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Author Archives: Priscila

N° 115 : “NUNCA MAIS?”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 28 de Julho de 2013

Nunca mais terei a chance de matar a saudade !

Foi assim que o mineiro Edson Arantes do Nascimento (mineiro ao menos de nascimento, sem trocadilho) se referiu publicamente, na última quarta-feira, 24 de Julho, em relação à morte de outro mineiro – Djalma Santos (1929-2013). Aos 84 anos de idade, este desportista do futebol foi a óbito, depois de um período acometido de grave afecção pulmonar, culminada com uma parada cardiorrespiratória letal. Ambos foram colegas de trabalho na seleção brasileira de futebol em três copas do mundo, de 1958 a 1966. Pelé se disse "amigo antigo" do colega, o qual chegou ao topo do destaque mundial na posição que ocupava  nos gramados.

Nunca mais, disse Pelé. Devo reconhecer que a expressão pode comportar diferentes significados. Pode estar se referindo a apenas o curso da presente vida; neste caso, "nunca mais" seria mera forma de hipérbole, sem prejudicar a esperança de um reencontro, após a presente vida. Pode estar se referindo ao resultado de uma espécie de convicção agnóstica, cética – será que Pelé pensa como Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) pensava? "Morreu, acabou! ", dizia o decano da poesia brasileira…  Pode estar se referindo à expectativa de que, depois que a morte alcançar a ambos (tendo começado pelo antigo amigo), os dois se encontrarão, eternamente, porém em lugares distintos, a julgar pela força da expressão "nunca mais" (pessoalmente, não tenho qualquer convicção de que Pelé tenha desejado traduzir isto). Bem! Só ele poderia explicar o que realmente quis dizer… Mas o fato é que, quem lê, ou ouve, tem logo tendência de interpretar pela primeira impressão que a mente produzir. Tento, pois, comentar cada possibilidade…

Em verdade, não sei de fato quanto a Pelé e a Djalma Santos. Mas que a realidade de dois destinos diferentes após a morte é indiscutível, isso é. É exatamente o que diz o Livro dos Livros, a Revelação Divina, a Bíblia.
"Para o entendido, há o caminho de vida, que o leva para cima, a fim de evitar o inferno, embaixo" (Provérbios 15.24, ARA).
"Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram" (Mateus 7.13,14, BCF).  

Quanto à ótica agnóstica (melhor dizer, cética), quem quiser adotá-la, que adote. Só não deveria fazê-lo sem ciência dos riscos de sua escolha. Esse tipo de convicção é equivalente à de um ateu. Se Deus não existe, parafraseando Dostoievski (1821-1881), também não há continuação da existência após a morte, e até fica impossível explicar como a vida surgiu; "impossível nada", dirão os evolucionistas… Mas, o tratamento deste dogma da "fé" ateísta não cabe agora, dentro desta mensagem. São claras as advertências do Criador, o Justo Juiz e Amoroso Redentor, de que a morte não encerra a existência, senão apenas o primeiro de seus três ciclos: a presente existência, o estado intermediário na morte, e a eternidade após a ressurreição. Mas, se Deus existe – como de fato existe – então não se encerra a vida com a morte. 
"Diz o insensato no seu coração: Não há Deus! Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem".  (Salmo 14.1, ARA).  
"Multidões que dormem no pó da terra acordarão: uns para a vida eterna, outros para a vergonha, para o desprezo eterno".  (Daniel 12.2, NVI).

Por fim, a primeira hipótese –  a de que um "nunca mais", como usou o famoso personagem do mundo do futebol, seja mera expressão hiperbólica, sem prejuízo da expectativa de retomar a contagem dos dias numa dimensão futura, se faz parelha com as anteriores aqui tratadas. Enquanto aqui no mundo, somos todos passageiros de uma mesma nau, ainda que os passageiros usufruam de classes diferentes a bordo, e cada um veja o curso à frente com visões diferentes. Blaise Pascal (1623-1662) disse que é mais sensato 'apostar' que Deus existe, ainda que haja dúvida sobre isto. Se Ele não existir, a morte não fará a menor diferença entre quem crê e quem não crê; mas, se Ele existir, crer que Ele existe terá feito toda a diferença em relação a quem crê que não existe. Quer maior prova de que Deus é o Criador e o Mantenedor, que encaminha o curso da existência para o dia final, no qual um dentre os dois destinos eternos será selado a cada criatura humana, do que estarmos vivos? Além disto, de usufruirmos a harmoniosa beleza do nosso planeta-habitação? Além disto, de podermos descobrir e contemplar a imensidão espetacular de todo o universo, e das profundezas dos mares? Além disto, de nos haver enviado Seu próprio Filho, para nossa salvação?  E, de nos haver revelado todos os Seus mistérios reveláveis em Sua Palavra? Ora, sendo verdadeira e real toda a percepção dos portentosos atos divinos, nada mais sensato do que olhar para o futuro com o óculos da Escritura Sagrada. Por ele, aguardamos um dia, sim, em que toda a saudade será suprida, toda nostalgia será acalentada, toda separação tanatológica será consolada… Sim, haverá um dia em que não haverá mais saudade que aperte, nem separação que doa, nem nostalgia que faça sofrer, nem morte que possa de novo atingir.

"E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras." (Apocalipse 20.13, ACRF).
"E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá; já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram"  (Apocalipse 22.4, ARA).

Não tenho a menor expectativa de que minhas toscas linhas cheguem ao conhecimento de Edson Arantes do Nascimento, pela distância que separa o astro de um desconhecido inexpressivo. Se chegassem, eu lhe diria: "Nunca mais" é uma expressão que merece reparos, para o benefício da verdade. É possível um reencontro. É possível matar, no sentido mais profundo da palavra, a própria saudade. Aquele íntegro cidadão da terra de Uz, que perdeu bens (e, com eles, até o respeito que desfrutava na sociedade), saúde e parte expressiva da família, exclamou, em meio aos seus infortúnios:
"Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro em mim "  (Jó 19.25-27, ARA). Por conseguinte, para os que vivem sob a esperança bendita da redenção futura no Redentor Jesus, aquele dia por vir é dia de "matar a saudade"… Definitivamente! "Nunca mais", para estes, é hipérbole, é exagero linguístico.

Em 1979, o pastor sueco Pelle Karlsson (que completou 63 anos de idade no mesmo dia em que Pelé proferiu a frase) e a norteamericana de origem norueguesa Evie Tornquist se uniram em matrimônio.

Pelle era pregador e compositor sacro já bastante conhecido. Um de suas composições mais divulgadas se tornou um hino relativamente frequente em ocasiões propícias à sua mensagem. Bill Gaither o "adotou" especialmente quando da perda de seu irmão, Danny Gaither. Na gravação anexa, feita na casa de Billy e Ruth Graham, um grupo presencia Evie cantando com profunda expressão a mensagem que se baseia na promessa que desmente a sensação de "nunca mais"… Ouça-a, se preferir acompanhando a letra original ou a tradução livre abaixo!


I SHALL SEE YOU SOON AGAIN (1973)
Eu Logo Te Verei De Novo
Pelle Olof Nils Karlsson (1950-1981)

I shall see you soon again in the land of life
Eu logo te verei de novo na terra da vida [eterna] 
I shall hear your voice again, singing praise to the Lamb
Eu ouvirei de novo tua voz, cantando louvor ao Cordeiro
No more heartache, no more pain, you are homefree
Nenhum pesar de novo haverá, nem dor, tu estás aliviado para sempre  
So I'll see you soon again in the land of life…
Então eu logo te verei de novo na terra da vida [eterna] …

Where there is peace, peace in His presence
Onde existe paz, paz em Sua presença
And joy evermore… You will never more depart,
E gozo para sempre… Tu não mais te despedirás,
Never face one more 'goodbye', you are home…
Nem jamais há de encarar um outro 'adeus', estás no lar …

So I'll see you soon again in the land of life
Então, eu logo te verei de novo na terra da vida [eterna] 
I shall hear your voice again, singing praise to the Lamb
Eu ouvirei de novo tua voz, cantando louvor ao Cordeiro
No more heartache, no more pain, you are homefree
Nenhum pesar de novo haverá, nem dor, tu estás aliviado para sempre  
So I'll see soon again in the land of life ! [What a hope!!!]
Então eu logo te verei de novo na terra da vida [eterna] … [ Que esperança !!!]

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 114 : “SEMPRE ATENTO!”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 21 de Julho de 2013

Completa-se precisamente um ano de um episódio único e atípico pelo qual passei: enfrentando de longa data problemas com formação de cálculos renais, um ano atrás fiquei cinco dias internado, por causa de um dentre quatro no rim direito. Na manhã do sexto dia, o ultrassom revelou que o maior dos quatro se posicionara a ponto de desprender-se; seu tamanho médio era de 16 milímetros. Meu urologista determinou imediata internação num centro de urolitíase, para "bombardear" a grandona (procedimento chamado "litotripsia"). Procedimento "simples", com duração prevista de uns vinte a vinte e cinco minutos sob anestesia geral, acabei por permanecer na sala por quase hora e meia. Só depois soube que tive uma insuficiência respiratória súbita, durante o procedimento, que demandou imediata entubação. Ao saber, depois, pensei – já é a segunda vez, fato idêntico; entramos num bloco cirúrgico, apagamos, e estamos inteiramente em mãos alheias… Em seguida, procedendo uma necessária correção no pensamento, adicionei: "alheias, a mim, mas não a Deus!  (Uma prova de que sobrevivi é que ainda estou aqui, um ano depois, escrevendo estas linhas).

Não é a mesma coisa quando entramos num avião, num vôo noturno, por exemplo? Será que você, que já voou por uma companhia por certo trecho em meio a nuvens quase opacas, teve a mesma sensação que eu? Estamos ali dentro, ninguém vê um palmo à frente ou ao lado… A propósito, qual é mais potente – Deus ou a tecnologia? Que é mais eficiente no "serviço" – os anjos ou os controladores de vôo? Não é a mesma coisa quando tomamos um ônibus numa localidade, à noite, para chegar a outra, pela manhã? Tudo depende de um ser humano, sozinho ali na frente, no escuro da noite, enquanto hesitamos entre dormir ou orar;  e depende também de outros seres humanos que guiam máquinas enormes em sentido contrário… Deles e, acima de tudo e de todos, dependemos daquEle que tem cada ser humano e cada máquina em Suas mãos.

Diz a Sua Palavra :
"Ele [o Filho de Deus], que é a expressão exata do Seu ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder…" (Hebreus 1.3, ARA).
Impressionante: o Criador, que deu origem pela Sua palavra a todo o universo, e tudo o que nele se encontra, mesmo que tenha estabelecido  um conjunto eficiente de leis naturais, está por trás de todas elas, e está além delas, sustentando toda a obra-prima de suas mãos também pela palavra do seu poder, qual a criou…

Quanto a nós, apesar de todos os questionamentos que lhe queiramos, insanamente, fazer, tem Ele uma palavra, empenhada e autenticada:
"Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário?
Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?
Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?
E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam; 
contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles.
Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé?
Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir? (Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso.
Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." (Mateus 6.25-33, ARC).

Se, para ficar mais familiar, você preferir substituir a palavra "côvado" (antiga medida de extensão física linear, equivalente a cerca de 45 centímetros – um cúbito, ou antebraço médio) pela palavra "dia" (ou mesmo a palavra hora, ou mesmo minuto), fique à vontade. Porque, o sentido é este mesmo: nossa vida, nosso respirar, nosso andar, nosso realizar, estão em tão intensa dependência do Doador e Provedor Celeste, que a conta de crédito de minutos, horas, dias, semanas, meses e anos fica sob Seu controle – não nosso. Enquanto isso, cumprindo sua promessa, Ele sabe de tudo que nos é necessário, Ele cuida de nós, Ele vela por nós.

Se desfrutarmos de modo familiar a bondade de Sua providência, a cada dia, "não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia" (Salmo 91.5, ARA). Se Deus cuida de nós, podemos nos identificar com o personagem da passagem: "Não se atemoriza de más notícias, porque o seu coração é firme, confiante no Senhor ! " (Salmo 112.7, ARCF).  

Porque, Ele sempre atento está!

Na década de Cinquenta, um casal que passou a conhecer com mais profundidade o que andar na dependência de Deus, tornou muito conhecida uma canção que eles cantavam juntos. Sua mensagem realça que podemos confiar que, em cada circunstância (mesmo aquelas que parecem contrariar as promessas), Deus vela por nós, por causa do Seu amor.

O quarteto  "Arautos do Rei", em gravação de 1963, tornou o hino conhecido em nosso idioma.
Para os que  dominam a língua inglesa, acrescento, abaixo, a letra original (a semelhança da versão é grande).  

Tenderly He Watches Over You (1954)
ELE VELA SOBRE TI 
Scott Wiseman (1909-1981)

Tenderly He watches over you
Every step, every mile of the way 
Like a mother watching o'er her baby
He is near you every hour of the day

When you're weak, when you're strong
When you're right, when you're wrong
In your joy and your pain, when you lose and when you gain…
Tenderly He watches over you
Every step, every mile of the way 

Long before time began you were part of His plan
Let no fear cloud your brow, He will not forsake you now… 
Tenderly He watches over you
Every step, every mile of the way 

These are days when the world is uncertain,
And the power of the atom unknown
But a far greater power up yonder
Ever watches and cares for His own…

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 113 : “AO TEU LADO”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 14 de Julho de 2013

Para tratar do assunto de hoje, muito melhor seria alguém que tivesse bem mais que os singelos 31 anos de casado que tenho; no mínimo, uns quarenta. Dia desses, minha filha me mandou, por instrumento virtual, cópia do boletim dominical de sua igreja em SP. A matéria de capa realmente chamava atenção, e chamaria a de qualquer dos eleitores fortuitos do "O  Bem & o Mal, a Cada Dia"; confira aí :
Aprendi que 75 anos eram Bodas de Diamante. Depois me corrigiram: são Bodas de Brilhante. Não entendo de joias, mas sei bem o que é o tempo, mais precioso que tudo. Iracy (16 anos) e eu (17) conhecemo-nos num piquenique. Ela, católica tradicional, acomodada; eu, ateu ignorante a proclamar orgulhosamente minha incredulidade. Dia 5 de maio de 1938, casamo-nos… na Igreja de Santa Cecília com um padre que deve ter dito coisas lindas… em latim.

Nossa primeira residência e primeiro lar foi na casa da mãe dela, onde vivemos (muito bem) durante cinco anos. Meses depois de casados (07/01/1940), alcançado pela graça de Deus, fiz minha profissão de fé na Igreja Presbiteriana Unida, com o Rev. Miguel Rizzo Jr. Ninguém se opôs e muitas bênçãos nos foram acrescentadas. No mesmo mês, veio o primeiro filho (Jair), até hoje fiel à fé, com 73 anos de idade. Depois, duas filhas, Júnia e Jânia, ativas em suas comunidades.

A descendência seguinte veio toda do filho, todos integrados em suas igrejas. Família atual: três filhos, quatro netos e cinco bisnetos. Dos adultos, apenas dois não estão ligados a nenhuma igreja. Aguardam, inconscientemente, o lampejo divino que já atingiu todos os demais. O Tempo de Deus usa calendário diferente daquele que usamos.

Indagam-me muitas vezes: é fácil viver juntos três quartos de século? Tudo é fácil e é irremediavelmente difícil. Entra aí a arte de fazer concessões: duas pessoas nascidas e criadas em lares diferentes, com ocupações e interesses diferentes só podem harmonizar-se com o cultivo da difícil arte da paciência. Já me perguntaram muitas vezes: durante 75 anos vocês nunca se desentenderam? Claro que sim! Desentendimento é exercício de ajustes e de paciência. Não se parece nem de longe com desavença, fruto de orgulho e incompreensão. Tardiamente (e em tempo), aprendemos a concluir a existência de cada dia com orações de mãos dadas. Nenhum sortilégio, apenas o aquecimento físico para reforço do aquecimento espiritual. Tudo isso não constitui exemplo para ninguém. É simples exercício espiritual para quem só tem recebido bênçãos e aguarda tranquilamente o glorioso encontro espiritual. É fácil ser feliz.

Jurandy Mendes

A primeira de todas as instituições divinas para a humanidade está na "UTI", hoje. Ou, talvez, precisando ali ingressar. Sabe-se lá desde quando, porque não é de hoje… Há exceções, mas parece que a regra é desse jeito.

Identificação de sintomas não é tanto problema; dificuldade maior é a identificação da etiologia. Na medicina, a etiologia se dedica a buscar as causas dos sintomas, das enfermidades. Entre os sintomas, basta apontar  os mais óbvios:

  • Efemeridade – A duração dos casamentos está se mostrando mais curta; "até que morte nos separe" parece ser, cada vez mais, uma peça retórica indispensável apenas ao rito de celebração. Pior que isso, a efemeridade parece estar sendo, nos tempos atuais, não apenas um fato indesejável a ocasionar-se ao depois , mas também uma possibilidade factível a considerar-se antes…
  • Ilusionismo – "Casamento é o seguinte : Quem tá fora, quer  entrar; quem tá dentro, quer escapar  "! Esse adágio popular já está virando piada na boca até de casados de mais longa data. Suspeito que ele surgiu para demonstrar quão iludidos são os jovens quanto à vida de casados. Não que o casamento seja uma decepção, em si. Mas é muito provável que as ilusões, construídas na base da imaginação, das novelas, dos filmes, do ficcionismo de todas as fontes, tragam grandes desapontamentos diante da realidade vivenciada…
  • Descompromisso – O compromisso que se assume, em forma de votos, muito especialmente diante da autoridade em nome de Deus (o instituidor) não tem sido levado tão a sério pelos cônjuges, com pouco passar de tempos. Parece que, à medida que o tempo passa, o esquecimento dos compromissos assumidos vem com mais rapidez, o que faz pensar que a leviandade nos firmar compromissos tem sido maior do que se pensa, ou se pode prever…  
  • Tensão – Não há menor dúvidas de que a contemporaneidade é fonte crescente de tensões. A humanidade inventou um modus-vivendi  que não tem como se livrar das tensões, cada vez maiores. E a vida conjugal parece ser o alvo predileto dessas tensões…
  • Desrespeito – É fato indubitável que a convivência facilita o conhecimento mútuo; o conhecimento mútuo facilita a familiaridade; a familiaridade facilita a intimidade; a intimidade é uma estrada ampla e convidativa para o desrespeito. Com passar de pouco tempo, é fácil ver o número de oportunidades que a intimidade cria para desrespeitos entre cônjuges. E o pior que o número dessas oportunidades 'aproveitadas' é bem maior do que deveria (ou poderia) ser, considerados  os limites suportáveis de tolerância…
  • Egoísmo – Um dos mais nefastos sintomas da necessidade de 'UTI' para o casamento 'pós-moderno' é o prevalecimento das expectativas de que a vida conjugal seja uma experiência "libertadora" e, quiçá,  fornecedora de auto-satisfação. É uma questão de matemática: no numerador, a auto-satisfação; no denominador, a satisfação do cônjuge. Desastradamente, o egoísmo no trato de esposos para com esposas, e de esposas para com esposos, quando vistos com o 'Raio-X' apropriado (Deus é quem o tem), mitiga o sentido da sublime instituição divina. Aliás, ultimamente nem tem sido muito necessário o "Raio-X"…   
  • Desvios comportamentais – Esposos que deixam de exercer o papel que lhes cabe, e esposas que deixam de exercer o papel que lhes cabe, é outro sintoma típico da deterioração matrimonial; não só por omissão, mas também por nefanda opção tortuosa…

Não há tanta dificuldade em identificar sintomas (e há outros, certamente); não tanto quanto causas, porque, quem está casado os conhece; e mesmo quem não está já os percebe bem mais, hoje em dia. No geral, quem não é casado, mas quer se casar, se encaminha ao evento sob a resoluta sensação de que seu caso será diferente. Prejulga que ele e seu  "pombinho" (ou "pombinha") estarão entre as exceções, pelo resto da vida… Ou, do contrário, já partem para as núpcias com o pensamento de que, se não der certo, é só terminar e começar de novo. Como celebrante de alguns casamentos, tenho suspeitado de que o descaso de certos número de nubentes quanto ao seu pedido de bênçãos e seus compromissos, no ato da celebração, com o passar dos tempos tem se mostrado um acinte não apenas para com o celebrante mas, principalmente para com Deus, a Quem o dito tem a incumbência de representar.

Entre as causas, embora com um pouco mais de dificuldade em diagnosticar, podemos apontar:

Despreparo! A sociedade deseduca, e os núcleos da sociedade com a incumbência de preparar não conseguem enfrentar a contra-maré; refiro-me aos pais e outros ancestrais, refiro-me aos ministros de Deus, refiro-me à escolas, e assim por diante. Infelizmente, parece que, se nossos pais falharam em nos dar um preparo adequado para o casamento, nem podemos criticá-los, porque também temos falhado. Ignorância! Por conta disso, e também por conta de um certo grau de negligência, lastimavelmente favorecido com a sensação de que basta o amor (Ah! O amor é lindo!Mas, que espécie de "amor"?). Jovens adentram ao casamento sem saber ao certo o que é, como é, e como conduzi-lo. Egoísmo!  Ah! Eu sei…  Já falei que isto é sintoma; alguém há de requerer-me coerência, e não repetir desse outro lado. Então, me dá licença para repetir, porque, se é sintoma, é causa também. É um defeito (natural, quer dizer, da nossa natureza) de personalidade que precisa ser combatido desde a infância. Porque a virtude do altruísmo não é natural em nós, pecadores desde o berço; precisa ser plantada, cultivada e nutrida. Irresponsabilidade! Eis aí outro defeito de personalidade, o qual faz com que votos e compromissos sejam quebrados sem a menor cerimônia. Ah! Dirá alguém, mas isso nunca ocorre à toa, sem circunstâncias ! E é verdade. Então digamos que nem todas as rupturas sejam "sem a menor cerimônia", e que algumas ocorram sob certas cerimônias. Imaturidade! Praticamente todos nós, que iniciamos a vida conjugal, somos imaturos (embora uns mais que os outros). Não há como escapar disso. Mas há como escapar de permanecer na imaturidade por tempo tão dilatado que comprometa a própria sobrevivência conjugal. Arrogância! Se deixarmos que as aspirações pessoais fiquem no cimo por muito tempo, esse contexto logo dará lugar à arrogância. E a arrogância é uma causa letal de qualquer tipo de convivência humana, não só o casamento.  

Bem! Sei que há mais causas, e que, se um bom número de casais estivesse disposto a responder uma enquete, teríamos um retrato muito mais preciso.

E agora? O que fazer? Para onde ir? Que tal assistir uma série de casamentos, sábados seguidos? Não têm, todos eles, as fórmulas seguras para os casamentos darem certo? E por que muitos, cada vez mais, não dão certo? Talvez, porque somos bons aprendizes-teóricos e maus aprendizes-praticantes. E, porque somos maus praticantes? Por causa do "cabresto solto". Desculpem a comparação grotesca, mas se aprendemos dos ensinos do Divino Mestre tudo quanto nos importa para minimizar os riscos dos desacertos da vida, e não colocamos em prática, é porque andamos de "cabresto solto". Podemos até dizer que é Ele quem nos governa, que Deus é quem conduz nossas vidas (inclusive conjugais, e para isto O buscamos perante um altar); na verdade, nós mesmos nos governamos. Dizemos a Ele – Senhor, Senhor! Mas, Ele olha do céu, a um tempo com condescendência e a outro com decepção, e diz, lá na convenção celestial: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que dizem!" 

O "seu" Jurandy e a dona Iracy, aos setenta e cinco anos de casados, dão uma lição a nós outros, ao grudarem as mãos perante o Todo-Poderoso, em oração de santa cumplicidade. Conheço outros que também têm lá suas lições a dar (embora, cada vez mais raros). Para tudo o que eu afirmei atrás há pelo menos uma passagem bíblica pertinente. Mas, como já estamos na Segunda, e a mensagem ficou mais longa que eu esperava, fiquem apenas com uma passagem, pertinente, muito pertinente; pequena, mas sugestiva:
"Três dias depois, houve um casamento… Jesus também foi convidado… para o casamento! " (João 2.1,2, ARA).

O hino de hoje é um clássico. A certeza de sua autoria é inexistente, e a época do seu surgimento é atribuída à segunda metade do século 19, certamente de origem afro-americana.
Te convido a fazer a mesma prece do hino – Ao Teu Lado Quero Andar…
Se dois andarem ao lado de Jesus, no casamento, conseguirão andar juntos, um do outro!

JUST A CLOSER WALK WITH THEE
AO TEU LADO QUERO ANDAR  

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 112 : “ONDE ESTÁ O TEU TESOURO?”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 07 de Julho de 2013

Não faz tanto tempo assim que um conterrâneo cidadão, daqui das Minas Gerais, com sobrenome herdado de um renomado executivo da mineração brasileira do passado próximo, teve seu nome citado na mídia (até internacional) como alguém que queria estar entre os mais ricos do mundo. À medida que passava o tempo, parecia que o "destino" lhe sorria, veloz e prodigamente, pois a mesma mídia anunciava, vez após outra, o aumento de seu patrimônio e riquezas. Depois de certo tempo decorrido, cheguei a ler num veículo de imprensa que ele tinha chegado ao "top ten" mundial. Rápido, viu? Mais recentemente, no entanto, as notícias a seu respeito mudaram vertiginosamente (põe vertiginoso nisso!). Nesta semana, li que houve uma quebra de mais de setenta por cento no patrimônio desse cidadão, com rota de queda se aprofundando. Há empresa sua em que o valor unitário de sua ação na bolsa caiu a um décimo do valor anterior.

Uma ou duas semanas atrás, uma manchete anunciava os sete erros capitais (sem trocadilho com a palavra) do referido: (1) pressa, (2) dispersão de foco, (3) presunção, (4) despotismo, (5) dependência financeira, (6) inconsistência e, (7) silêncio aparentemente indefeso. Cada dia, o mesmo segmento da mídia que explorou, calorosamente, sua imagem para vender suas reportagens com o sucesso aparentemente retumbante, agora explora, dantescamente, sua imagem decaída, para continuar vendendo suas manchetes. E, que ninguém pense que estas referências fatuais que aqui faço, sem indicar nomes e fontes, deve-se a invenção minha: tenho tudo devidamente armazenado em dados jornalísticos. 

Pois eu lhes digo: não vou sucumbir às tentações que frequentemente me parecem mercantilistas desse segmento impressionante da mídia, nem para aclamar, nem para execrar. 
Já estive até prestando serviços para uma das empresas que esse  mesmo personagem constituiu naquilo que alguns resolveram chamar de "império". Conheci um pouquinho de sua história de um ângulo mais próximo. Mas, não vou me proporcionar um papel judicial que não tenho. Ele que se veja com Deus, que é aquEle que dá, e também aquEle que tira, quando quer, como quer e com quem (ou de quem) quer. 
Aliás, querendo Deus, vou eu parafraseando, quem o impedirá? (Isaias 43.13); porque, como Ele mesmo diz: "… para que o saibais, e me creiais, e entendais que sou eu mesmo, e que antes de mim NENHUM deus se formou, e depois de mim NENHUM haverá" (Isaias 43.10, ARA). 
Por outro lado, também não posso deixar de passar esta oportunidade para abordar o assunto. 

"Na terra riquezas são vãs, a glória do mundo é banal; mas, são meus os tesouros do amor, de valor infinito e eternal ", já diz o belo hino de outrora. E, diz mais, em seu estribilho: "Oh! Imensa riqueza do amor, riqueza do amor de Jesus, melhores que o ouro do mundo vil são os bens do amor de Jesus! ".
Conheço um ou outro exemplar raro e nobre de uma espécie em grande escassez: aqueles a quem Deus galardoou com riquezas deste mundo, e que sabem usá-las honrando a glória de quem lhas deu. 
Já tenho tido também o privilégio e a oportunidade de trabalhar com certa proximidade de gente que assim conheci. Gente que reverte parte significativa de seus ganhos, mais volumosos que a média, em honra ao Criador e Provedor da vida e das riquezas. Normalmente, nota-se a sua virtude na medida em que 'teimam' pelo anonimato (virtude dos nobres, aos olhos de Deus). 
Entretanto, o número majoritário e preponderante é constituído dos que batalham sofregamente pelo alto grau de sucesso, seja financeiro, seja empreendedor, esquecendo-se paulatinamente de QUEM procedem todas as suas vitórias e os seus ganhos. Que, em vez de acentuar sua busca pelas riquezas de valor eterno, gabam-se das transitórias e efêmeras que, neste mundo, pensam amealhar em definitivo (pelo menos, é o que pensam). 

Nada é definitivo neste mundo! O caso do assim chamado "fenômeno brasileiro dos empreendimentos" está aí, para comprovar. 
Ninguém é, definitivamente, dono de coisa alguma. Como disse o grande expoente da história do mundo, o personagem Jó:
"Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor " (Jó 1.21, NVI).

Administro, continuamente, os problemas oriundos da derrocada de uma pessoa da minha família que chegou a ter alguns milhões em riquezas; isto, porque acabei por ter responsabilidade pessoal sobre os dias de vida que Deus ainda lhe queira dar.

Em um curto espaço de tempo, um invejável patrimônio virou pó, sob administração irresponsável de outrem! Mais que pó, uma atormentante dívida. Daí me lembro do personagem bíblico da história de Jesus: "Néscio! Ainda esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens entesourado, para quem será? " (Lucas 12.20, tradução livre). 

Para que, por que trocar o brilho do ouro e cristal do reino celeste porvir, pelo brilho efêmero e enganador do ouro terrestre?

Para que, por que trocar a fartura segura  das "ruas de jaspe luzente, juncada de áureos troféus ", daquela promissão eterna do lugar do qual se diz – "metade da glória celeste jamais se contou ao mortal " ?      

Não estou pregando filosofia de vida franciscana (independentemente de quem seja o atual pontífice romano). 

Estou falando de outra coisa: estou falando de assunto que já foi dito:
"Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração" (Mateus 6:21, BCF).

Onde está o teu tesouro? É precisamente onde está o teu coração!

Meu sábio tio valadarense (jequitibano de nascimento) já me disse, algumas vezes, num passado meio distante, mas não esquecido: "Costuma ser muito melhor  aprender com a experiência dos outros, do que com a experiência própria! Porque costuma ser menos doloroso, menos traumático! " O caso do  "fenômeno econômico brasileiro" está aí, pedagógico.

Onde está o teu coração? Nos teus tesouros? Os do presente, ou os que você pensa estarem no futuro próximo?

Finalmente, para lembrança da "velha guarda", o pequeno cântico dos Vencedores Por Cristo.

LÁ ESTÁ O MEU TESOURO (1974, acho eu)

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 111 : “FUGIR?… PARA ONDE?”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 30 de Junho de 2013

O atual escândalo que envolve a gestão Obama, nos Estados Unidos, parece ainda não haver chegado ao fundo do poço. 
As matérias na imprensa amedrontam, sob certo aspecto. Dois funcionários da receita federal norte-americana (o IRS – Internal Revenue Service) declararam ao congresso do país, segundo o The Wall Street Journal, que a ordem para fuçar a vida de determinados contribuintes partiu de Washington mesmo. Quando falo "fuçar", segundo o que se divulga na imprensa do hemisfério norte, implica em muito mais do que se pensa. Até o Facebook de contribuintes pode ter sido vasculhado por "ordens  superiores", no intuito de descobrir-se os posts, as fotos, sites 'navegados',uploads, downloads, arquivos armazenados, opiniões emitidas – tudo! 
Simplesmente, pessoas ligadas ao governo passariam a ter conhecimento de tudo quanto possível, relacionado à vida de certo número de cidadãos norte-americanos escolhidos, sem que eles ao menos suspeitassem, de acordo com o noticiário dos depoimentos. 

Com isso, expõe-se um fato pouco percebido em sua dimensão: com a universalização da internet e das redes sociais, com as máquinas 'plugadas' o tempo todo na rede internacional, o risco de invasão de privacidade multiplicou-se assustadoramente.  Sem querer ser catastrofista, mas parece que, sem devidos cuidados, a vida de alguém, em milhares de arquivos armazenados num computador ligado à net, pode facilmente ser exposta ao avesso. É tempo de por "as barbas de molho". Por nada não: eu mesmo, anos atrás, participei de um fórum privado de relacionamento internético, o qual teve mensagens ilegalmente recuperadas por bisbilhoteiros com más intenções, e expostas em meio a grupo alheio. 

É prá pensar! Já imaginou, um dia, alguém que você nem conhece, manda de volta no seu endereço de email um certo número de arquivos pessoais seus, que você julgava estarem bem guardados no seu computador, somente prá provar a vulnerabilidade da internet? Ou para te assustar? Ou para chantagear? Que pesadelo, não?

Pois bem! Imagino quanto incomoda imaginar que alguém, um dia, possa vir a invadir e expor nossa privacidade dessa forma; mas, talvez não incomode a mim e a muitos dos meus leitores de  hoje que já haja Alguém fazendo isto, neste preciso momento. E há!

Sim, posso te assegurar que há – e não sou eu! 
Aliás, esse alguém já vem fazendo isto há muito tempo; tanto no seu computador, quanto no seu coração e no seu cérebro (e nos meus). 
Você entendeu, suponho!… É Deus mesmo!!! Se nos lembrarmos efetivamente de quem é Deus, de que poderes Ele dispõe (infinitamente mais que os hackers do Facebook ou do Orkut), e do que Ele adverte a respeito, não seríamos tão levianos quanto ao próprio Deus, ante Seus olhos. 

A Bíblia revela dados impressionantes – muito mais do que pode estar ocorrendo nas mídias sociais e nas redes, hoje. 

Por exemplo, três passagens do Antigo Testamento:

"Porque os caminhos do homem estão perante os olhos do Senhor, e Ele considera todas as suas veredas"  (Provérbios 5.21, ARA).

"Em todo lugar estão os olhos do Senhor, vigiando os maus e os bons"  (Provérbios 15.3, BCF).

"Aquelas sete lâmpadas são os olhos do Senhor, que sondam toda a terra"  (Zacarias 4.10, NVI).

 

Então, não deveria arrebatar-nos muito mais atenção e zelo esta constatação, de que Deus perscruta com a mesma precisão, sem erro de interpretação, não apenas o que está no computador, mas igualmente o que está na mente e ainda no coração? Quem mais poderia fazer isto? Trará sobre nós temor o que o homem pode investigar e descobrir sobre a vida de cada um, com o uso da sua tecnologia, mas não trará sobre nós ainda mais temor o que o Senhor, o Deus, Todo-Poderoso, constantemente vê, considera e perscruta, ante cujo olho nada e nenhum escapa, nos seus mínimos detalhes? Você, que entende um pouco mais de informática, sabe o que é um firewall ? É uma ferramenta instalada no computador para proteger contra invasões. Pois eu te digo: não existe um firewall  que se possa usar ante dos olhos de Deus.   

 

No entanto, a mensagem bíblica, da parte de Deus e sobre Deus, não é só temor. Há uma mensagem do Novo Testamento que encampa a do Antigo, e a complementa, reprisando o que também no Antigo Testamento está (Salmo 34).

"Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem males (I Pedro 3.12, ARC).

Consolador, não? Se, por um lado, há severidade no multipresente olhar de Deus quanto aos que lhe desagradam, por outro lado há misericórdia, amor e benevolência no onisciente olhar do Senhor para com os que procuram não ignorar-Lhe os desígnios e prescrições.

 

O salmista proclamou, poeticamente:

"SENHOR, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos.

Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos. Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda.

Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão.

Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado, não o posso atingir.

Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?

Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também;

Se eu subir aos céus, lá tu estás; Se eu fizer a minha cama no mais profundo abismo, eis que estás ali;

se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá.

Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite,

até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa.(Salmo 139.1-12, ARA)

Como provado, há duas percepções possíveis para este quadro. Podemos usufruir do onipresente olhar de Deus por um prisma benévolo, ou por um prisma perscrutador. Depende de nossa atitude perante Deus.

Então, deixo enfim a pergunta de retórica, que dá título a esta singela mensagem: Fugir?… Prá Onde? …

Ofereço, ao final, uma mensagem harmoniosamente cantada pelo Quarteto Templo. 

"Com amor cuidará de ti…"

HOW LONG HAS IT BEEN? (1956)
QUE TEMPO JÁ FAZ? 

Mosie Lister (1921)

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
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BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
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N° 110 : “QUE PAÍS É ESSE?”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 23 de Junho de 2013

A semana termina como extensão do que na anterior havia começado. Extensão no tempo, na intensidade, nas manifestações, nas formas, e nas apreensões. De Porto Alegre e de São Paulo, um movimento que começa reivindicando apenas transporte gratuito (designada pelos reivindicadores como agenda "anti-capitalista") se alastra para todo o país, ampliando-se para uma farta pauta de reivindicações por melhoras, que este país realmente precisa, diga-se de passagem.

Li, com apreensão replicada, o relato de um repórter do jornal Estado de Minas, focalizando acontecimentos de ontem, aqui na capital mineira. "Replicada", porque eram apreensões sobre o que eu já temia ao começo do dia; para quem viveu, mesmo ainda novo, aqueles terríveis dias de 1968 e 1969 numa cidade do interior, ainda que com menor repercussão e menores enfrentamentos (comparada às capitais), mas já com uma ciência razoável deles, e o temor pelo toque de recolher à noite, não teria como não preocupar. Infelizmente, como eu previa, o que, em BH, começou como manifestação pacífica, terminou como um cenário de "guerra civil". Foi uma turba infiltrada, dirão alguns (certamente, com razão); mas, antes, ninguém sabia quem eram, onde estavam, o que carregavam, o que planejaram, a partir de que hora agiriam. Bem, estas toscas mensagens nunca tiveram (e nem agora vão ter) a mesma inclinação que arrebatou muitos evangélicos (até pastores) das duas décadas sob regime de exceção para as discussões políticas, partidárias ou ideológicas. Também não pretendem mostrar insensibilidade à premente necessidade de mudanças que o nosso país, rico e pobre ao mesmo tempo, indiscutivelmente ostenta há tempos. Estas toscas mensagens se preocupam com o evangelho, face ao que o "bem e o mal" de cada dia lhe encaminham.

Sinto que preciso manter o foco. Então, de todas as considerações possíveis para a mensagem de hoje, vou ficar com uma, retirada do desfecho do relato jornalístico de um repórter do Estado de Minas, que acompanhou tudo na ida (6,5 km da Praça Sete à Pampulha) e no retorno, até por volta das 23 horas do Sábado. Depois de tudo relatar, lamentando a infiltração de baderneiros no meio dos mais de cem mil manifestantes do dia, lamentando o que isto provocou – a reação policial, os feridos, os incêndios criminosos, as bombas caseiras, a destruição de patrimônio público e privado, etc… – perguntou ele: Até quando os justos pagarão pelos pecadores ?

Tenho uma, talvez, decepcionante resposta para esta pergunta de retórica: enquanto não nos forem manifestos o Novos Céus e a Nova Terra, nos quais habita a justiça (II Pedro 3.13), não há que se esperar a justiça que só ali reside. Meu amigo e colega, mestre do idioma vernáculo, que me perdoe o artigo singular referente à expressão plural: faço isto como um movimento friamente calculado, para autenticar minha convicção de que "Novos Céus" e "Nova Terra" não são duas realidades distintas, mas uma só e nova realidade escatológica – a nova criação, o novo paraíso, onde o céu encontra a terra, e vice-versa, num "tudo novo". Mas, isto é outro assunto; volto ao principal. O que se viu, especialmente nesta última semana, em nosso país, foi uma imensa massa descontente com as condições de vida na nação, com a nefasta condução que número significativo dos políticos empresta à sua função pública (exceções são honrosas, talvez raras), com o descaso com serviços básicos, essenciais mesmo, que toda campanha política traz como recheio principal das promessas, mas com constatação decepcionante, após. É a decepção, que parece ter chegado ao limite para um significativo contingente da população. Na época de Médici, um slogan tornou-se público: Brasil – Ame-o, ou deixe-o !

Pois bem! Decepção é algo que pode acontecer entre seres humanos. Dos cidadãos para com seus governantes, parece frequentemente inevitável. Amar a pátria, mesmo sob decepção com os que, eventualmente, a conduzem, é desafiador. Deixar o país? Como? Por que? E, para onde?

Mas, meu tempo de ser brasileiro já tem limite previsto! Também tem limite meu tempo de decepções. Já tenho 'cidadania' de uma outra nação, já tenho um outro 'passaporte', que se sobrepõe ao passaporte brasileiro. A nação à qual passarei a pertencer, em definitivo (na verdade, já pertenço, e até exerço, dela, a 'carreira diplomática'), suplantando minha cidadania brasileira, tem um governante que não decepciona. Lá, aliás, o regime de governo não é o de uma república; tampouco é lá uma monarquia ornamental, do tipo parlamentarista – o regime de governo do meu novo país é uma monarquia absolutista, porque seu Rei não aceita dividir seu poder com ninguém mais; e, quem ousa desafiá-lo será trazido aos Seus pés (Salmo 110.1; I Coríntios 15.25).

Lá, o governo é também concentrador – a mesma pessoa assume o papel de legislativo, de executivo, e logo se manifestará na toga branca do judiciário (e este, exclusivamente monocrático). Estou falando, obviamente a alguns, da "pátria celestial"; estou falando do Rei Jesus, o único que legisla coerentemente, que governa retamente e que julga justamente.

"Eu dei a eles a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não pertencem ao mundo, como eu não pertenço ao mundo. Não te peço para tirá-los do mundo, mas para guardá-los do Maligno. Eles não pertencem ao mundo, como eu não pertenço ao mundo." (João 17.14-16, BCF).

Eu estou plenamente ciente de que não é sensato e pertinente assumir a típica postura ascética medieval, buscar um mosteiro, ou uma caverna e isolar do mundo, mesmo em tempos de crise. Tampouco, me coloco sob aidentidade de um dos apelos anabatistas do século XVI, pregando a alienação do espírito patriótico. Entretanto, num momento como este, é necessário ao cristão lembrar que "o mundo passa, bem como a sua concupiscência  [avidez pelos efêmeros prazeres mundanos]aquele, porém, que faz a vontade de Deus, permanece eternamente" (I João 2.17, ARA). Ademais, foi o próprio Filho de Deus quem proclamou: "O meu Reino não é deste mundo. Se fosse, os meus servos lutariam para impedir que os judeus me prendessem. Mas agora o meu Reino não é daqui" (João 18.36, NVI). Eu te convido: Faça uma autocrítica sincera… Você tem certeza de que o nível de suas preocupações e aspirações com as contingências deste mundo, que passa e passará, está dentro de limites aceitáveis? (nota: quem diz quanto é aceitável não é você, nem eu – é a Palavra de Deus!). Tem certeza de que a expectativa do Rei da Glória, que demanda, através da voz do apóstolo – "Pensai nas coisas lá do Alto, não nas que são daqui da terra; porque morrestes, e  a vossa vida está oculta, juntamente com Cristo, em Deus"(Colossenses 3.2,3, ARA), não está sendo sobrepujada, ofuscada, empanada, toldada? Tem certeza de que sua expectativa por mais justiça neste mundo não está tornando translúcida (ou até opaca) a sua expectativa de que é no Novos Céus e Nova Terra que encontraremos verdadeira justiça? Tem certeza de que a decepção pelos homens que legislam, que governam e que julgam, está, como deveria, reforçando a convicção de que o Grande Legislador, Rei e Juiz é o único que a ninguém decepciona, e que, em momentos como o presente, convém a Ele nos achegarmos mais? De mim, para mim mesmo, é este o teor da minha oração!

Que país é esse (não digo "este")? Esse é aquele país, do qual a minha cidadania está garantida! O passaporte está na minha mão, emitido e assinado em carmesim, não o carmesim das bandeiras das ruas, mas o carmesim do sangue do Cordeiro, o Rei da Glória! …

Nossa mensagem musical final é uma composição de 1973.

Nela, o casal compositor retrata o contraste entre a possibilidade de encontrar com os grandes deste mundo, ou possuir suas riquezas, e encontrar com o Rei da Glória, ou usufruir de Seu reino, aqui e no porvir…

Com minha livre [e pobre] tradução, na voz de John Minnick e coro…

COME, SEE ME (1973) 
Venha Estar Comigo
Bill & Gloria Gaither

I can't tell what's deep inside earth's buried caverns
Não posso te falar quantas profundezas há nas cavernas subterrâneas
I've only read about their jewels, rich and rare
Apenas tenho lido acerca de suas ricas e raras jóias
I've not explored the depths of any ocean
Não tenho explorado as profundezas de um só oceano
But when you want to meet the Savior, I've been there! 
Mas, quando você quiser conhecer o Salvador, isto eu conheço!
When you're ready to meet Jesus, come see me, come see me
Quando você estiver pronto a encontrar-se com Jesus, venha estar comigo (2x)
When you're sick of sin and longing to be free, to be free
Quando você estiver triste pelo pecado e desejoso de ser livre (2x) 
When you need a love that's so much deeper than your deepest sin
Quando você precisar de um amor que é mais profundo que seu mais grave pecado
When you're ready to come home again no matter where you've been
Quando você estiver pronto a 'voltar prá casa', não importando onde tenha estado
When you're ready to meet Jesus, come see me, come see me
Quando você estiver pronto a encontrar-se com Jesus, venha estar comigo (2x)

I've not walked or talked with earth's most famous statesmen
Não tenho andado ou conversado com os mais famosos estadistas da terra
And chances that I'll ever meet them all are dim
E as chances de que venha encontrar-me com eles são escassas
But if you'd like to know the King of Glory
Mas, se você gostaria de conhecer o Rei da Glória 
I can take you to meet Jesus, for I know Him!
Eu posso trazer você ao encontro de Jesus, pois eu O conheço! 

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
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N° 109: “CTRL+Z”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 16 de Junho de 2013

"Inspirado" na idéia da conversa com um amigo, atualmente do cotidiano, começo a mensagem de hoje com uma lembrança. 

Pouco tempo depois que segui para o seminário em Recife, a fim de cumprir meu curso teológico, encerrou-se a era dos missionários norte-americanos em convênio de sua denominação com a minha, em solo pátrio. Na verdade, sua denominação, mos Estados Unidos, deixou de existir, devido a uma fusão com outra, naquele país. 
Conheci vários deles, naquele tempo – Curtis Goodson, James Wright, Eliza Pierre, Ann Pipkin, Delores Horne… Desta última, leguei uma herança (por um módico preço, doação de minha mãe) que me seria útil por todo o curso: uma Smith-Corona. Não! Não era uma motocicleta, nem um avançado chuveiro elétrico de 4 estações, para os "rigorosos" invernos do nordeste. Era uma máquina datilográfica, para meus trabalhos escritos (tenho-na até hoje – embora sem uso).  

É isto! Naqueles bons tempos, ainda era coisa de futuro o tal de computador pessoal, com impressora própria e tudo. A minha Smith-Corona tinha algumas vantagens em relação às nacionais. Mas, tinha uma desvantagem, comum a todas elas – se errasse o texto, somente duas opções: arrancar a folha do cilindro do "carro", ou apagar o erro com um "errorex", ou outro recurso semelhante. No primeiro caso, simplesmente um novo recomeço, eliminando os vestígios do erro; no segundo caso, menos trabalho e menos tempo (em geral), mas os vestígios far-se-iam inevitáveis. Ficavam os borrões. Tempos bons? 

O advento do PC trouxe uma vantagem indiscutível, gigantesca: o recurso conjunto das teclas CTRL+Z. Já viu né? Edita-se um texto, vem um erro… CTRL+Z resolve, e elimina o erro sem deixar vestígios; labora-se uma planilha, vem um erro… CTRL+Z resolve, e elimina o erro sem deixar vestígios; efetua-se  um desenho, ou um projeto, vem um erro… CTRL+Z resolve, e elimina o erro sem deixar vestígios. Que maravilha! Nada tão útil para a vida!!
Acontece que (voltemos à realidade), para esta nossa vida presente, não existem as tais teclas CTRL+Z. Nosso curso existencial é como a minha antiga Smith-Corona, e todas as máquinas do ramo. Quando cometemos um erro (ou dele somos vítimas), qualquer tentativa de apagá-lo, por mais eficaz que possa ser, continua deixando suas marcas e vestígios. Podem até ficar temporariamente esquecidos, "meio" ocultados, mas não passa disso. Quisera tivéssemos um recurso como dos computadores, mas não temos.  

Já imaginou, que bom seria, ter um CTLR+Z para a vida? Para o curso pessoal dela (curso próprio, bom demais; curso alheio, não haveria melhor…). 
Um simples pressionar de teclas CTRL+Z e…zap : acabou, deletou, ou ainda, volta-se ao estágio anterior do erro, como se ele nunca houvesse existido.  
É… Mas não existe!

Por tal razão, é de suma importância seguir as recomendações do "Manual do Fabricante"; quero dizer, o "Manual de Instruções do Criador". Nele, já está previsto que, enquanto vagueamos pelas rotas da vida de aquém, enquanto não andamos nas ruas "de ouro e cristal" da cidade de além, erros ocorrerão; mas, também está no livro previsto que, se seguirmos as suas sábias instruções – conquanto são instruções do Criador (o "fabricante"), esses serão minimizados (em número, extensão e profundidade). De vez em quando, um "errorex" vai ter que ser usado, mas até no fazê-lo (e como fazê-lo) há prescrição no Manual. E, se o erro for de consideráveis proporções, inevitáveis serão os borrões, mas serão menores e mais superáveis se, ainda, as instruções do Divino Livro  de que vos falo forem seguidas… Atentem, por exemplo, às seguintes notificações:
Como é feliz aquele que… ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.” (Salmo 1.1,2, NVI).
Não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado” (Provérbios 19.2, ARA).
Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.“ (Lucas 14.28-30).

Estas instruções ajudam a perceber que, já que não há CTRL+Z para atitudes e palavras, efetuadas e liberadas, em nossa vida, melhor é ponderá-las segundo as instruções do Criador antes de efetuá-las e liberá-las… E fazer isto quanto tempo for necessário, mas sempre antes.

Chorar o arrependimento por atitudes, decisões e palavras trazidas a lume sem a devida reflexão, sem a devida maturação, sem a devida “quarentena” diante de Deus é arriscado.  

Porque, não há teclas CTRL+Z para esta vida … !!! …

Mas, e o que fazer quanto às atitudes, decisões e palavras já desencadeadas sem a devida reflexão?  Primeiramente, lembro meu venerando professor com sua expressão didática:
Aguente, irmão”. Como? Uma vez que muitas delas são, como de fato são, irreversíveis, é preciso buscar forças no Senhor para aguentar. Nas mãos dEle, sempre é melhor.
 Lembra Davi? Uma decisão precipitada, segundo o coração humano, para fazer o recenseamento em Israel, e veio a reprovação do Senhor. O profeta Gade trouxe três alternativas para punição-de-aprendizado: Três anos de fome, três meses com os inimigos ao encalço, ou três dias sob o peso da mão do Senhor. “Estou, respondeu Davi, numa cruel angústia. Ah! Caia eu nas mãos do Senhor, porque imensa é sua misericórdia; mas que eu não caia nas mãos dos homens!“  (I Crônicas 21.13, BCF).

Em segundo lugar, uma boa novidade, promissora novidade… Já está quase disponível a opção de CTRL+Z para quem quiser… Gostou da novidade? É verdade!

Mas não é para esta vida:
Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.” (Apocalipse 21.1-5, ARA).

Tudo está bem perto de fazer-se inteiramente novo. Todas as nossas burradas daqui, nossas precipitações, nossos erros, nossas palavras mal-ditas, nossas decisões equivocadas vão desaparecer, quando tudo novo se fizer. Maranata! (Mas, até lá, sem chance de CTRL-Z; acautelemo-nos, pois…).

Inspirado na maravilhosa composição de James Cleveland Moore (1888-1962), ouça, então, o belo hino a seguir, na voz dos Arautos do Rei.

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
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ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
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N° 108 : “A PAINEIRA E O FLAMBOYANT”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 9 de Junho de 2013

Ontem, chamou-me a atenção uma dupla inusitada: Uma paineira ao lado de um flamboyant, ambos de altura idêntica. 

A paineira é uma árvore interessante… Robusta, chega a alcançar cerca de vinte metros. Seu fruto, muito bem aproveitado pelos que vivem no campo, quando se estoura e liberta aquele chumaço branco igual algodão, faz com que as pessoas da cidade se iludam, ao dizerem que "suja" o chão.  Seu caule é um dos mais eficientes na sintetização da clorofila (por isto conserva seu esverdeado por tanto tempo). Em toda a sua existência até fim da 'juventude', expõe em seu tronco grande número de espinhos ("acúleos"); quando chega a maturidade, porém, caem vários de seus 'espinhos'. A que vi, ontem, tinha muitos acúleos, e também muitos frutos, em pleno Outono. 
O flamboyant é uma árvore que não costuma chegar à altura da paineira (a fase das duas que vi eram exceção), mas costuma mostrar a base do tronco entre as mais exuberantes no meio das grandes árvores. Sua flor avermelhada é grandemente apreciada em Israel, assim como em vários países do mundo (inclusive no Brasil, por quem aprendeu a apreciar as árvores). 
Nas duas que vi, havia não poucos ninhos de joão-de-barro. 

As duas juntas – a paineira e o flamboyant – se tornam ícones de  certas virtudes morais (quiçá, até espirituais). Por exemplo, a força, a resistência, a resignação, a longevidade, até a esperança. A propósito: faltou dizer o lugar onde as vi…
Eu as contemplei, e para elas chamei a atenção dos dois  amigos que andavam ao meu lado, junto ao passeio de uma das vias internas do cemitério Bosque da Esperança. Ali tínhamos acorrido para entregar aos cuidados da natureza – ferramenta das mãos divinas – o corpo da nossa irmã e amiga Beatriz (Bia). Esta, cristã, esposa e mãe, lutou quanto pôde para vencer um câncer… Este, como disse eu no ofício, mero instrumento de Deus para investir a Sua serva na Bem-Aventurança da glória. Quando Deus fêz isso? Na última Sexta, aparentemente num momento que a todos poderia parecer mais cedo do que devia (Mário, Karen e Sara que o digam, com razões e sentimentos perfeitamente compreensíveis); mas, no tempo certo de Deus, uma vez que, mais cedo do que aos olhos humanos poderia parecer, deliberou Ele colocar sob a recompensa da herança celeste a Sua preciosa filha. É assim mesmo: a nós, como é natural, pode parecer "antes do tempo";  Mas, o Todo-Poderoso, que sabe (sabiamente sabe) o tempo e o modo para tudo, debaixo do sol, sabia que o tempo para que a Bia ouvisse –
– "Bem está, servo(a) bom(boa) e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei: entra no gozo do teu Senhor!" (Mateus 25.21, ARA), era agora. 
Como disse eu por lá (e é assim que penso): não há mais cedo, para Deus! Um câncer, um infarto, uma queda fatal, uma cirurgia insucedida, seja o que for, nada mais são do que instrumentos de Deus para  investir os filhos da Promessa, nesta Promessa. E, em alguns casos, ao parecerem "mais cedo do que o devido", parecem-me algo diferente: parecem-me a formalização da decisão divina, de premiar mais cedo do que pensamos que deveria; de recompensar mais prontamente. 
"Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem  no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem de suas fadigas, pois as suas obras os acompanham." (Apocalipse 14.13, ARA). 

Aquela paineira, ao lado daquele flamboyant, vistos por mim tanto na ida quanto na volta do trajeto, a pé, fizeram meu pensamento vaguear… 
Somos como a paineira: até certa altura da existência, podem chamar atenção os espinhos; mas, chegando a fase da maturidade, mais chamam a atenção os frutos, o verde do caule que permanece, a quantidade dos frutos que prevalece, e a beleza deles, quando enchem de branco o vento e o chão; os espinhos vão desaparecendo. Somos, também, como o flamboyant: no Outono, quase se vêem apenas o caule e os ramos ressequidos e sem folhas; mas, quando chega a Primavera, aquela multidão de flores de longe chama a atenção. Pelo menos, assim que o Criador planejou, tanto para  a  paineira e o flamboyant, quanto para nós. "Na velhice, darão ainda frutos; serão cheios de seiva e de verdor" (Salmo 92.14, ARA). 

A propósito, hoje, cedo, li o Salmo 100. O Verso 4 chamou-me especial atenção. 
Resolvi lê-lo numa das versões católicas… Eis como se escreve: 
"Entrem por suas portas dando graças, com cantos de louvor em seus átrios, celebrem a ele e bendigam o seu nome " (BCF, versão da CNBB). 
Sei que este convite imperativo tem seu objeto primário aqui, neste mundo; mas, sua implicação permanente é no porvir… 
Fiquei imaginando como seria a realização disto quando alguém, como a Bia, de Sexta para Sábado, entra nos Portais da glória, e encontra o seu Senhor… 
Procurei um hino que tenho, em minhas gravações, e adaptei-o, nos meus ouvidos, à situação que minha imaginação acolheu, sob os parâmetros do Livro-Que-Fala-da-Glória-Eterna… 
Então, ouça o hino,  e tente imaginar também; aliás, ainda que custe emoções, tente se imaginar ao ensejo deste preciso momento…
Por causa dos compromissos deste fim de semana, ficarei devendo, por ora, a autoria… 
Com tradução livre (talvez, "livre" até demais) 

INTO HIS PRESENCE, WITH SINGING
ADENTRANDO EM SUA PRESENÇA, COM CÂNTICOS
Ponder, Harp & Jennings

Glory surrounds us,
Glória envolve-nos,
Blessings await us,
Bênçãos aguardam-nos,
As we come before the King…
Ao encontrarmo-nos na presença do Rei…
Power abunds;
Poder é abundante;
Ours for the asking
E faz-se nosso, pela petição
Joy from His eternal suite!
Gozo da parte de Sua eterna possessão! 

Give all your burdens
Deponde todos os pesares
Unto the Savior, 
Nas mãos do Salvador 
Hear Him say "Peace be still"!
Ouví-Lhe dizer "Paz seja convosco!"
Victory in battle,
Vitória na batalha
Comfort in trial,
Conforto na provação,
With His Spirit be filled.
Sede cheios com Seu Espírito!

Into His presence with singing…
Adentrando em Sua presença com cânticos…
Into His courts with praise…
Em Seus átrios com [hinos] de louvor… 
Be thankful to Him, bless His name..
Sede agradecidos para com Ele, bendizei-Lhe o Nome…
The Lamb is worthy of praise!
O Cordeiro é digno de louvor!
Through His gates with thanksgiving
Por entre Seus portais, com ações de graças
Hear hosannas ring…
Ouví ecoar 'hosanas',
Into His presence with singing,
Adentrando em Sua presença com cânticos…
Praise to our soon coming King.
Louvor ao nosso Rei, que breve vem!

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 107 : “TOMAI, COMEI…”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 26 de Maio de 2013

Nesta semana, minha lembrança foi levada de volta a um fato chocante, ocorrido em 1972. Ficou conhecido como o "milagre dos Andes". 

Minha atenção mais ainda retrocedeu a ele, ao ver um dos documentários produzidos sobre o episódio. 
Uma aeronave da força aérea uruguaia, com cinco tripulantes, transportava mais quarenta pessoas, incluindo uma equipe de rúgbi, em direção ao Chile. 
No dia 13 de outubro, pensando já ter contornado, pela zona sul, a parte mais elevada da cordilheira dos Andes, o piloto guinou a aeronave rumo a norte, no meio de espessa neblina, em busca de Santiago, e começou a descer. Poucos minutos depois, dois choques em picos a 4200 metros de altitude despedaçam, sucessivamente, a asa direita e a esquerda da aeronave. Em seguida, como numa cena inimaginável, o "charuto" (aberto na retaguarda) do aparelho começa a deslizar ladeira abaixo na neve, até parar cerca de 800 metros mais embaixo, num lugar remoto chamado "Vale de Lágrimas" (mas é um vale glacial); em volta, só montanhas e vulcões, com altitudes entre 4200 e 5400 metros, cobertos de gelo e neve. 
No acidente, doze vidas a menos; até dia seguinte, com uma temperatura que caiu a 34° negativos durante a noite, mais cinco perdas, ficando vinte e oito sobreviventes iniciais. Uma avalanche de neve, dezesseis dias após o acidente, ceifou mais oito dos vinte e sete que ainda restavam. De outubro a dezembro, restariam dezesseis sobreviventes, durante 72 dias de um isolamento gelado singular. 

Uma notícia ouvida pelo rádio, apenas dez dias depois do acidente, impõe um rumo inusitado à história da tragédia: as expedições conjuntas de busca dos três países – Uruguai, Argentina e Chile – decidem encerrar as buscas, por considerarem muito difícil a localização dos destroços e impossível de haver sobreviventes. Ao ouvirem isto, dois sobreviventes, estudantes de medicina, sabedores da extinção a curtíssimo prazo do que se alimentarem, levam o grupo a uma decisão inusitada: suprir a necessidade com a carne gélida dos mortos. Um dos primeiros a encorajar os demais toma a lembrança da instituição da Ceia na última páscoa de Jesus Cristo, especialmente a frase – "tomai e comei: isto é o meu corpo, partido por amor de vós! ", interpondo a analogia para sublimar a dor de ter que recorrer a ato tão extremo, em busca de sobrevivência de longo prazo. Depois da notícia do rádio, mais de dois meses ainda se passariam ali. Até alguns dos moribundos encorajavam os que ficavam, parafraseando as palavras de Jesus – "Tomai, e comei, de mim, e vivei !" (dá prá imaginar ?). 
Dezesseis sobreviventes dos quarenta e cinco ocupantes originais do avião foram resgatados às vésperas do Natal de 1972, depois que dois deles atravessaram picos e vales congelados,  em busca de socorro, até encontrarem. Ao ensejo do recente cômputo de 40 anos do resgate, quando perguntado sobre a sensação, depois de tanto tempo, quanto ao "ato extremo de canibalismo", um dos sobreviventes respondeu:
– Nós não fizemos 'canibalismo'; apenas, sobrevivemos! Aquilo foi a nossa única salvação! 

Nos séculos segundo e terceiro da era cristã, muitos houve que, sem conhecimento de causa, acusaram levianamente os cristãos da prática de canibalismo. 
Diziam serem os cristãos indignos de prevalecer no 'justo' império dos césares, porque continuamente faziam uso da prática de comer a carne de um certo morto. 
Foi necessário esforço da parte dos apologistas cristãos, para explicar que as palavras – "Tomai, comei; isto é o meu corpo" (Mateus 26.26) não são uma ordem literal, antropofágica; ao contrário, trata-se de um imperativo-vocativo de teor figurado, espiritual. 
Um deles, o ateniense Atenágoras (133-190 d.C.), endereçou uma magistral missiva aos imperadores, desmistificando a acusação de que os cristãos seriam "antropófagos", "canibais". De fato, disse o Filho de Deus:
"Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim " (João 6.54-57, BCF). 
Mas isto precisa ser compreendido pelo prisma da comunhão espiritual, embora guarde sua própria relação com a celebração pascal.

Quando digo imperativo-vocativo, é isso mesmo que quero dizer. 
Penso haver um conteúdo primário nas palavras, no sentido em que Jesus colocou aos seus discípulos na primeira celebração. 
E este sentido é mesmo um imperativo. É a maneira pela qual se pode discernir que Jesus Cristo está, de fato, e em matéria espiritual, presente e acessível a um cristão em comunhão verdadeira com ele, quando este recebe o elemento que traduz o seu corpo, maltratado, castigado, açoitado, crucificado, lancinado e fenecido por amor vicário e expiatório de seus amados. Pena que, hoje, haja tantas pessoas entrando numa igreja (e, não poucos já à frente dela) subestimando e depreciando o profundo significado deste ato. Pena, ainda mais, que tantos estejam em atitude de indiferença (quando não de desprezo) a este imperativo sagrado do Mestre e Senhor, já andando longe daquele lugar especial onde se rodeia, convenientemente, indispensavelmente, a mesa eucarística.  

Mas, tenho certeza de que, após aquela primeira celebração, a repetição da mesma sentença assume também um caráter vocativo. 
Trata-se, para os que, 'inda hoje, ouvem a milenar sentença, mas não se enquadram ainda na condição dos primeiros logo acima, de uma autêntica conclamação. 
Assim como o Mestre, por meio de Sua Palavra, diz aos que estão fora do seu íntimo convívio – "Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso"(Mateus 11:28, NVI)… 
Assim como, por igual instrumento, diz ainda "todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora" (João 6:37, ACRF), assim também, ao ter sua sentença 'inda hoje repetida à frente daquela mesa, ecoa nas mesmas palavras um convite, um chamamento. 
"Tomai, comei… " também pode ser traduzido como um chamamento externo a Ele próprio. 

Se a carne literal  de vítimas fatais de um acidente  significou vida, sobrevivência, salvamento para dezesseis derradeiros do vôo F571 nos Andes, muito mais a carne do Filho de Deus, mutilada, sangrada e morta, por amor de um pecador, na cruz do Calvário, é a única salvação para esse que almeja a vida eterna. 
Sem Ele, sem o seu sangue, sem seu sacrifício, sem a sua cruz, estaríamos irremediavelmente perdidos, como as muitas vítimas do vôo F571 que ficaram involuntariamente sepultadas no gelo e na neve das montanhas do Vale de Lágrimas, nos Andes. Sem Ele, quão perdidos seríamos, ou estaríamos… 
Então, por que ficar distante dEle? 
"Porque o filho do Homem veio buscar e salvar o perdido" (Lucas 19.10, ARA).

Nos anos Sessenta, um dos filhos de Urias e Eva Mae LeFevre compôs um belíssimo hino (sua mãe, Eva, já "cantou para nós" aqui, numa mensagem passada – "I've Got a Mansion Just Over the Hilltop! "). Mal sabia ele que, quando de uma apresentação do hino em certo auditório, lá se encontrava Elvis Presley. Para sua surpresa, o famoso cantor o procurou e revelou sua intenção de gravar um disco só com hinos (veio a ser How Great Thou Art), e de incluir nele o hino que acabava de ouvir.
E assim, o nosso hino de hoje entrou na coletânea de Elvis. 
Mas, os dias da juventude roubaram deste nosso compositor o calor espiritual em que foi criado; o caminho para a sequidão das drogas e da sedução existencial lhe estava escancarado. Trocou os hinos pelo rock. 
Em 1973, quase morreu de uma overdose de heroína; sobreviveu. Depois de um massivo ataque cardíaco em 1989, que quase levou a vida do nosso compositor, voltou-se ele inteiramente ao Seu Redentor. 
Passou, então, a cantar o seu hino com um significado novo, mais brilhante. Por isto disse: 
"Eu era um cristão que pouco testemunhava, pouco cultuava, mas muito me envolvia com o rock! "
A partir de então, intensificou sua agenda de pregação e testemunho, e seu hino adquiriu um novo contorno. 
O sentimento pela sua vida resgatada em Cristo passou a exibir uma intensidade ainda maior que a dos dezesseis sobreviventes do "milagre dos Andes". 
Ouça aqui o hino, no belo arranjo de Ponder, Harp & Jennings…  

WITHOUT HIM… 
SEM ELE…, 1962
Mylon R. LeFevre (1944…)

Without Him I could do nothing… 
Sem Ele eu nada poderia fazer… 
Without Him I'd surely fail…
Sem Ele eu certamente falharia…
Without Him I would be drifting
Sem Ele eu vagaria
Like a ship without a sail!
Como um barco sem vela! 

Jesus, my Jesus
Jesus, meu Jesus
Do you know Him today?
[Se] você o conhece hoje
You can't turn Him away!
Não há como descartá-lo!
Oh! Jesus, my Jesus
Jesus, meu Jesus
Without Him, how lost I would be!
Sem Ele, quão perdido eu estaria! 

Without Him I would be dying
Sem Ele eu estaria em morte iminente
Without Him I'd be enslaved
Sem Ele eu estaria escravizado
Without Him I would be hopeless
Sem Ele não me haveria esperança 
But with Jesus, thank God, I'm saved!
Mas com Jesus, graças a Deus, sou [estou] salvo!
 

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 106 : “ALGO BELO – II”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 12 de Maio de 2013

Qual data anual é a "melhor" para o comércio, em geral?    É o Natal ! 

E, depois dela ? É o Dia das Mães !
Em 1865, para promover melhorias e esperança nos lares de milhares de viúvas e órfãos da Guerra da Secessão norte-americana (1861-1865), Ann Maria Reeves Jarvis, movida por espírito cristão, lançou a campanha do Mother's Friendship Days (Dias de Amizade/Fraternidade entre/para com Mães). Em Maio de 1907, dois anos depois da sua morte, sua própria filha – Anna Jarvis, junto com amigas, lançou o memorial em homenagem a todas as mães, o que se transformou no feriado de segundo domingo de Maio. 
Sua grande tristeza, porém, foi ver quanto a exploração comercial se sobrepôs ferrenhamente ao motivo do memorial. 

Anos atrás, ao ir à floricultura de minha predileção para adquirir dois ramalhetes (era ocasião de Dia das Mães), brinquei com uma das filhas do proprietário:
– Vocês estão tendo muito trabalho pelas mães dos outros; vai sobrar tempo para a mãe de vocês?  
É o tipo de pergunta que eu não deveria ter feito… Mas, pela minha ingênua ignorância, só descobri que não devia ter feito depois de tê-la feito… 
Descobri, pela gentil resposta dela, que as três meninas (hoje todas casadas, duas já mães, e ainda dividindo com o pai a floricultura) já não tinham sua mãe viva. 
De lá prá cá, cresceu minha admiração pela maneira, sempre gentil com todas as pessoas, que as três preparam seus belos ramalhetes para mães de todos que as procuram para homenagear suas mães… Ou mesmo, como desempenham com virtude o seu trabalho, qualquer ocasião do ano… 
Cresceu também minha admiração pela convivência harmoniosa e respeito que têm pelo seu pai, desde o início do negócio…
E cresceu também essa admiração pelo fato de que, já na fase da maternidade própria, mas não mais tendo sua mãe a homenagear, nunca as vi de atitude desagradável ou sem simpatia, para com quem quer que fosse… Mesmo no dia das mães… 
E assim, Andréa, Ana Paula e Flaviana me parecem ser um daqueles casos que a vocação e a dedicação estão acima do senso meramente comercial. 
Me parecem, também, ser um caso típico a mostrar como a superação está ao alcance… 
E, estou certo de que posso dizer em acréscimo, principalmente se Deus estiver presente! Marcantemente presente!!!

Porque, Deus é assim: Ele é quem dá, a uma mulher, o dom de ser mãe;  também é Ele, quando quer (invariavelmente por motivos sábios que escapam à nossa percepção e compreensão), quem veda a algumas esse dom (certamente dando-lhe outros dons raros, em substituição). Às vezes, pode custar tempo a estas a chegada da compreensão pelo fato; em alguns casos, concluo eu, será preciso adentrar as portas do céu, à presença do próprio Todo-Poderoso, para se alcançar essa compreensão… 
Até o mais autorizado porta-voz de Deus-Pai afirmou, aos discípulos, certa circunstância :
"O que eu faço agora não podeis compreender neste momento; compreendê-lo-eis depois"(João 13.7, em tradução livre). 

É Ele também quem, após haver dado o dom, pode propiciar os dividendos apropriados da maternidade;  por tais dividendos, filhos e filhas se tornam não poucos motivos de alegria para suas mães (e, por que não dizer, também aos pais?). 
Mas, também é Ele quem pode propiciar o dom da esperança por melhores dias, quando a maternidade traz consigo "dividendos" não previamente planejados, nem desejavelmente contabilizados. Com tal dom, Ele pode possibilitar ao coração de uma mãe (e, por que não, também ao de um pai?), a cada novo dia quando renovadamente surge o sol, a confiança de que sonhos tais quais castelos que pareciam de areia, pela fragilidade de se sustentarem, possam ser restabelecidos tais quais uma "fênix" que surge das cinzas…  
É Ele quem, no meio de uma neblina tal qual atravessa noturnamente uma embarcação no oceano, ou no meio de uma espessa nuvem tal qual atravessa uma aeronave nas alturas, permite vislumbrar à frente o que as funções da íris, da pupila e da retina não permitem ver… 
O "radar" mais poderoso que existe na terra (ou no espaço, da terra lançado) não consegue garantir "cem por cento" o que se imagina à frente; mas, o de Deus pode!
É precisamente Ele, e tão-somente Ele, quem pode proporcionar com êxito, e conduzir a bom termo, uma gestação, apesar de todos os riscos e ameaças; e é Ele, tão somente Ele, quem pode plantar no coração de uma mãe o profundo sentimento de que foi Ele quem "plantou", lá no seu interior, uma sementinha de vida, ou quem dá a impressão de que divide com ela a função de cuidar, até que, algum dia, alguém no altar  'diga' em 'voz' silente, tácita – "De agora em diante, cuido eu ! ". 
E, como é difícil para uma mãe reconhecer que chegou esse dia. Simplesmente porque – fenômeno quase inexplicável – é mãe! Nada mais que isso. 
No entanto, mãe com vero sentimento de mãe se conforta, sabendo que o Criador não está debaixo da imposição desse limite, mesmo que se quebre a promessa por quem a faz; simplesmente, sussurra Ele ao coração da mãe:
– "Não se preocupe; sua função de cuidar tem um limite aqui, mas Eu continuo!  A minha função, o meu cuidado, não termina por aqui  !!!"
"E agora, eis o que diz o Senhor, aquele que te criou, Jacó, e te formou, Israel: Nada temas, pois eu te resgato, eu te chamo pelo nome, és meu.
Se tiveres de atravessar a água, estarei contigo. E os rios não te submergirão; se caminhares pelo fogo, não te queimarás, e a chama não te consumirá. Pois eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel, teu salvador
" (Isaías 43:1-3, BCF).
Acima da tentação de tomar estas palavras pelo seu senso estritamente literal, sobretudo prevalece seu senso espiritual; mas vale para a vida por inteiro.

Há muitas histórias de vida das quais eu gostaria de saber mais; como a da Andréa, Ana Paula e Flaviana. 
Procurar compreender como, em que extensão, com que grau de compreensão e sensibilidade, Deus transformou adversidades em superação; transformou tons cinzentos em leques multicores. Não há, aqui, ilusionismo do "tudo-cor-de-rosa". Estou ciente de que ninguém está livre das  limitações, obstáculos, dificuldades e lutas que, de modo comum, esta vida impõe. Afinal, enquanto por aqui estivermos, enquanto não vier Aquele que prometeu o ato brevemente futuro
"Eis que faço novas todas as coisas !" (Apocalipse 21.5, ARA), e enquanto não cumpre o que prometeu, há muita neblina; há muita cerração; há espessas nuvens a transpor; há excessos de tons cinzas na existência. Mas, mesmo no meio da neblina, da cerração, das opulentas nuvens e do cinzento que mostra o dia, mesmo no meio do denso vapor que resta de um dilúvio, há um arco-íris legítimo, não usurpado para fins ilegítimos, um arco-íris de esperança, de que o dilúvio tem dias contados, de que a neblina e as nuvens se dissiparão, de que o cinza será revestido, de novo, de todas as cores vivas da renovação da vida. 
A dádiva da maternidade, parece-me, comporta um 'que' de confirmação desta esperança, bíblica esperança, esperança divinal. 
Por um milagre divino, dádiva celeste, um "tudo novo", um "algo belo" vai se mostrar em breve… 
E pode começar já, por aqui mesmo…
"E, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas antigas já passaram, eis que se fizeram novas" (II Coríntios 5.17, ARA).

Com um feliz Dia das Mães que deixo a todos que se deram ao trabalho de chegar até estas linhas finais, e minha palavra de homenagem a cada mãe que delas vier a tomar conhecimento, deixo também a rica mensagem do hino que escolhi para a ocasião

SOMETHING BEAUTIFUL, 1971
ALGO BELO
Bill (1938… ) & Gloria Gaither (1942…)

Something beautiful, something good
Algo belo, algo bom

All my confusion He understood
Toda a minha confusão, Ele teve compreensão

All I had to offer Him was brokeness and strife
Tudo o que eu tinha a oferecer a Ele [de mim mesmo] era ruptura e demanda  

But He made something beautiful of my life!
Mas Ele fêz algo belo da minha vida!

If there ever were dreams
Se alguma vez houve sonhos
That were lofty and noble
Que fossem sublimes e nobres

They were my dreams at the start
Eles foram meus sonhos, no começo

And my hopes for life's best
E minhas expectativas pelo melhor da vida

Were the hopes that I harbored down deep in my heart
Foram expectativas que eu abriguei no fundo do meu coração

But my dreams turned to ashes, my castles all crumbled,
Mas meus sonhos se transformaram em cinzas, meus castelos todos desabaram

My fortune turned to loss
Minha sorte se tornou em perda 

So I wrapped it all, in the rags of my life
Então eu empacotei tudo nos trapos da minha vida

And I laid it at the cross…
E depositei tudo [aos pés] da cruz…

Oh! How I Love Jesus; oh! How I Love Jesus
Oh! Como eu amo a Jesus; oh! Como eu amo a Jesus 

Oh! How I Love Jesus, because He first loved me!
Oh! Como eu amo a Jesus, porque ele primeiro me amou!

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) ! 
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACRF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional