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N° 296 : “QUARENTENA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 30 de Abril de 2017

Não sou cabalista – já vou logo dizendo…

“Quarentena” é uma palavra, em nosso idioma, de origem italiana (quarantina), que, por seu turno, vem do latim (quadraginta). Significa qualquer conjunto de quarenta unidades: dias, castigos, anos, etc… A medicina antiga considerava que o tempo de manifestação de uma moléstia contagiosa seria de quarenta dias; daí, as autoridades sanitárias de grandes cidades portuárias européias decretaram a quarentena – período de quarenta dias em que a tripulação dos barcos deveria aguardar fora do porto, antes de aportarem à cidade. Nada se manifestando, os marinheiros desciam normalmente.

No setor obstétrico, tornou-se ‘lei’ determinar às mães, imediatamente após o parto, a quarentena de dias de cuidados especiais, para o bem delas e de seus bebês.  A lei mosaica dos judeus estabelecia que, em determinados casos, a culpa de um homem seria cobrada com açoites; entretanto, havia um limite: uma quarentena, que era o máximo a aplicar-se a um infrator, de cada vez. Para evitar-se o risco de excedimento, era comum os judeus aplicarem “uma quarentena de açoites menos um”, que equivalia a 39. Paulo, por cinco vezes passou por isto (II Coríntios 11.24).

Na maioria das vezes, de fato, uma quarentena é contada em dias… Mas, poderia ser quarentena de anos, por exemplo. O número “quarenta” é recorrente e significativo, na Escritura. As chuvas torrenciais do Dilúvio de Noé duraram quarenta dias inteiros; isto significou um intenso período de juízo divino sobre a terra (Gênesis 7.17). Ao término daqueles quarenta dias, só as almas que estavam na arca restavam vivas no planeta.

No antigo Egito, a técnica do embalsamamento durava quarenta dias; assim se fez com Jacó, antes de trazerem seu corpo de volta a Canaã (Gênesis 50.3). Quarenta dias inteiros foi também o tempo em que Moisés permaneceu na presença de Deus, no Monte Sinai (Êxodo 24.18). Foi um período glorioso na vida de Moisés, mesmo sem comer nem beber; o seu rosto resplandeceu por estar na presença de Deus tão próxima.

Quarenta dias foi o tempo em que Josué e Calebe, junto com mais dez homens, prospectaram a terra da promissão, como espias (Números 13.25). Foi um tempo em que dois foram aprovados, aos olhos de Deus, e dez foram reprovados, ante os mesmos olhos. Por conta da infidelidade daquele povo, quarenta anos foi o tempo de sua peregrinação no deserto, antes que a geração seguinte tomasse posse da promessa na terra (Números 14.32-34). Aqueles quarenta anos também foram tempos de provação severa.

Por quarenta dias o gigante filisteu chamado Golias afrontou a Deus, desafiando o povo de Israel (I Samuel 17.16). Mais provação que se colocou à frente do povo de Deus. Saul reinou quarenta anos, Davi reinou quarenta anos, e Salomão reinou quarenta anos. E em todos esses períodos, jamais faltou provação sobre provação.

 Quarenta côvados, tinha o lugar mais íntimo da comunhão de Deus no santuário de Israel – chamado “Lugar Santo” (I Reis 6.17). Quarenta dias peregrinou Elias até o Monte Horebe, sem comer nem beber, em busca da presença de Deus (I Reis 19.8).

Como se não bastassem as quarentenas de provações dos homens comuns, o próprio Filho de Deus foi submetido a uma quarentena de tentações diabólicas, em completo jejum (Lucas 4.2). Ali foi o máximo de provação e tentação, juntas…

Entretanto a última quarentena significativa da Revelação de Deus se dá a partir da ressurreição de Jesus: “Depois do seu sofrimento, Jesus apresentou-se a eles e deu-lhes muitas provas indiscutíveis de que estava vivo. Apareceu-lhes por um período de quarenta dias falando-lhes acerca do Reino de Deus” (Atos 1.3, NVI). Nesse momento da história, tudo muda. Quarentenas de tentações e provações não aparecem mais na Escritura. Em lugar disto, surge uma quarentena vitoriosa, regozijante. Seu tema principal passa a ser o Reino de Deus, a esperança bendita da glória.

Nossa quarentena, hoje, é mista. Encontramo-nos, hoje, em parte sob provas e tentações; em parte, sob o estigma da quarentena do Cordeiro Vencedor. A vitória do Cordeiro de Deus é a nossa vitória; a vida triunfante por ele conquistada é também nossa; o reino de Deus, do qual ele, com propriedade total, falou naqueles dias, é o reino no qual somos investidos, e para o qual cultivamos esperança e expectativa magistral. Aqueles quarenta dias foram os últimos, seus, aqui no mundo. Mas, o sabor da vitória já estava com ele. Estamos, também, em quarentena derradeira aqui neste mundo; mas, o sabor da vitória já está, também, conosco.

Não sou cabalista – disse desde o começo. Quarenta é apenas um número ilustrativo. Tempo de ouvir e de falar sobre o Reino de Deus – a mais gloriosa esperança! Estamos em quarentena! Viva sua quarentena como a viveu Jesus!

Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional