Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 18 de Setembro de 2011
Quem há de contradizer que estamos vivendo mesmo num mundo turbulento, surpreendente, arriscado o tempo todo? Nesta semana, um acidente descomunal assustou todos os usuários da Rodovia Imigrantes, que liga a capital paulista à baixada santista (e vice-versa). Assustou até quem não é usuário… A serra, na subida/descida da baixada santista, é mesmo perigosa. Eu mesmo, certa feita que a descia pela Mogi-Bertioga, passei quase duas horas no breu da noite (cerca de 50 km) de pura tensão ao volante, devido à densidade da neblina, numa estrada em que as curvas que descem se multiplicam uma após outra, numa fila que parecia interminável. Desta vez, o número de veículos envolvidos quase bateu o recorde: foi a segunda maior ocorrência da história. Perda de vida, houve. Prejuízos, foram diversos. As notícias apresentaram um crescente de dados concernente à extensão: no início, 50 veículos; depois, 60, foi subindo à primeira centena, à segunda e, ao final, falou-se de 3 centenas de veículos envolvidos. No fim, 2 kilômetros de engavetamento. O motivo ? Entre os principais, a forte neblina num dia chuvoso de final de inverno… Um dos motoristas de caminhão lamentava-se pela dupla perda… Disse ele: "As condições de visibilidade real não chegavam a 20 metros; com piso molhado, quando a gente dá pela coisa, mete o pé no freio, mas aí não dá mais tempo… só tem que segurar no volante e esperar o choque…" Perguntado se o seguro cobriria todo o prejuízo, ele respondeu com ar sem graça: – Eu não tenho seguro; sabe como é, né? A gente só põe a tranca na porta depois que entra o ladrão" !
Fico a considerar a analogia com a nossa vida: Se ao menos pudéssemos "enxergar 20 metros à frente", então ainda estaria muito bom. O problema é que não enxergamos um metro sequer. Apenas conjecturamos. Mesmo que tivéssemos todo o equipamento eletrônico de precisão do Airbus 330 do Air France 447, ainda seria insuficiente para determinadas turbulências. Não nos é dado conhecer o futuro, suas circunstâncias, suas surpresas… Nem ao menos podemos efetuar a estatística do percentual entre as boas e as más surpresas que há pela frente. Apenas nos damos a insensata sensação de poder sobre esse curso, tencionando isso ou aquilo. Costumamos dizer: – Hoje vou fazer isso… – Amanhã vou fazer aquilo… – Na próxima semana terei aquiloutro… – Me casarei daqui a "x" tempo… – Formo-me no fim do ano… – Daqui a dois meses, quero estar numa praia, ou numa roça, ou num acampamento… – Construirei aqui a minha edificação… – Daqui um mês, estarei vendendo tanto… E assim vai, por diante… Nos esquecemos de que somos "migrantes", numa "Imigrantes" com espessa neblina à frente dos olhos.
Os exemplos de advertência, sinais de placa "amarela" (às vezes até de "vermelha") se sucedem em nossa vida. Entretanto, por vezes estamos tão "atentos" à imaginação do que queremos que esteja na chegada, que não vemos as "placas" no caminho. Algumas delas assinalam assim, por exemplo: "Qual de vós, por mais ansioso que esteja, que pode acrescentar um côvado ao curso de sua vida? (Lucas 12.25) Ou então: "Atendei, agora, vós que dizeis – Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois apenas como neblina que aparece por um instante, e logo se dissipa.Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões.Toda jactância semelhante a essa é maligna" (Tiago 4.13-16).
Nossos planos, nossos projetos, são tão falíveis, tão sujeitos à frustração, quanto aos daquele pai de família que, na manhã de uma Quinta-feira, sai com a família inteira dentro do carro, partindo da cidade de Santos, e diz prá turma, com um sorriso triunfal entre lábios : – Hoje, enquanto eu cuido de meus negócios lá em São Paulo, vocês podem passar a tarde no shopping. Depois me encontro lá com vocês. Mas, eis que, a certa altura da serra, seu carro vira um pequeno caixote, engavetado entre um ônibus (parado, porque já bateu à sua frente) e uma caminhonete carregada (que bate em sua traseira, sem ter conseguido se segurar). Certamente o salmo mais lembrado, o mais cantado e decantado, o mais usado para pregações e palavras de conforto, seja o Salmo 23. É uma metáfora pastoral, didática, davídca. "O Senhor é o meu pastor, e nada me faltará… Ele me faz repousar em pastos verdejantes… Leva-me (conduz-me) às águas de descanso…" Que fartura de riqueza nessa analogia, nessa metáfora. Pode alguém, em tempos como os que estamos vivendo, com tantos riscos, com tanta turbulência, com tanta "neblina", querer mais algo além? É ele quem nos conduz às águas tranquilas… Só Ele o pode !!! Essas águas tranquilas são o "oásis" que podemos desfrutar a cada dia, no consolo da Sua presença, ao buscá-la… … No conforto da Sua Palavra, ao recorrer a ela… … No recôndito da Sua poderosa mão, ao tomar nela o refúgio, porque é o único… … Na segurança da Sua provisão, a Sua Providência sábia, porque é a única alternativa para enfrentar a "serra" e a "neblina". Mas, por que às vezes este oásis, este conforto, este recôndito, esta segurança, nos parece falhar? É preciso fazer uma anamnese. Buscar, na história pregressa, as causas, a etiologia. Pronto: Encontramos!
A resposta do motorista do caminhão ajuda, por analogia, a diagnosticar a grande maioria dos casos : "A gente só põe a tranca na porta depois que entra o ladrão" – foi o que ele disse. Nessa maioria, o problema está conosco mesmo: estamos pensando tanto no shopping das crianças e no dia de promissores negócios, que nos esquecemos da neblina. Pensamos que o nosso futuro (ou mesmo os passos próximos) estão sob o controle das nossas mãos – e não estão! Quanto à minoria que sobra, deixo para os casos da sabedoria soberana do Eterno, que sabe o que faz, mesmo quando não o entendemos. Refiro-me aos casos de minoria em que não falta a devida confiança por deposição dos passos de vida nas mãos do Eterno…
Assim é a vida. Precisamos urgentemente de um GPS mais poderoso. Um que mostre bem mais do que 20 metros à frente. Ou então, que nos controle com precisão a posição, o tráfego, a velocidade, a proximidade com os outros na pista, a visibilidade trôpega sob a neblina. Eis o GPS (poderoso): "O Senhor é o meu pastor, e nada me faltará… Ele me faz repousar em pastos verdejantes… Leva-me (conduz-me) às águas de descanso…" Não podemos nos esquecer : nessa vida de neblina espessa todo dia, onde a estrada é sempre perigosa, e o tráfego cada vez mais intenso e pesado, só Ele nos conduz às águas tranquilas!
Agora, um pouco acerca do nosso hino de hoje: Era o começo da Guerra Civil norte-americana (1861-1865). No templo da Primeira Igreja Batista em Philadelphia [Pennsylvania], um jovem recém-formado no seminário estava ao púlpito, convidado para suprir-lhe por dois domingos. Ele já havia pregado sobre o Salmo 23 mais de uma vez antes, ao tempo do seminário. Mas, naquela manhã, os irmãos estavam todos impressionados com o rumo da guerra; ele próprio estava – como não? Havia tanto que dizer sobre o salmo… Rico que é… Mas, naquela manhã, Joseph Henry Gilmore se deteve apenas na frase – "he leadeth me beside the still waters". Nossa tradução Almeida Revista e Atualizada diz – "Leva-me para junto das águas de descanso". A Corrigida diz – "guia-me mansamente às águas tranquilas". A turbulência externa atingia as famílias, as igrejas, o país inteiro. Mas Gilmore acentuou – "ele me guia junto às águas tranquilas, conduz-me para junto delas". As palavras não saíram da mente de muitos que lhe ouviram, no restante daquele Domingo. E não saíram da mente dele próprio. Depois do culto, passou a mão num lápis, e começou a escrever; riscou, re-escreveu, e o poema que disto resultou, extraído do salmo, está transcrito abaixo. Este autor foi, depois professor de seminário, professor universitário, e autor de várias obras literárias. Mas, até onde consta, este poema é a única obra sua que se transformou em hino. Dois anos depois, um dos maiores compositores musicais daquele tempo – William Bradbury – pôs-lhe a música. É o mesmo que compôs a música de "Just As I Am", "Sweet Hour of Prayer", por exemplo. A seguir, uma das versões cantadas, em nossa língua.
HE LEADETH ME
JESUS ME GUIA (1862, Letra; 1864, Música)
Joseph Henry Gilmore (1834-1918) & William Batchelder Bradbury (1816-1868 )
1. He leadeth me, O blessed thought!
O words with heav’nly comfort fraught!
Whate’er I do, where’er I be
Still ’tis God’s hand that leadeth me.
Refrão:
He leadeth me, He leadeth me,
By His own hand He leadeth me;
His faithful follower I would be,
For by His hand He leadeth me.
2. Sometimes mid scenes of deepest gloom,
Sometimes where Eden’s bowers bloom,
By waters still, over troubled sea,
Still ’tis His hand that leadeth me.
3. Lord, I would place my hand in Thine,
Nor ever murmur nor repine;
Content, whatever lot I see,
Since ’tis my God that leadeth me.
4. And when my task on earth is done,
When by Thy grace the vict’ry’s won,
E’en [even] death’s cold wave I will not flee,
Since God through Jordan leadeth me.
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Bom Domingo, boa semana,
Ulisses
Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional