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N° 128 : “FINADOS”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 03 de Novembro de 2013

Primeiro, halloween; dia seguinte, “todos os santos”; mais um dia, “finados”. Neste último dia, as tradições religiosas pelo mundo impressionam. A designação se associa ao vocábulo “fim” (“término”)… Em Tana Toraja, na Indonésia, familiares vivos de alguém que já morreu retiram o cadáver mumificado da sepultura, dão-lhe um banho, trocam-lhe a roupa por uma nova, e faz-se a limpeza do caixão. Uma simples busca pelas ferramentas de pesquisa da internet pode mostrar imagens fortíssimas. Em muitas regiões do México, sob herança maia, fazem-se festejos tidos como alegres, e verdadeiras procissões à noite aos cemitérios, com música, luzes, comidas e bebidas. Em certos clãs, fazem-se banquetes da família na sala principal da casa, sob cujo piso estão sepultados seus mortos, pela tradição de que assim “toda a família” se reúne. No Brasil, são de antiga tradição as visitas aos sepulcros, para renovarem-se-lhes as flores; o rito passa a depender da forma de cultivo interior dos peregrinos.

Todo ano, nesta época, uma pergunta me vem à lembrança. Não é minha, a pergunta; na verdade, foi feita há muito, mas muito tempo atrás. Quem me deu conhecimento da pergunta foi um médico, mas não foi ele, propriamente, quem a efetuou. Foram dois seres, cujos nomes eu ignoro, que fizeram a pergunta a algumas mulheres galiléias, e o médico a registrou. E a pergunta é: “Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que vive?” (Lucas 24.5, NVI); foi feita por seres angelicais. As mulheres foram ao sepulcro, Domingo bem cedo, para fazer o que quase todo peregrino de dia de Finados faz (com algumas variações ligeiras de ritos)… Mas, para sua surpresa, o corpo ao qual foram ‘homenagear’ com essências aromáticas já não estava ali, e era somente o terceiro dia após sua morte. A pessoa, proprietária do corpo, havia ressurgido. Ele ressurgiu! Ele não foi vencido pela morte, pois ele a venceu, como havia previsto! Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado entre nós, para os fins redentivos aos quais foi incumbido, tinha acabado de decretar, com sua ressurreição pioneira, a ‘morte’ da morte.  

Com todo respeito, tomo a liberdade de reprisar, no Domingo deste significativo final de semana, a pergunta dos anjos: Por que buscais, entre os mortos, ao que vive? Digo com todo respeito, porque não deixo de ter respeito, sim, ante a inclinação de alma e coração de quem vai até um cemitério para ter um breve momento de lembrança de quem amava. Conto um fato: era o ano de 1997, e era esta mesma época do ano, quando eu me encontrava na Escócia para estudos. Num Domingo à tarde, longe de todos quantos amava e amo, saí para uma caminhada, e resolvi passar por dentro de um cemitério aberto, próximo de onde me hospedava. Havia muita gente em torno dos diversos jazigos. Um senhor, aparentando entre 70 e 75 anos de idade, me chamou especial atenção; estava completamente sozinho, cultivando flores verdadeiras com ferramentas à mão. Resolvi perguntar-lhe de quem era o jazigo onde ele se encontrava com tais cuidados; ele me revelou que era de sua esposa, falecida pouco menos de um ano antes. Perguntei-lhe se ele a amava, e o olhar dele me foi suficiente como resposta. Perguntei-lhe, ainda, quantas vezes ela já tinha vindo ali, e se costumava vir mensalmente… Mais uma vez, produzindo um olhar expressivo, ele me respondeu – “Meu filho, eu venho aqui praticamente todos os dias; sei que o que está aqui é apenas o que resta do corpo de minha esposa amada, porque sei que ela está com meu Redentor, aguardando a ressurreição. Mas ela me faz muita falta”. Senti, naquela conversa, que estava ali, não um homem a praticar um mero ritual, mas alguém com um profundo sentimento, diariamente cultivado no coração. 

Mas, o que quero focalizar, é que a instigante pergunta dos anjos à entrada do sepulcro do Filho de Deus recém ressurreto carrega consigo uma implicação bem mais extensa. Cemitério não é lugar de morada de pessoas, senão apenas morada temporária de corpos… Temporária porque aguardam a ressurreição final. Por isto, o termo “finados” não é muito apropriado. Os corpos estão em inconsciência, em decomposição, sob inércia. Mas, as almas estão conscientes, indecomponíveis, e ativas. É precisamente isto que ensina a Bíblia, Palavra de Deus. Os que lêem, e consideram na alma e no coração, com genuíno entendimento, o que ocorreu naquele dia da pergunta dos seres angelicais às mulheres, nutrem uma esperança diferente de todos os demais homens. “Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que se acham nos sepulcros sairão deles, ao som de sua voz [de Jesus Cristo]” (João 5:28, BCF). Estes depositam num jazigo um corpo, talvez de alguém muito querido, e fazê-lo verdadeiramente não é fácil. Ainda assim, estes mesmos têm um olhar mais vívido lá em cima, onde a alma que, em comunhão e sintonia com o protagonista da história que o médico Lucas registrou, se desligou do corpo, com Ele lá se encontra. Esse estado é temporário: um dia, todas as moléculas formadas pelos átomos de Carbono, Hidrogênio, Nitrogênio e Oxigênio, além dos outros elementos em menor número, que se desintegraram do corpo fenecido, hão de se juntar novamente, e restaurar o corpo. “Ora, Deus, que também ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará a nós pelo seu poder” (I Coríntios 6.14, ACRF). Mais que isso, esses elementos hão de passar por uma verdadeira transformação físico-química, propiciando corpos inteiramente ‘reconfigurados’ para receber de volta a alma. E assim, começará uma nova existência, existência de eternidade, sem mote (e sem mais ‘finados’). Isto tudo porque Jesus Cristo primeiro ressuscitou, e há de promover a nossa ressurreição também. “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita" (Romanos 6.11, ARA)

A pergunta dos anjos faz lembrar que, de fato, a morte é, não apenas, fim; é fim da existência como hoje usufruímos, mas é começo da eternidade. Ninguém que cultiva a esperança da ressurreição redentiva, à semelhança da que levantou o nosso Senhor de sua sepultura, cultiva e reverencia seus mortos com consciência e sentimentos como os que não têm tal esperança. A pergunta dos anjos às mulheres servia para lhes lembrar que sepultura é morada temporária de corpos, mas que o céu é morada permanente e eterna de seres ressurretos – corpo de céu e alma de glória – como a Escritura afiança. A força principal da fiança é que o nosso glorioso Redentor seguiu, em sua natureza humana, exatamente esse caminho, para no-lo abrir. Agora, se você, lendo esta reflexão, não conhece acertadamente esta esperança, faço ligeiras, mas igualmente instigantes alterações na pergunta angelical, para dirigi-la especialmente a alma e coração: Por que não buscais, ao que esteve entre os mortos – aquele que vive?    

Disse-lhes Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14:6, ARC)“.

Nosso hino de hoje foi composto por alguém que, recém casado, e também recém convertido ao evangelho de Cristo, enfrentou com sua esposa a séria enfermidade da mãe desta, que acabaria por levá-la à morte. Dois momentos houve: o primeiro, de questionamento diante de Deus (por que, Deus?); o segundo, de consolação na Palavra de Deus e nas promessas que ela comporta. Compôs o hino, tendo sido sua sogra, no leito de enfermidade, a primeira a ouvi-lo.  Clique no áudio player online mais abaixo, ouça o hino e, se achar útil, acompanhe a mensagem, aqui toscamente traduzida.  

WHAT A DAY THAT WILL BE (1955)
Que Dia Será Aquele
Jim (James) Hill (1927-  )

There is coming a day
Há um dia por vir
When no heartaches shall come,
Quando não mais haverá pesares
No more clouds in the sky,
Não mais nuvens no céu
No more tears to dim the eye;
Não mais lágrimas para toldar a vista
All is peace forever more
Tudo será paz perene
On that happy golden shore
Naquela regozijante praia dourada 
What a day, glorious day, that will be!
Que dia será, glorioso dia, aquele será!

What a day that will be
Que dia será aquele
When my Jesus I shall see,
Quando verei meu Jesus
And I look upon His face
Quando verei Sua face
The One who saved me by His Grace;
Aquele que me salvou por Sua graça
When He takes me by the hand,
Quando Ele me tomar pela mão
And leads me through the Promise Land,
E me conduzir à Terra da Promessa
What a day, glorius day, that will be!
Que dia será, glorioso dia, aquele será!

There’ll be no sorrows there,
Lá não haverá tristezas
No more burdens to bear,
Não mais pesos para carregar
No more sickness, and no more pain,
Não mais enfermidade, e não mais dor
No more parting over there;
Não mais despedidas por lá

Then, forever I will be
Então, eternamente estarei
With the One who died for me
Com Aquele que por mim morreu
What a day, glorious day, that will be!
Que dia será, glorioso dia, aquele será!

AudioPlayer online (controle de volume à direita)

Abraços, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15)
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional