 versículos. Aliás, esta é a petição por excelência : Ensina-me, Senhor, ensina-me tua lei!

    No hino a seguir, esta é a mensagem… "Ouve, ó Senhor, a voz do meu clamor Ouve a minha oração, ó Pai da Salvação Ensina-me tua lei, e teu nome bendirei!" Deus não deixa de ouvir, embora nem sempre atenda. As orações que nos parecem não atendidas são aulas práticas para nosso aprendizado. O currículo deste aprendizado é "Caráter de Deus x Caráter cristão"… Ainda que Seus caminhos não sejam "como os nossos caminhos"… E, o conteúdo programático é a Lei de Deus, que nada mais é do que a forma expressa da Sua vontade para nós. No entanto, sempre que oramos segundo a Sua vontade,  temos audição e atendimento garantidos!

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Bom Domingo, boa semana,
 Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional