Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 10 de Abril de 2011
Na primeira mensagem desta série, que começou muito despretensiosamente, falei sobre a alvorada dourada. Hoje, meu tema é outro: a noite!
E minha lembrança se volta para aquela noite de dezembro de 1997, quando tinha que atravessar o Atlântico pela segunda vez. Ao final de pouco mais de um mês de estudos na Europa, era hora de voltar pra casa. O local de partida do vôo era Frankfurt, na Alemanha. Enquanto o hemisfério sul estava sob um calor escaldante, o hemisfério norte já entrava num rigoroso inverno. Estranhamente, o gelo caía junto com a chuva, à temperatura de oito graus centígrados, abaixo de zero! Caía no chão, e já desaparecia, transformando-se em gelo. Sobre a fuselagem e as asas das aeronaves no pátio do aeroporto, uma grossa capa branca. Acima, no céu, o breu da noite se escondia em densas nuvens congeladas, precipitando-se abaixo.
Como voar numa condição dessa? Como um avião poderia deixar o solo? Máquinas enormes, em cima de plataformas com rodas, se elevavam ao lado das aeronaves, através de um mecanismo de vigorosas hastes metálicas entrecruzadas, elevando uma cabine com braço mecânico, no qual um operador acionava jatos de água quente com sal por sobre as aeronaves. Pouco a pouco, o gelo ia se derretendo pelo solo. Chegou a nossa vez: libertos da espessa camada de gelo, começou o trator a puxar nossa aeronave, liberando-a para seguir à pista de decolagem. Mas, e como atravessar essa negra noite acima de nós? Pior: como vamos atravessar o primeiro céu, acima, com a intenção de passar toda uma noite por sobre as águas do oceano?
E assim começamos o vôo. Durante certo tempo, as únicas imagens de outra cor que não o negro da noite eram as partículas de gelo iluminadas pelos faróis das asas. Até que vazamos acima, por sobre as pesadas nuvens, já quase saindo do espaço aéreo francês, para sobrevoar o Mediterrâneo. Que noite! Não posso negar que a sensação encaminhava, não apenas a mim, mas outros, a certa ansiedade pela chegada da manhã. Seria sinal, como de fato se deu, de estarmos perante a costa brasileira, já tendo contornado o continente africano. E veio aquela manhã de verão, feliz manhã! Que contraste com poucas horas antes…
O episódio me faz pensar nas revelações bíblicas sobre a noite:
– “E Deus chamou às trevas, noite” (Gênesis 1.5).
– “Dispões as trevas, e vem a noite, na qual vagueiam os animais da selva" (Salmo 104.20).
– “É necessário que façamos as obras daquEle que me enviou enquanto é dia: a noite vem, quando ninguém pode trabalhar” (João 9.4).
– “Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz” (João 11.10). São textos que falam com aquele espírito de palavras que a muitos podem deixar de espírito declinado; não são poucos os que enfrentam a noite com forte aspiração de que passe logo, e logo venha a luz do dia .
No entanto, há também outro lado da moeda: “A cidade [eterna] não precisa do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada… As suas portas jamais se fecharão de dia, porque nela jamais haverá noite” (Apocalipse 21.23,25, ARA).
"Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as nações verão o Filho do homem vindo nas nuvens com grande poder e glória!" (Mt 24.30, ARA). É nesse dia que vem a manhã gloriosa, feliz manhã, que tanto aguardamos. Digo “nós”… Ou, você, que me lê, não está entre nós?
No intervalo entre a Primeira e a Segunda Guerra mundiais as nações viviam um misto de expectação, desolação, com esperanças de que aquilo não se repetisse. Não adiantou… Nesse ínterim, um cristão compôs um belíssimo poema, que fala sobre o contraste do enfrentamento de uma longa e angustiante noite, com o raiar da feliz manhã que a sucede. Ei-lo, numa de suas versões em nosso idioma :
In The Dawn of Eternal Day (1925)
Feliz Manhã
Elton Menno Roth (1891-1951)
1. Já cansados seguimos de noite a penar,
Na jornada da vida cristã,
Mas será para nós tão brilhante o raiar
Da gloriosa e feliz manhã.
CORO: Findarão as agruras da vida,
Quando a névoa do mal passar.
Há de a noite fugir ante o vivo luzir,
Quando o dia eternal raiar.
2. Há tão grandes mistérios na trilha a seguir,
E prenúncios de lutas e dor,
Mas de nós fugirão quando virmos luzir
Sua face em real fulgor.
3. Mesmo que nos pareça o caminho sem fim,
Tendo os olhos a lacrimejar,
Recompensas gloriosas teremos enfim,
No bendito e eterno lar.
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Abraços, até à próxima (Tiago 4.15)
Ulisses
NOTAS (versões bíblicas):
ACF – Almeida Corrigida e Revisada Fiel, Soc. Bíblica Trinitariana
ARA – Almeida Revista e Atualizada, Soc. Bíblica do Brasil
ARC – Almeida Revisada e Corrigida, Soc. Bíblica do Brasil
BCF – Versão Católica do Pe. Antonio de Figueiredo
NVI – Nova Versão Internacional, Soc. Bíblica Internacional