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Author Archives: Priscila

Nº 05 : “ESPERANÇA, HOPE, HOFFNUNG, ESPÉRER, ESPERANZA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 01 de Maio de 2011

Há uma quantidade imensa de gente que, neste final de semana, se colocou à volta de um caixão, onde os restos mortais de um homem, morto há cerca de 6 anos, jazem (cada ano mais decompostos). Uns, fizeram uma verdadeira peregrinação, para contemplá-lo pessoalmente; outros, em número muito maior, ao redor do mundo, acompanharam o rito pela tevê, ou pela internet, com ávido interesse pelo resultado.

O cerimonial feito em torno daquela urna funerária provem de uma expectativa, uma espécie de "esperança", de fundamento questionável: esperança num miraculoso poder para proporcionar graças. Há quem até testemunhe que foi o suposto poder daquele morto que lhe curou de algo incurável. E, a partir de agora, certamente milhões vão passar a implorar pela atuação de quem jaz, como diz a Bíblia, na inércia da morte. Que tipo de esperança é essa?

A esperança verdadeira não confunde, diz a Bíblia. Ela pertence ao trinômio FÉ-ESPERANÇA-AMOR (I Coríntios 13.13). Ela não está firmada em homens: nem em vivos, muito menos em quem jaz numa sepultura (não importando quão putrefatos estejam os seus restos), onde aguarda o dia do Juízo. Ela está firmada em Deus: o Inabalável, o Todo-Poderoso, o Imutável, o Soberano! Está firmada num único homem, que carregava consigo tanto esta nossa natureza quanto a natureza divina. Um homem que, morrendo, não permaneceu na sepultura emprestada onde fora depositado, a sepultura de José de Arimatéia.

É curioso, é significativo, é emblemático: enquanto, desde aquele tempo, pessoas e famílias já se preocupassem em prover sepulturas para seu futuro (próximo ou relativamente distante), ele, não! Não havia a mínima necessidade, porque seu corpo falecido não passaria, na tumba, mais do que três dias incompletos. Portanto, sepulcro emprestado era suficiente. Nem chegou a deixar vestígios de decomposição no sepulcro de Arimatéia…

Por isto, com Jesus, tudo funciona de um modo diferente, eficaz: a esperança nele é válida e autêntica, porque ele é o único, até hoje, que ressuscitou, vencendo a morte, tornando-se a si mesmo "primícias dos que dormem", havendo sido entronizado à destra de Deus, "até que haja posto todos os seus inimigos por estrado dos seus pés"!

"Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus. E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança; ora, a esperança não confunde (ou desaponta), porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Romanos 5.1-5, ARA).

Assim sendo, não importa o idioma: hope, hoffnung, esperanza, elpida, espérer, ou, simplesmente, esperança, é o que nos move na direção dele. Não adianta procurar por sua tumba, para buscar, dEle, alguma graça: ele não ficou na tumba, tumba emprestada. A ‘hospedagem’ provisória do sepulcro alheio, para ele, foi rapidíssima: morreu numa sexta-feira, no Domingo já estava de pé, do lado de fora! Nossa esperança está nEle.

A poesia de hoje foi composta e publicado três anos após a Guerra Civil norte-americana (1776). Foi uma época dura, sofrida, naquela nação. Dividiu até cristãos. O poeta chegou a estar em prisão, por certo tempo. Fala, o antema, da Esperança, a verdadeira, a única com fundamentos eternos. Confesso que isto me renova encorajamento para a continuação da vida !

BRANDO, QUAL CORO CELESTE
Whispering Hope, (1868)
Septimus Winner (1827-1902)

 
1. Brando qual coro celeste, vem-nos de longe um rumor…
   Voz de suspiro e de alento, voz inefável de amor.
   Eia, que após tempestades, vem a bonança embalar
   O coração perturbado, dando-lhe calma sem par.
 
CORO: Oh! doce voz que me vem embalar!
      Meu coração vem, Senhor, confortar.
 
2. Se no crepúsculo da tarde, podes adiante enxergar,
   Lá no profundo das trevas, vais ver a estrela a brilhar.
   Se vindo as trevas da noite, tens porventura temor,
   Não desanimes que logo há de brilhar o alvor.
 
3. E se nas lutas da vida, sentes tristezas e dor,
   Há de raiar novo dia, cheio de luz e dulçor.
   Eternamente com Cristo, vamos a paz desfrutar,
   E alegria perene hemos de ter lá no lar.
 
(Tradutor ignorado)
 
O coro diz, originalmente, algo como :
"Esperança sussurrante, esperança sussurrante : oh! como benvinda é tua voz…
Compelindo meu coração, compelindo meu coração, a regozijar-se no seu desalento !"

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Abraços
Ulisses

NOTAS (versões bíblicas):
ACF – Almeida Corrigida e Revisada Fiel, Soc. Bíblica Trinitariana
ARA – Almeida Revista e Atualizada, Soc. Bíblica do Brasil
ARC – Almeida Revisada e Corrigida, Soc. Bíblica do Brasil
BCF – Versão Católica do Pe. Antonio de Figueiredo
NVI – Nova Versão Internacional, Soc. Bíblica Internacional

Nº 04 : “PESSACH”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 24 de Abril de 2011

Hoje é Domingo de Páscoa. Há júbilo por toda parte. Na perspectiva cristã-romanista, assim como na perspectiva judaica, a celebração se restringe a um Domingo no ano. Na perspectiva cristã evangélica reformada não é bem assim: o ano inteiro, todos os domingos são dignos de tal celebração; contudo, não há mal algum em também a celebrar, de modo mais extensivo, neste domingo anual.

Páscoa, do hebraico "Pessach", significa "passar por sobre". A palavra criou uma milenar celebração quando, quase 3500 anos atrás, a décima praga [divina] sobre o Egito libertou os cativos de Israel, levando-os à Terra Prometida (Beulah). A praga consistiu na morte dos primogênitos, naquela noite, a décima-quarta noite do primeiro mês do ano do calendário hebreu, morte essa que subjugou toda a nação.

Mas, houve uma ordem divina para salvar os descendentes de Abraão:  matem um cordeiro, comam sua carne em família, e usem o seu sangue para tingir as portas de suas casas – vergas e umbrais! E o sacrifício do cordeiro pascal, conforme a promessa divina (Êxodo 11 e 12), cujo sangue foi passado "por sobre" as casas dos filhos da Aliança de Deus, evitou com  que o anjo de morte daquela noite atingisse tais casas – o anjo "passou por sobre" suas casas, livrando-as! Foi a noite de libertação, tanto da morte, quanto do jugo egípcio.

O evento era tipológico: gerações depois, Cristo, o Cordeiro de Deus, cordeiro pascal (I Coríntios 5.7), também morreria para fornecer um sangue remidor aos filhos da Aliança. Sua morte, na vesperal da Páscoa, foi seguida de sua ressurreição, "ao terceiro dia". Sua morte, e sua ressurreição que se seguiu, são acontecimentos pioneiros quanto ao que também há de ocorrer aos fiéis!

Colocando à parte todas as discussões sobre a incidência dos dias, este é um dia de cantar. Cristãos sempre cantaram a ressurreição de Jesus. E cantam também a Ressurreição final, prometida, à semelhança da dele.

Eu não sou um cantor, na própria acepção da palavra. Me aventurei a cantar, em anos passados: cantei em conjuntos musicais jovens (cheguei a fazer algo parecido com "tocar instrumento"); cantei em corais, cheguei até a fazer um ou outro solo, ou dueto, ou quarteto, imaginem. Mas nada que me permitisse a qualificação de "cantor", muito menos um "cantor gospel". Nem mesmo de longe!

Contudo, num senso diferente, sou um "cantor" em "treinamento". Estou, ao lado de uma multidão de cristãos por esse mundo fora, ao longo de séculos e milênios, em “treinamento" para aquele dia, quando há de se reunir, à volta do trono do Cordeiro redivivo, um grande, quase imensurável coral.
Para aquele dia, mesmo a multidão que hoje diz não saber diferenciar um "dó" de um "ré", ou aquela que diz não ter voz e afinação, está sendo treinada, no presente. Todos serão cantores daquele coral. Naquele dia, todos os que estiverem à sua volta hão de constituir um coro imenso, que vai ecoar pelo céu o inesgotável repertório celeste, começando pela celebração dupla da Ressurreição: a do Cordeiro que foi morto, e a sua própria. Naquele dia, em volta do Cordeiro, que foi morto, mas que reviveu, venceu a morte, e há de triunfar para sempre, haverá apenas "cantores".

“… e entoavam [os quatro seres viventes, ao som da harpa] um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação,  e para Deus os constituíste reino e sacerdotes, e reinarão sobre a terra. Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos, milhares de milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres viventes e os anciãos, e cantavam em alta voz: ‘Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor!’ Depois ouvi todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles há, que diziam: ‘Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o poder, para todo o sempre!’ Os quatro seres viventes disseram: ‘Amém’, e os anciãos prostraram-se e o adoraram” (Apocalipse 5:11-14, NVI).

Tudo, por causa do Pessach: o sangue do Cordeiro de Deus, cobre, também, os pecadores remidos, e a morte não terá poder sobre eles. À semelhança do Cordeiro, que foi morto, mas vive eternamente, viveremos também.  

O poema que acrescento proclama a expectativa daquele dia. Infelizmente, ainda não conheço uma versão do mesmo em português, muito menos uma gravação. Então, com uma pobre tentativa de tradução das linhas, compartilho-o! Pense, não apenas nos que se apresentam em palcos ou em igrejas, que gravam ou não: pense em todos os que estarão, cantando, à volta do Cordeiro Vencedor, em sua "propria casa"!
Isto, quando todos os cantores de Deus chegarem, em [seu] LAR!

WHEN ALL OF GOD's SINGERS GET HOME (1937)
(Quando todos os cantores de Deus chegarem ao LAR)
Letra : Luther G. Presley  (1867-1974)
Music :  Virgil O. Stamps (1892-1940)

WHAT A SONG OF DELIGHT IN THAT CITY SO BRIGHT
Que música de deleite, naquela cidade tão refulgente
WILL BE LIFTED 'NEATH HEAVEN'S FAIR DOME
Será erguida sob a cúpula multicultural do céu
HOW THE RANSOMED WILL RAISE HAPPY SONGS IN HIS PRAISE
Tal como os remidos hão de elevar canções alegres no seu louvor
WHEN ALL OF GOD'S SINGERS GET HOME
Quando todos os cantores de Deus chegarem ao LAR.

CORO
WHEN ALL OF GOD'S SINGERS GET HOME
Quando todos os cantores de Deus chegarem ao LAR…
WHERE NEVER A SORROW WILL COME
Quando nunca mais uma tristeza sobrevier
OR HEARTACHE WILL COME
ou pesar sobrevier
THERE'LL BE NO PLACE LIKE HOME
Não haverá lugar tal como o LAR
THERE'LL BE NO PLACE LIKE HEAVEN MY HOME
Não haverá lugar tal como céu, meu LAR
WHEN ALL OF GOD'S SINGERS GET HOME
Quando todos os cantores de Deus chegarem ao LAR. 

II
AS WE SING HERE ON EARTH SONGS OF SADNESS OR MIRTH
Enquanto cantamos, aqui na terra, canções de tristeza ou melancolia
TIS A FORE-TASTE OF RAPTURE TO COME
Isto é um 'antegosto' do arrebatamento porvir
BUT OUR JOY CAN'T COMPARE WITH HE GLORY UP THERE
Mas nosso gozo não se pode comparar com a glória lá de cima
WHEN ALL OF GOD'S SINGERS GET HOME  
Quando todos os cantores de Deus chegarem ao LAR.

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Bendita Páscoa! 
Ulisses

NOTAS (versões bíblicas):
ACF – Almeida Corrigida e Revisada Fiel, Soc. Bíblica Trinitariana
ARA – Almeida Revista e Atualizada, Soc. Bíblica do Brasil
ARC – Almeida Revisada e Corrigida, Soc. Bíblica do Brasil
BCF – Versão Católica do Pe. Antonio de Figueiredo
NVI – Nova Versão Internacional, Soc. Bíblica Internacional

Nº 03 : “QUE AMIGO TENHO EM CRISTO!”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 17 de Abril de 2011

Hoje, quando praticamente acabo de chegar em casa, em Belo Horizonte, recordo-me que meu dia tinha uma convenção de ser especial… Mas, não seria mais que convenção… Uma viagem, sozinho no carro, saindo do litoral paulista, me aventurando por entrecortar a cidade paulista de São José dos Campos, de modo a alcançar, de modo nunca dantes aventurado, a cidade mineira de Pouso Alegre, rumo a Belo Horizonte. Andar por uma estrada aberta e conhecida, é uma coisa; por uma com vários trechos estreitos e desconhecidos, é outra coisa. 
 
Viagem solitária é assim: nem a esposa, nem um filho, nem, tampouco, um amigo para trocar palavras. Só o som no equipamento de áudio. De repente, surge entre as trilhas (não as do caminho, às vezes parecendo trilhas mesmo), mas a do somm tocado no interior do veículo, What a Friend We Have in Jesus! (Que Amigo Temos em Cristo!). Em português, há uma versão com forma expressiva um pouquinho mais pobre – Quão Bondoso Amigo é Cristo! Num dia tão comum e, ao  mesmo tempo, com pretensão de ser tão singular (pelo menos para mim), foi inspiração para repetir mais de uma vez a execução.   
 
A poesia original tem a assinatura de um irlandês, Scriven, com a idade de apenas 25 anos. Ele a escreveu quando morava no Canadá, com o propósito de dedicar o poema à sua mãe, que ficara do outro lado do oceano, na Irlanda, compartilhando consolações mútuas. Consolações mútuas, por que? Quase ao mesmo tempo, recebeu ele duas notícias amargas: que sua mãe estava seriamente enferma; e, um dia antes do seu casamento, que sua noiva tinha acabado de falecer, vítima de um afogamento. Por um momento, sem saber para onde ir, sem ter mais a sua melhor amizade próxima, nem a sua melhor amizade distante, sua consolação proveio ao se lembrar de que nenhum amigo há, melhor que Cristo. Scrivner viveu o resto de sua vida sem se casar, servindo ao Senhor Jesus, principalmente entre os mais necessitados. 
 
A sabedoria divina, escrita por mãos de Salomão, diz que “o homem que tem muitos amigos tem que ser amigável a todos, mas há amigo que é mais chegado do que o próprio irmão” (Provérbios 18.24, em tradução livre e parafraseada). Amigo é companheiro, é aliado, é apoio e suporte, é conselheiro. É coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, já disse outro poeta. “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor, mas tenho-vos chamado de amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer” (Jo 15:15, ARA).    
 
Qual amigo é presença para todas as horas, como Jesus? “Eis que estou convosco todos os dias, até à consumação do século” (Mateus 28.20, ARA). Qual amigo é tão fiel que, mesmo em horas as mais difíceis, não desgruda do lado, trazendo seu consolador e confortador suporte? “… de maneira alguma te deixarei nunca jamais te abandonarei” (Hb 13:5b, ARA). Qual amigo encoraja a ponto de transmitir paz suficiente no meio de todas as aflições da vida? “Estas cousas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16:33, ARA). Qual amigo seria capaz de dar a sua própria vida pelo amigo condenado à morte? “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15:13, ARA). Não há melhor amigo!

WHAT A FRIEND WE HAVE IN JESUS (1844)
QUÃO BONDOSO AMIGO É CRISTO
Joseph Medlicott Scriven (1819-1886)  
 
Quão Bondoso amigo é Cristo
Revelou-nos seu amor
E nos diz que lhe entreguemos
Os cuidados sem temor 
Falta ao coração dorido
Gozo, paz, consolação
É porque nós não levamos
Tudo a ele, em oração…
 
Andas triste e carregado
De pesares e de dor
A Jesus eterno abrigo
Vai, com fé, teu mal expor
Teus amigos te desprezam?
Conta-lhe isso em oração
E, por seu amor tão terno
Paz terás no coração!
 
Cristo é verdadeiro amigo
Disto prova nos mostrou
Quando, para resgatar-nos
Ele, humilde se encarnou
Derramou precioso sangue
Para nos purificar
Gozo em vida e no futuro
Nós podemos alcançar !!! (Maranatha!)

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Meu abraço, neste final de Domingo.
Ulisses

NOTAS (versões bíblicas):
ACF – Almeida Corrigida e Revisada Fiel, Soc. Bíblica Trinitariana
ARA – Almeida Revista e Atualizada, Soc. Bíblica do Brasil
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NVI – Nova Versão Internacional, Soc. Bíblica Internacional

Nº 02 : “FELIZ MANHÔ

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 10 de Abril de 2011

Na primeira mensagem desta série, que começou muito despretensiosamente, falei sobre a alvorada dourada. Hoje, meu tema é outro: a noite! 
 
E minha lembrança se volta para aquela noite de dezembro de 1997, quando tinha que atravessar o Atlântico pela segunda vez. Ao final de pouco mais de um mês de estudos na Europa, era hora de voltar pra casa. O local de partida do vôo era Frankfurt, na Alemanha. Enquanto o hemisfério sul estava sob um calor escaldante, o hemisfério norte já entrava num rigoroso inverno. Estranhamente, o gelo caía junto com a chuva, à temperatura de oito graus centígrados, abaixo de zero! Caía no chão, e já desaparecia, transformando-se em gelo. Sobre a fuselagem e as asas das aeronaves no pátio do aeroporto, uma grossa capa branca. Acima, no céu, o breu da noite se escondia em densas nuvens congeladas, precipitando-se abaixo.
 
Como voar numa condição dessa? Como um avião poderia deixar o solo? Máquinas enormes, em cima de plataformas com rodas, se elevavam ao lado das aeronaves, através de um mecanismo de vigorosas hastes metálicas entrecruzadas, elevando uma cabine com braço mecânico, no qual um operador acionava jatos de água quente com sal por sobre as aeronaves. Pouco a pouco, o gelo ia se derretendo pelo solo. Chegou a nossa vez: libertos da espessa camada de gelo, começou o trator a puxar nossa aeronave, liberando-a para seguir à pista de decolagem. Mas, e como atravessar essa negra noite acima de nós? Pior: como vamos atravessar o primeiro céu, acima, com a intenção de passar toda uma noite por sobre as águas do oceano?
 
E assim começamos o vôo. Durante certo tempo, as únicas imagens de outra cor que não o negro da noite eram as partículas de gelo iluminadas pelos faróis das asas. Até que vazamos acima, por sobre as pesadas nuvens, já quase saindo do espaço aéreo francês, para sobrevoar o Mediterrâneo. Que noite! Não posso negar que a sensação encaminhava, não apenas a mim, mas outros, a certa ansiedade pela chegada da manhã. Seria sinal, como de fato se deu, de estarmos perante a costa brasileira, já tendo contornado o continente africano. E veio aquela manhã de verão, feliz manhã! Que contraste com poucas horas antes…    
 
O episódio me faz pensar nas revelações bíblicas sobre a noite:
“E Deus chamou às trevas, noite” (Gênesis 1.5).
“Dispões as trevas, e vem a noite, na qual vagueiam os animais da selva" (Salmo 104.20).
“É necessário que façamos as obras daquEle que me enviou enquanto é dia: a noite vem, quando ninguém pode trabalhar” (João 9.4).
“Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz” (João 11.10). São textos que falam com aquele espírito de palavras que a muitos podem deixar de espírito declinado; não são poucos os que enfrentam a noite com forte aspiração de que passe logo, e logo venha a luz do dia .   
 
No entanto, há também outro lado da moeda: “A cidade [eterna] não precisa do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada… As suas portas jamais se fecharão de dia, porque nela jamais haverá noite” (Apocalipse 21.23,25, ARA).
"Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as nações verão o Filho do homem vindo nas nuvens com grande poder e glória!" (Mt 24.30, ARA). É nesse dia que vem a manhã gloriosa, feliz manhã, que tanto aguardamos.  Digo “nós”… Ou, você, que me lê, não está entre nós?
 
No intervalo entre a Primeira e a Segunda Guerra mundiais as nações viviam um misto de expectação, desolação, com esperanças de que aquilo não se repetisse. Não adiantou… Nesse ínterim, um cristão compôs um belíssimo poema, que fala sobre o contraste do enfrentamento de uma longa e angustiante noite, com o raiar da feliz manhã que a sucede. Ei-lo, numa de suas versões em nosso idioma :

In The Dawn of Eternal Day (1925)
Feliz Manhã
Elton Menno Roth (1891-1951)

1. Já cansados seguimos de noite a penar,
   Na jornada da vida cristã,
   Mas será para nós tão brilhante o raiar
   Da gloriosa e feliz manhã.
 
CORO: Findarão as agruras da vida,
      Quando a névoa do mal passar.
      Há de a noite fugir ante o vivo luzir,
      Quando o dia eternal raiar.
 
2. Há tão grandes mistérios na trilha a seguir,
   E prenúncios de lutas e dor,
   Mas de nós fugirão quando virmos luzir
   Sua face em real fulgor.
 
3. Mesmo que nos pareça o caminho sem fim,
   Tendo os olhos a lacrimejar,
   Recompensas gloriosas teremos enfim,
   No bendito e eterno lar.

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Abraços, até à próxima (Tiago 4.15)
Ulisses

NOTAS (versões bíblicas):
ACF – Almeida Corrigida e Revisada Fiel, Soc. Bíblica Trinitariana
ARA – Almeida Revista e Atualizada, Soc. Bíblica do Brasil
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Nº 01 : “ALVORADA DOURADA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 03 de Abril de 2011

Bertioga, cidade onde reside minha filha com o esposo, é no litoral paulista da baixada santista. Os cidadãos mais ilustrados do lugar dizem que seu nome vem da língua tupi, significando “casa dos paratis”, ou “casa das tainhas”, ou até “casa dos peixes brancos”. É um lugar aprazível. A praia de Indaiá, largo de uma comprida enseada, fica bem ao lado de um famoso balneário brasileiro: a Riviera de São Lourenço.
 
Uma das manhãs em que saí bem cedo para buscar o “pão nosso de cada dia”, deparei-me com um cenário exuberante, olhando o céu da banda da praia. Que manhã linda! Indescritível a formação atípica das nuvens, escondendo o azul de dourado crescente por detrás, enquanto o ‘astro-rei’ buscava se impor no cenário celestial. Me faltou uma câmera para registrar o que ficou apenas na memória.
 
Entretanto, me fez pensar numa outra manhã, manhã que ainda não vi, e que certamente há de se mostrar ainda mais radiante, mais pomposa, mais deslumbrante. Naquela manhã única, esperada e porvir, o próprio sol há de se recolher, acanhado com o  brilho que há de se impor por sobre ele: o brilho  do “sol da justiça” – Pois eis que vem o dia e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo." (Malaquias 4.1). Naquele dia, o Rei dos Reis vai se mostrar como disse o profeta cerca de três mil anos atrás: “Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Aquele que domina com justiça sobre os homens, que domina no temor de Deus, é como a luz da manhã, quando sai o sol, como manhã sem nuvens, cujo esplendor, depois da chuva, faz brotar da terra a erva. (II Samuel 23. 3,4)
 
A manhã radiante que vi em Bertioga me encantou, confesso. Mas, confesso também, nem esta, nem qualquer outra, jamais se comparou ou há de se comparar àquela futura, única, especial. Para marcar este breve pensamento, deixo uma poesia preciosa. Está na língua inglesa, mas dou uma ajudazinha, traduzindo-a linha por linha. Um presente da minha alma para a sua alma.
 
Seu autor era pregador de púlpito e de rádio. O tempo era o do pós-guerra. A humanidade ainda tentava se refazer dos seus horrores. Um tema preferido do pregador era a segunda vinda de Cristo. Uma de suas mensagens pelo rádio levou uma senhora a escrever-lhe uma carta:
– Sua mensagem me consolou. Vivo há quase vinte e cinco anos presa à minha cama, sem poder andar… Que consolo é saber que, na glória, estarei bem, restaurada, sem dor nem doença nem limitação…
O pregador respondeu-lhe:
Sim, amiga. Num dia glorioso, quando Cristo voltar, você será tirada dessa cama e restaurada com todo o vigor da juventude; nunca mais vai saber o que é sofrimento…
Depois disto, com a ajuda do  filho, e numa manhã bem cedo em que o  sono lhe faltou, compôs o belíssimo hino. A manhã dourada de que falou na mensagem, e na carta àquela senhora, era o seu novo antema.

"SOME GOLDEN DAYBREAK" (1950)
(UMA CERTA ALVORADA DOURADA)
Letra e Música : Carl A. Blackmore (1904-1965)

1. Some glorious morning sorrow will cease,
(Numa certa manhã gloriosa as tristezas hão de cessar)
Some glorious morning all will be peace;
(Numa certa manhã gloriosa tudo será paz)
Heartaches all ended, school days all done,
(Pesares todos acabarão, o tempo de aprendizado terá findado)
Heaven will open, Jesus will come.
(O céu há de se abrir, Jesus voltará!)
 
Chorus (CORO)
Some golden daybreak Jesus will come;
(Numa certa manhã dourada, Jesus voltará)
Some golden daybreak, battles all won,
(Numa certa manhã dourada, as batalhas restarão vencidas) 
He'll shout the vict'ry, break through the blue,
(Ele há de proclamar a Vitória, rompendo pelo celeste)
Some golden daybreak, for me, for you.
(Numa certa manhã dourada, para mim, e para ti) 
 
2. Sad hearts will gladden, all shall be bright,
(Corações abatidos vão se alegrar, tudo há de brilhar)
Goodbye forever to Earth's dark night;
(Um 'adeus' permanente para a densa noite terrestre)
Changed in a moment, like Him to be,
(Transformados num momento, para ser como Ele é)
Oh, glorious daybreak, Jesus I'll see.
(Oh, que glorioso romper do dia, verei Jesus!)
 
3. Oh, what a meeting, there in the skies,
(Oh, que encontro tal, lá nos céus)
No tears nor crying shall dim our eyes;
(Não mais lágrimas, nem mais pranto hão de toldar nossos olhos)
Loved ones united eternally,
(Todos aqueles amados [re]unidos eternamente)
Oh, what a daybreak that morn will be
(Oh, que alvorada tal, será aquele amanhecer)

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Abraços, até à próxima (Tiago 4.15)
Ulisses

NOTAS (versões bíblicas):
ACF – Almeida Corrigida e Revisada Fiel, Soc. Bíblica Trinitariana
ARA – Almeida Revista e Atualizada, Soc. Bíblica do Brasil
ARC – Almeida Revisada e Corrigida, Soc. Bíblica do Brasil
BCF – Versão Católica do Pe. Antonio de Figueiredo
NVI – Nova Versão Internacional, Soc. Bíblica Internacional