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Author Archives: Priscila

N° 75 : “ANDAI COM DEUS”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 30 de Setembro de 2012

Em 1976 eu fui convidado pelo meu primo Eufran, hoje já transferido em definitivo para a 'Igreja Gloriosa', para cantar no coral da Primeira Igreja Presbiteriana de Governador Valadares. E lá fui eu… Bem… Se aquele coral não se importasse com alguma voz canhestra em seu meio, eu imaginei que poderia ser aceito… Até fui… Já num dos primeiros ensaios, lá no último dos bancos da galeria do "templo velho" da Rua Prudente  de Morais, ao lado do mesmo Eufran, passei a ensaiar um dos hinos que mais ansiava, porque tanto apreciava, naquela época… :
"Mesmo na tempestade podeis andar, sem ter medo da escuridão
Quando a chuva cessar, haverá um céu, e as aves cantando sem par… 
Andai pelo vento, andai pela chuva, pois logo vem o sol; 
Andai com Deus no vosso coração, e a sós não andareis… A sós não andareis !"

Já se vão 36 anos, desde então.   Me lembrei exatamente deste hino ao reler, hoje, o pequeno registro biográfico da Vanessa, que pedi e recebi por parte de seu pai. Vanessa é filha do meu ex-aluno Valério e de sua esposa, Regina. Já de alguns anos, Valério é pastor na Grande BH. Ainda me lembro de uma ou outra aula em que o Valério não teve como não trazer a Vanessa para a sala de aula no seminário, até que chegasse o momento de voltar ao lar em Pedro Leopoldo. E ficava eu curioso com aqueles olhinhos a me perseguir os passos, enquanto andava pela sala em que seu pai, e os seus colegas, esperavam pelo toque que indicava minha hora de parar de falar, para irem embora. Na semana passada, lá estava o Valério de novo, na minha sala de aula, desta vez fazendo um mestrado. E Vanessa, poucos dias antes, tinha celebrado seus 18 anos de idade. Para que Vanessa nascesse, Regina e Valério tiveram que superar uma primeira das duras provas que a vida lhes reservou: Regina descobriu que estava com rubéola no início da gravidez, ainda sem saber desta última. Logo, então, descobriu a gravidez. "Quando falamos para a médica sobre a rubéola, nossa vida foi ao chão, pois a mesma disse para abortarmos, porque a gravidez chegava ao segundo mês, e o risco de anomalias era de 98%. Tínhamos, nessa época, apenas 23 anos e era nosso segundo ano de casados" , disse-me o hoje pastor Valério. A decisão deles, ante tal dilema, foi, digamos, corajosa, porque foi tomada aos pés do Criador-Provedor-Redentor:  "Amaremos esse filho do jeito que vier; e, se viver um dia, um mês ou um ano, amaremos, e seremos gratos a Deus!"  

Vanessa nasceu em 07 de Agosto de 1994. Entretanto, nasceu, principalmente, com três deficiências, variadas em grau: oftalmológica, cardíaca e auditiva. A deficiência oftalmológica foi minorada com cirurgia ; a cardíaca, também. A visão direita recuperou-se até bem, mas a esquerda só dispõe de 20% de percepção. O coração vai aguentando direitinho. Já a deficiência auditiva indicou surdez total e profunda, por insensibilidade neural bilateral. Com a surdez, obviamente, a restrição fonética. Com linguagem de LIBRAS (que todo mundo em casa teve que aprender juntamente com ela), abriu-se-lhe o "mundo" para a educação, para a religião cristã, para a Bíblia,  e até para… artes.  Um dia, seu pai testou essa prodigiosa menina, perguntando se ela não tinha raiva de Deus por tantas limitações; "não, minha vida é normal", surpreendentemente respondeu ela, pelos sinais. E Vanessa 'mostrou a que veio', com o passar dos anos: Comunica-se (eletronicamente) com fluência em língua portuguesa, e também em língua inglesa, além de LIBRAS. E agora, começou a aprender japonês, para fazer o mesmo. Cria suas histórias, que dissemina via internet; desenha e pinta com uma qualidade de cair o queixo. E, mais importante que tudo, é uma menina temente a Deus;  de fazer corar muitos que não O temem! Ultimamente, está descobrindo um "novo mundo": uma cirurgia de implante coclear auditivo, feita em BH mesmo, começa a dar-lhe alguma recuperação auditiva.  

Dezoito anos passados, foi o temor de Deus que levou Regina e Valério a andar ao lado do Criador Divino, a despeito de não entenderem os "por que's" que, inevitavelmente, vieram ao cérebro, e ao coração. Mas, ao se decidirem pela vida de Vanessa, sabiam que teriam uma jornada difícil pela frente, "contra tudo e contra todos" (falando em tese), mas não contra Deus. Sem saber quanto tempo duraria essa jornada, resolveram que o melhor caminho seria andar com Deus, sem Dele se apartarem. A mais feliz escolha, mesmo com seus custos!  

"Andar com Deus"! Esse é o poema estimulante do hino que eu ensaiei e passei a cantar naquele coral, a partir de 1976. Esse tem sido o exercício diário de Valério, de Regina, e também de Vanessa, a partir de 1993, e 1994. Esse é o exercício diário mais desafiador, mas também  mais gratificante, mais repleto de bem-aventuranças, "mesmo na tempestade" do dia-a-dia de cada um, inclusive o seu, se chegou até esta linha, nesta leitura. Foi o caso de Enoque, aquele, o de Deus:"Enoque andou com Deus; … e teve filhos e filhas… Andou Enoque com Deus, e já não era, porque Deus o tomou para si !" (Gênesis 5.22-24). "Deus o tomou para si"  –  Que graça inaudita! O autor sagrado resume assim a biografia de outro gigante de  Deus: "Noé era homem justo e íntegro…; Noé andava com Deus !" (Gênesis 6.9). Posso ainda ouvir o tom musical puxado em corretíssimo idioma português carregado de influência do holandês nativo de meu venerando mestre de anos atrás: "Como está tua vida com Deus ?" (4x, para a primeira stanza)… "Quero andar como Enoque com Deus !" (também 4x, para a segunda stanza).  

Não há projeto de vida mais importante, mais valioso, mais seguro, mais compensador do que este:andar com Deus! As circunstâncias se curvam, se dobram, diante do valor mais alto que este projeto clama,  proclama e declama: andar com Deus! A mais outro patriarca-gigante de Deus, este se lhe apresentou e disse : "Anda na minha presença, e sê perfeito !" (Gênesis 17.1). E o mesmo autor sagrado ainda questiona, retoricamente, didaticamente : "Agora, pois, ó Israel [ó povo meu], que é que o SENHOR teu Deus pede de ti, senão que temas o SENHOR teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, que guardes os mandamentos do SENHOR, e os seus estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem?" (Deuteronômio 10.12,13). Fico a pensar com apreensão se, entre nós (eu, que escrevo, ou mais alguém, que lê estas singelas linhas), há algum de nós a desperdiçar os dias, ignorando arriscadamente o melhor projeto de vida: andar com Deus! No meu coração, há uma oração (e uma intercessão) que implora o contrário.  

Eu registro, com apreço, um breve relance de 18 anos da vida da menina cujos pais resolveram pagar o preço, contra a recomendação médica por um aborto, porque resolveram procurar cumprir exatamente isto, que o Autor da vida estipula. Optaram por andar com Deus! E faço-o com uma palavra de encorajamento, emprestada e transferida, porque emprestada do Livro dos Livros, e também emprestada (em 'segunda mão') do velho hino que tentei aprender a cantar lá junto do meu saudoso primo, que me 'inspirou': "Andai com Deus, no vosso coração, e a sós não andareis ! ". Posso te assegurar que, trinta e seis anos passados, essas palavras já tinham singular significado na minha vida; mas posso te assegurar também que, não com a intensidade, com a vivacidade e com a relevância que hoje têm… Ainda têm, mais que então!  

Na falta de um exemplar de áudio em língua portuguesa, compartilho o mesmo hino com vc na voz de um intérprete em língua inglesa (B. J. Thomas), com a nossa tradicional ajudazinha em vernáculo:

YOU'LL NEVER WALK ALONE (1945)
VOCÊ JAMAIS ANDARÁ SOZINHO
Richard Rodgers & Oscar Hammerstein II
 
When you walk through a storm, hold your head up high,
Quando você andar em meio a uma tempestade, levante a cabeça para o alto,  
And don't be afraid of the dark
E não se sinta amedrontado da escuridão
For at the end of the storm, is a golden sky,
Pois, ao final da tempestade, está um céu dourado
And a sweet silver song of a lark.
E um doce canto prateado de uma cotovia.

Walk on through the wind, walk on through the rain,
Avance pelo meio do vento, avance pelo meio da chuva
Though your dreams be tossed and blown…
Ainda que seus sonhos sejam sacudidos e agitados…
Walk On! Go On! With God [hope] in your heart,
Avance! Prossiga! Com com Deus [esperança] no seu coração
And you'll never walk alone…
E você nunca andará sozinho…

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Abraços, boa semana !   
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 74 : “ROSH HASHANA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 16 de Setembro de 2012

Ao por do sol do dia de hoje, demarca-se mais um "Rosh Hashana" (pronuncia-se Rôsh Rachaná).  A expressão é hebraica, e significa, literalmente, "cabeça do ano"; designa o início do novo ano judaico, de acordo com antigas tradições rabínicas.  Corresponde à expressão árabe "Ros as-Sanah", que demarca o início do ano islâmico (incidente em outra data). 

O Rosh Hashana judaico de hoje efetua a transição do término do ano 5772 para o início do ano 5773.  Isto mesmo: na tradição rabínica de Israel, inicia-se hoje o 5773° ano da história humana.  
Judeus de antigas tradições relacionam o Rosh Hashana com o dia em que Deus criou Adão e Eva, mas também o relacionam com o Yom Kippur, o dia vindouro do julgamento (ou vingança) divino; são dez dias cerimoniais, que separam as duas celebrações.  Sua instituição remonta aLevítico 23.24, e a expressão é literalmente citada em Ezequiel 40.1. 

No dia do Rosh Hashana, judeus celebram a chegada do novo ano com comidas típicas (chalá, que é o pão redondo, maçã com mel, romãs e tâmaras, e ainda a carne da cabeça de carneiro). Do chifre de carneiro, faz-se o shofar,  uma espécie de 'berrante' em menor escala, que serve para anunciar e festejar o novo ano (Rosh Hashana), mas também para anunciar a proximidade do juízo vindouro (Yom Kippur).

O Novo Testamento na língua hebraica faz uso do shofar  (trombeta, à semelhança dos trezentos de Gideão) para prenunciar o dia da vinda do Messias, o dia do julgamento de suas causas. 
Cronologicamente, posso primeiro citar I Ts 4.16: "Porque o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, e ouvida a voz de arcanjo, e ressoada a trombeta [shofar] de Deus, descerá dos céus; e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro". Neste texto, o shofarproclama o auspicioso evento da vinda próxima do Messias, juntamente o da ressurreição daqueles que, já sepultos, tiveram sua esperança firmada na sua vinda – e ressurgirão com Cristo!  Então, vem I Co 15.52 : "Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta [shofar] soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados". Neste caso, o mesmo apóstolo pinta um cenário consistente com o anterior, detalhando que aquela voz de trombeta ("kohl shofar") será a derradeira.  Por último, poderia citar a profecia de João, referente ao cenário que lhe foi dado contemplar em visão apocalíptica :  "Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta [shofar] , dizendo:  Eu sou o Alfa e o Omega, o princípio e o fim; e o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia. E virei-me para ver quem falava comigo.  E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; e no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; e os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. E eu, quando vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último; eu sou o que vive; estive morto, mas eis que vivo plos séculos dos séculos. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno.Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer." (Apocalipse 1.10-19).  Neste último paralelo, o outro apóstolo, aquele que viu a "Nova Jerusalém", ainda detalha que é como um poderoso shofar  a "grande voz" que anuncia a manifestação apocalíptica gloriosa (epiphaneia) do "Filho do homem". 

Quem dera os judeus, ao celebrarem seu Rosh Hashana, tivessem seus olhos abertos para o significado tipológico de tudo aquilo que lhes foi prescrito para o tempo do Antigo Testamento, e que apontava para o pleno cumprimento nos fatos do Novo Testamento.  Infelizmente, ainda que reavivam, desde 1948, suas tradições, um véu de obscuridade lhes cobre os olhos. Aliás, quem dera também no meio extra-judeu, quer dizer, igualmente entre muitos brasileiros e outros americanos, muitos africanos, muitos asiáticos, muitos europeus, muitos oceânicos, muitos boreais e até austrais, a celebração de um "Rosh Hashana"  de  verdadeira e ampla significação espiritual recebesse retumbante  aclamação. 

O profeta que foi serrado ao meio por ordem do rei Manassés (tradição talmúdica) junta os dois elementos apontados pelo decameron  (os dez dias) da ocasião, com uma proclamação singular sobre o Messias:  "O Espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos cativos; a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os espírito quebrantado…" (Isaias 61.1,2).  Rosh Hashana prenuncia o "ano aceitável do Senhor"; Yom Kippur  prenuncia o "dia da vingança do nosso Deus"! No mesmo profeta Isaias, capítulo 63 verso 4, as duas dimensões do evento são também pregadas : o "ano da redenção" e o "dia da vingança".  Os dois fatos, que em breve hão de acontecer de modo cabal sobre todo este nosso planeta e o universo, andam juntos desde seus eventos tipológicos da história judaica. E o próprio Messias declarou o start up  do cumprimento dessa profecia  quando a leu na sinagoga de Nazaré, séculos depois (Lucas 4.16-21).  Quisera o mundo o percebesse. Quisera o meu leitor, que eventualmente ainda não o percebe, também o percebesse.  E com clareza! Naquele dia, estaremos de pé, junto ao Cordeiro de Deus, que aparecerá como juiz glorioso de toda a terra; e nos postaremos à semelhança dos "trezentos de Gideão", porque, ao som dos shofares, a muralha da oposição cairá, e a vitória do Cordeiro será também a nossa vitória! Aqueles que são seus, naquele dia, não lhe serão ignorados.  Oh, que não passe adiante de ti, que não te ignore, o gracioso Salvador !!!

O hino de hoje foi composto por uma cristã de quem já falei algumas vezes em minhas mensagens.  Fanny Jane Crosby, com sua deficiência visual, era a própria expressão da sensibilidade musical em sua pele.  O hino (assim como a autora) tem recebido (e até precedentemente), algumas críticas por sua suposição de uma salvação universalmente ofertada e amplamente disponível. 
Mas, o que poucos sabem é este hino surgiu de uma de muitas visitas de Fanny Jane a um presídio. É verdade: mesmo completamente cega desde 6 anos de idade, por causa de um erro médico, ela incansavelmente pregava a palavra, fosse falando, fosse compondo, fosse cantando. E visitava prisões para tal. Naquela tarde, na prisão, Fanny Jane falou sobre o cego de Jericó, que clamou a Jesus a plenos pulmões – "Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim".  Lembrou que Bartimeu chegou a suspeitar de que Jessus passaria ao largo dele, furtando-lhe a oportunidade de encontrar-se com o divino Mestre.   E foi disso que Fanny Jane falou…  Depois de cantar alguns de seus hinos, e dar seu testemunho, Fanny Jane ouviu a voz carregada de um detento, com tom altamente tangente e entre lágrimas, pronunciar as seguintes palavras: "Please, pass me not, O gentle Saviour !" (Por favor, ó gentil Salvador, não passe ao largo de mim!). 
E foi esse tangente apelo do detento que 'inspirou' a compositora. Pôs-lhe melodia William Doane.  Eis aí o hino, na voz dos Arautos do Rei. Se, dentre os que me lêem, houver alguém que se interesse pela partitura, é só pedir, que mandarei um PDF…

PASS ME NOT, O GENTLE SAVIOUR (1868)
NÃO PASSE AO LARGO DE MIM, Ó GENTIL SALVADOR
Letra : Francis (Fanny) Jane Crosby (1820-1915)
Música : William H. Doane (1832-1915)
 
Pass me not, O gentle Savior,
Não passe ao largo de mim, ó gentil Salvador,
Hear my humble cry;
Ouve meu humilde clamor; 
While on others Thou art calling,
Enquanto a outros Tu chamas,
Do not pass me by.
Não passe ao largo de mim. 
 
Let me at Thy throne of mercy
Permita-me, ante teu trono de misericórdia
Find a sweet relief;
Encontrar um doce alento;
Kneeling there in deep contrition,
Ali genuflexo, em profunda contrição,
Help my unbelief. 
Socorre minha falta de fé.
 
Savior, Savior,
Salvador, Salvador
Hear my humble cry,
Ouve meu humilde clamor,
While on others Thou art calling,
Enquanto a outros Tu chamas,
Do not pass me by.
Não passe ao largo de mim.
 
Versos não constantes da gravação :
Trusting only in Thy merit,
Confiando tão somente em teu mérito,
Would I seek Thy face;
Que eu ache a Tua face;
Heal my wounded, broken spirit,
Cura meu espírito quebrantado, ferido
Save me by Thy grace.
Salva-me por Tua graça. 
 
Thou the spring of all my comfort,
Ainda que a fonte de todo o meu conforto,
More than life to me,
Mais do que a vida para mim, 
Whom have I on earth beside Thee,
Tenho na terra ao lado de Ti, 
Whom in Heav’n but Thee. 
No céu não há além de Ti.

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Abraços, boa semana !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
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N° 73 : “INDEPENDÊNCIA OU MORTE”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 09 de Setembro de 2012

O nome completo daquele rapaz era "Pedro de Alcântara Francisco Antonio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon ". Contou?  São 18… Acredite se quiser…  Era príncipe filho de Dom João VI, o monarca de Portugal e colônias ultramarinas, inclusive Brasil.  Em 7 de Setembro de 1822, quando contava 23 anos de idade, e subia com a cavalaria de Santos para São Paulo, estando às margens do rio Ipiranga, bradou a expressão emulativa que dá nome à mensagem de hoje.  Ao fazê-lo, Dom Pedro I estava sob circunstâncias que o induziram: havia, na colônia, rejeição ao seu pai e à soberania colonizadora; havia simpatia e popularidade em torno de sua figura; havia a ameaça de invasão militar portuguesa no Brasil, se o príncipe Pedro de Alcântara não voltasse de imediato a Portugal; e havia algumas importantes forças de bastidores que já alimentavam o espírito de independência. E o "brado do Ipiranga" marcou a data do nascimento da nossa nação, fato comemorado na última sexta-feira. 

As duas alternativas de escolha, colocadas na frase, deflagraram brio nos soldados de colônia que o acompanhavam…  Continuar sob jugo não mais seria aceito… Seria resistido até à morte, se preciso.  Se a morte não fosse desejada, uma só saída: proclamação e aceitação de independência! E, assim se deu a redenção brasileira. 

Sob vários aspectos, essa declaração heróica permite alguns paralelos antagônicos com a história da redenção humana. Se pensamos ser possível nos manter independentes de Cristo, com autonomia do exercício da nossa vontade, do nosso (pre) juízo, a morte não é uma alternativa antagônica; pelo contrário, é consequência inevitável. 
"Para o sábio, há o caminho da vida, que o leva para cima, a fim de evitar o inferno (=~morte), embaixo" (Provérbios 15.24)
"Volta, minha alma, ao teu sossego, pois o SENHOR tem sido generoso para contigo; pois livraste da morte a minha alma, das lágrimas, os meus olhos, da queda, os meus pés. Andarei na presença do SENHOR, na terra dos viventes." (Salmo 116.7-9)

Se não usufruirmos independência, isto é, libertação da natureza típica de uma humanidade caída pelo pecado, pela revolta contra Deus, independência (libertação) de suas funestas consequências, certamente isso nos significará morte, outra morte, "segunda morte". "Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos." (Apocalipse 20.6)
O texto bíblico do Apocalipse, com amparo em outros textos da Escritura, esclarece que a "primeira ressurreição" está diretamente relacionada com a obra expiatória e redentiva de Cristo; por outro lado, esclarece que a "segunda morte" é o "lago que arde com fogo e enxofre", figura literária simbólica da condenação eterna.  Isto mesmo: eterna!!!

Ou nos valemos de Cristo, com sua potência libertadora, ou somos fadados à morte eterna. Ou nos valemos de Cristo, para plena vivificação de nossas vidas, ou nossas vidas ostentarão um cenário de morte, tal qual jardim onde um raio destruidor atingiu a árvore central, incendiando tudo ao redor, e deixando um cenário desolador. Dependência ou independência, é uma questão de escolha e ponto de vista; morte ou vida, é também uma questão de escolha e ponto de vista : Em Cristo, independência da natureza condenada implica, necessariamente, em dependência da sua graça vivificadora;  Em Cristo, independência e libertação quanto à sina da morte e todos os seus reflexos nefandos implica, necessariamente, na "morte do velho homem", manchado, enlodaçado, corrompido. 

Dom Pedro I é alcunhado de  "o libertador do Brasil", porque nos libertou do reino de Portugal, inaugurando-nos o primeiro império, com o famoso brado – "Independência ou Morte!"…  Pois bem: São incomparavelmente mais colossais as palavras do 'brado' do apóstolo, referindo-se àqueles que, em todas as eras, antes ou depois de Cristo, alcançaram o impagável e gracioso favor de verem-se livres da morte, por independência de seus 'tentáculos' letais, através do precioso sangue remidor do Cordeiro:
"E ele nos libertou do império das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do Seu amor " (Colossenses 1.13) E eu tenho o gozo de me encontrar entre esses… 
Espero que, para vc, que me lê, isto também seja uma realidade…       

Na véspera do Natal de 1871, a senhora Bliss procurava um presente para seu marido, que estava com 33 anos de idade. 
Era ele Philip Paul Bliss, hinólogo de tantas campanhas de Dwight Lyman Moody. 
Uma curiosidade: "bliss", no inglês, significa "felicidade radiante".  A partir de uma sugestão de um amigo comum, comprou ela uma coleção encadernada do periódico inglês chamado "Coisas Novas e Coisas Velhas".  Tratava-se de uma produção literária que, entre outras coisas, continha material de estudos e interpretação bíblica. Um dos estudos elucidava a questão de que, em Cristo, somos remidos de uma vez por todas, como fala o profeta do livro de Hebreus;  nessa elucidação, teceu-se em Bliss um cristalino entendimento de que, mediante a obra única, de-uma-vez-por-todas de Cristo Jesus, somos libertos, também de uma vez por todas, das consequências pesadas da lei, e da condenação que dela decorre, porque o homem é incapaz de salvar-se por ela, embora deva viver sob sua prescrição.  Ficou claro, para ele, quanto significa dizer que em Cristo e por Cristo, a "lei" se cumpre, dupla e cabalmente: 
:-: ele a cumpriu no seu aspecto ativo, assumindo em nosso lugar a perfeição da humanidade requerida por Deus desde o Éden… 
:-: ele a cumpriu no seu aspecto passivo, assumindo a pesada sentença condenatória – a morte – decretada por Deus desde o Éden,  e isto também em nosso lugar. 

Para Bliss, isto robusteceu o vislumbre da "independência da morte" que, ocasionada pelo pecado, com sua maldição, liberta-nos mediante a obra graciosa de Cristo. 
Dessa leitura, surgiu um hino, que compartilho hoje.  Um fato marcante: quis a providência divina que Ph P Bliss e esposa fossem transportados à presença do Cordeiro juntos, no mesmo dia, e precisamente 5 anos depois da composição deste hino: o trem em que ambos viajavam, vindo da Pensilvânia para Chicago,  teve uma colisão com o ruir de uma ponte no estado norte-americano de Ohio… Bliss parecia escapar do choque mas, enquanto empenhava esforços para libertar a esposa do vagão deformado, um súbito incêndio ceifou a vida de ambos. 
Abaixo, a letra original, para os que conseguem lê-la, intrepretando… O áudio vai em português… 
Para os que quiserem no Cantor Cristão, é o n° 376… 
Para os que quiserem cantá-lo no Hinário Novo Cântico, é o n° 150…

Free From The Law (1872)
PERFEITA SALVAÇÃO
Philip Paul Bliss (1838-1876)

Free from the law, O happy condition,
Jesus has bled and there is remission,
Cursed by the law and bruised by the fall,
Grace hath redeemed us once for all.

    Once for all, O sinner, receive it,
    Once for all, O brother, believe it;
    Cling to the cross, the burden will fall,
    Christ hath redeemed us once for all.

Now we are free, there’s no condemnation,
Jesus provides a perfect salvation.
Come unto Me, O hear His sweet call,
Come, and He saves us once for all.
Children of God, O glorious calling,
Surely His grace will keep us from falling;
Passing from death to life at His call;
Blessed salvation once for all.

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Abraços, boa semana !
Ulisses 

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

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N° 72 : “CONTRASTES DESTA VIDA… E DA PRÓXIMA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 02 de Setembro de 2012

O renomado filósofo e teólogo dinamarques Soren Kierkegaard (1813-1855) ficou mundialmente conhecido por sua paixão pelo paradoxo.  Paradoxo é a marca principal do discurso dialético, da reflexão dialética. Aponta, invaravelmente, para a observação dos opostos, dos contrastes, considerada imperativa pelos dialéticos, como Kierkegaard.

Eu tenho um curioso paradoxo a destacar hoje. Parto de dois fatos históricos que são lembrados nesta semana finda.  O primeiro: Exatamente em 1° de Setembro de 1939, Adolf Hitler, com seu poder tirano de "estado totalitário", ordenou a prática de extinção (via de regra por 'eutanásia sistemática e compulsória') dos deficientes físicos e mentais dentro dos domínio do Reich. Dali prá diante, foi uma verdadeira matança, sob pretexto (diabólico) de eugenia. Dá náusea só de lembrar, quanto mais de ver as cenas que, sadicamente, vários militares nazistas registraram em fotos e filmes.   
O segundo: no dia em que, com profundo lamento, não só a Alemanha como também o mundo relembra esse horror, estava instalada mais uma paraolimpíada mundial em Londres.  Para-atletas de todo o mundo fazem admirar até os atletas medalhistas olímpicos de Julho deste ano, pela sua superação das graves dificuldades e limitações, alcançando marcas de causar inveja e espanto. E quanto espanto… 
As paraolimpíadas surgiram em 1960, exatamente para lembrar os deficientes mortos e os mutilados de guerra, a saber, da Segunda Guerra Mundial. 
Não é um verdadeiro contraste? E que contraste, que paradoxo!

Pensando nisto, há um contraste ainda mais agudo, que posso mencionar. Os componentes orgânicos e materiais que cada pessoa humana hoje tem em sua constituição física, não importando se trazendo algum 'defeito', alguma 'deficiência' ou alguma mutilação, não chegarão à próxima existência como hoje estão. São temporários.  Tampouco assim chegarão por lá os que, sob a aparência dos olhos e conceito convencional, não portam nenhuma deficiência.  Absolutamente, não. 

Aquele evento esperado, do qual fala o Livro da Palavra Divina, denominado 'ressurreição dos mortos', há de mudar todas as coisas. O sábio cientista Antoine Lavoisier 'legislou' – "Na natureza, nada se perde, nada se cria – tudo se transforma! ".  Pois bem: assim será! Como diz o decreto divino:
"Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança.  Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem.  Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem.  Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. 
Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras." (I Tessalonicenses 4.13-18)
 
Daí, haverá uma constituição 'físico-química' inteiramente nova, tanto para aqueles que forem transformados subitamente (sem que venham a passar pela morte convencional), quanto para aqueles que forem ressuscitados de suas sepulturas.  Nada mais de medicamentos para supressão de dores, para controle de pressão arterial, para controle das perturbações mentais, nada de ansiolíticos, nada de antibióticos, antiviróticos, e coisas que tais…  E digo até mais: no mesmo (porém ampliado) vetor do que cientificamente declarou Lavoisier, essa transformação universal terá o poder de proporcionar corpos gloriosos, novos, sem qualquer espécie de defeito ou mancha, e mentes novas , sem qualquer espécie de deficiência, a todos, indistintamente.  "Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. 
Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. 
Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. 
Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.

O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu. Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também os demais homens terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial. Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. 
Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. 
A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? " (I Coríntios 15.42-44, 47-55).

Os para-atletas de 2012 que conhecem a Bíblia (e há alguns), se conduzem sob uma convicção, a convição de Jó: "Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.  Depois, revestido o meu corpo de minha [nova] pele, em minha [nova] carne verei a Deus". (Jó 19.25,26, com interpolações minhas, amparadas no Novo Testamento).
Tudo novo, tudo perfeito, tudo sem 'defeito de funcionamento', tudo imune a doenças, a enfermidades ou deficiências… Assim será!    Estarei lá, e verei isto.  A propósito : você, que me lê, estará também?  Já está certo disso? A minha esperança, a sua esperança, é a esperança que advém desta promessa, que está prestes a se cumprir.  Maranatha! 

O hino de hoje foi composto por um cristão que nasceu em lar muito simples, de área rural; aprendeu música com seu próprio pai, em casa.  Gabriel presenciou, algumas vezes, Ed Card, superintendete da Sunshine Rescue Mission, na cidade de St. Louis, Missouri.  Essa missão pregava o evangelho, ao tempo em que exercia um ministério de caridade, fortalecimento e recuperação de pessoas na cidade.  Card, que costumava terminar algumas de suas orações nos cultos em que exaltava a esperança no porvir com uma frase típica, influenciou Gabriel na composição desse hino. A frase era – "O, that will be glory for me !" ("Oh, isto será glória para mim !").  Ainda que tenham ocorrido algumas críticas, considerando excessivo o foco na vida porvir, com certo 'esquecimento' quanto às responsabilidades cristãs da vida presente (assim dizem), o fato é que o hino já chegou a alcançar versões em mais de dezessete idiomas, em vários países, e se tornou uma espécie de bordão de conforto a muitos cristãos "portadores de necessidades especiais"…  Dele, tenho também uma versão muito preciosa, interpretada em dueto pelos meus especiais amigos, pastores Sebastião Guimarães e Josafá Vasconcelos.
(E, posso dar-lhe a conhecê-la, se te interessar).
  

O That Will Be Glory ("The Glory Song", 1900)
SIM HAVERÁ GLÓRIA SEM PAR 
Charles Hutchinson Gabriel (1856-1932)  
  
1. Quando meu tempo de lutas passar,
   Quando meu Mestre vier me buscar,
   Grato, perante Ele então me prostrar,
   Glória perene será para mim!
 
CORO: Sim, há de ser glória pra mim!
      Glória pra mim! Glória pra mim!
      Quando puder o Seu rosto mirar,
      Oh! há de ser grande glória pra mim!
 
2. Quando, por graça do Seu grande amor,
   Eu alcançar o infinito favor
   De ir para perto do meu Salvador,
   Glória perene será para mim!
 
3. Muitos amigos ali hei de achar,
   Paz, alegria, prazer, bem estar;
   Mas, quando meu Salvador me saudar,

   Glória perene será para mim!

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Abraços, boa semana !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
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ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
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NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 71 : “A MAIOR DAS MARAVILHAS!”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 26 de Agosto de 2012

No dia 21 de Julho de 1969  eu não me encontrava em minha casa, nem na cidade onde então morava.  Estava passando uns dias de férias na cidade de Teófilo Otoni, em Minas mesmo.  Mas, naquele dia, em qualquer lugar, não só do Brasil, talvez um só assunto tomava as atenções de todos: 
"o homem está pondo os pés na lua pela primeira vez ", era o que quase todos falavam. Havia muita gente que não acreditava :   "isto é farsa de americano ", ouvi muitos dizerem.  Mesmo alguns privilegiados que tiveram a oportunidade de ver pela televisão, chegaram a duvidar ("televisão pode qualquer coisa", dizia-se).  Eu, que pouco depois do fato havia iniciado minha tosca imitação de autênticos filatelistas, tratei de perseguir a possibilidade de ter o selo comemorativo, com o carimbo postal do "primeiro dia de lançamento" (First Day of Issue). E, se não o perdi, ainda está no meu singelo acervo.  

O primeiro homem a realizar a façanha, Neil Alden Armstrong, morreu exatamente ontem, aos 82 anos de idade.  Junto com ele, Edwin (Buzz) Aldrin, também pisou o solo linar na mesma data, em seguida, enquanto Michael Collins controlava a nave-mãe Apolo 11 na órbita do nosso satélite. Logo depois de ter dado notícia à NASA da 'alunissagem', Armstrong declamou: "Um pequeno passo para um homem, um passo gigantesco para a humanidade "
Armstrong viveu a vida posterior ao feito sem muita badalação, nem exploração da fama: até a carreira política, que lhe foi oferecida, rejeitou. 
Também não foram muitas as suas frases de efeito que entraram para os anais históricos, mas uma delas me chamou a atenção: "Em minha maneira de ver, a mais importante conquista do programa Apolo foi a demonstração de que a humanidade não está aprisionada para sempre neste nosso planeta; nossas visões vão mais longe do que aqui, e nossas oportunidades passam a ser ilimitadas".  

Estou convencido de que o núcleo central da declaração do afamado astronauta está rigorosamente certa. Mas, provavelmente, não pela ótica dele.  Não estamos, mesmo, para sempre aprisionados neste planeta.  E há muitas direções nas quais pode ser condicionada nossa visão de avanço, para fora dele.
Muitas direções erradas, e uma só direção certa, diga-se de passagem.  Suspeito eu que, infelizmente, a direção para a qual apontava a visão de Armstrong era uma das muitas equivocadas.   É de arrepiar aquela foto que Aldrin tirou de Armstrong, andando sobre a superfície lunar, tendo o planeta terra como uma pequena esfera ao longe, ao fundo.  Se voar num jato lá pelos 12 mil metros de altitude, à noite sobre um oceano, já mete um 'friozinho' na barriga, imagina aqueles três seres humanos, numa distância do nosso solo quase 32 mil vezes maior que isso…  

Mas, voltando  à diversidade de visões sobre a possibilidade de ultrapassar o 'cativeiro' do nosso planeta, quando falo que há uma só direção certa para carregar nossa visão, não estou condicionando minha análise ao crivo científico.  Estou pensando no rumo da visão que extrapola toda a capacidade de investigação científica, seja do ano de 1969, seja em 2012, ou em qualquer futuro que ainda vier. Cada vez que a NASA consegue uma grande proeza (como garimpar o solo marciano, no presente), passa a ganhar incentivos para ir mais longe…  Porém, mesmo que vá a "mundos ainda ignotos" (como escreveu Huberto Rohden), vai continuar defrontando-se com uma verdade que, penso eu, Armstrong deixou de perceber, de considerar e de declarar publicamente; ela está afirmada, de modo convergente, em dois tempos distintos: "Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nEle espera " (profeta Isaias, escrevendo no sexto século Antes de Cristo, em Isaias 64.4). "…Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou no coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam." (Apóstolo Paulo, escrevendo na sexta década do primeiro século da era cristã, em I Coríntios 2.9). 

O mais poderoso telescópio daqui da terra, hoje, é capaz de descobrir vastas maravilhas 'lá fora', no espaço.  O Hubble, que já está lá fora, em órbita no nosso planeta, consegue visualizar muitas mais…  As sondas Voyager já mandam dados bem mais distantes, porque já saíram do nosso sistema solar… 
A Curiosity, em Marte, vai mandando imagens do "planeta vermelho"…  E vamos, com isso, descobrindo  cada vez mais maravilhas. Parece que a 'profecia' de Armstrong vai se cumprindo… Mas nada disso tem visão na direção mais acertada.  Aliás, até pergunto a você que me lê: Você tem alguma visão própria sobre tudo isto? Se tem, você acha que tem a certa? Se não tem, que tal tê-la?

Pisar no solo lunar, garimpar o solo de Marte, atravessar os anéis de Saturno, ultrapassar o último planeta (dizem que nem é mais) Plutão, imergir no espaço estelar lá de fora, romper o "cativeiro terrestre", como prognosticou Armstrong, só traz proveito se trouxer ao explorador a mesma conclusão que trouxe a um 'investigador astronômico' de milênios atrás, o Rei Davi: "Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas, que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres?  E o filho do homem, que o visites?  Fizeste-o, no entanto, por um pouco menor do que Deus, e de glória e de honra o coroaste… Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra [e no universo] é o teu nome! " (Salmo 8.3,4,5,9, com interpolação minha)

Pare e pense um pouco: que adianta ao homem conquistar a lua, Marte, todo o sistema solar e até além dele, isto é, todas as maravilhas do espaço, se perder de vista a glória e a magnificência do seu Criador ? Se deixar de contemplar a maior de todas as maravilhas, ao seu dispor ? Ele, que fêz os céus e a terra para revelar ao homem essa Sua glória, e dar-lhe a conhecer a maior de todas as maravilhas – Ele próprio, seu imenso amor, revelado na pessoa de Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo, permite ao homem tantas descobertas, mas não para engrandecimento do próprio homem. Antes, é por causa de Si mesmo que Ele permite tantos passos ousados:  "Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.  Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite.  Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som;  no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo [e do universo]." (Salmo 19.1-4, com interpolação minha). 
No meu caso, sei que a 'profecia' de Armstrong apenas se assemelha a algo que vai se cumprir, de fato. 
Muitos de nós não ficaremos atados a este planeta. É só conhecer, de perto e de verdade, aquEle que o fêz, bem como fêz todo o deslumbrante universo, todas as grande maravilhas que nele há.  Mas, lembre-se: a maior de todas as maravilhas não está no universo deslumbrante, senão no inigualável amor que Ele nos deu a conhecer na pessoa de Seu Filho, do que nos fala com clareza a Escritura Sagrada. Isto, porque sem Ele, seríamos como viajores sem rumo no universo, exploradores "perdidos no espaço", mesmo o inexplorado; este, com todas as suas maravilhas, é tão somente um testemunho de Deus, da maravilha maior, Dele próprio. 

Nosso hino de hoje também aponta nessa direção.  Seu compositor completou 103 anos de idade no último 21 de Abril, o que ele fêz ainda cantando, mesmo numa cadeira de rodas. Desde a década de 1950 esse hino tem sido uma verdadeira pregação cantada, em vários lugares do planeta. 
Ouça-o, com a participação tocante de Doug Oldham (1930-2010), e coro de vozes onde o próprio compositor se encontrava. 

THE WONDER OF IT ALL (1955)
A [MAIOR] MARAVILHA DE TODAS 
George Beverly Shea (1909-  )  

There's a wonder of sunset at evening,
Há uma maravilha no pôr-do-sol ao entardecer,
The wonder as sunrise I see;
A maravilha que é o alvorecer, eu [também] vejo;
But the wonder of wonders that thrills my soul
Mas a maior de todas as maravilhas que faz vibrar minh'alma
Is the wonder that God loves me.
É a maravilha de que Deus ama a mim.

Oh, the wonder of it all! The wonder of it all!
Oh, a [maior] maravilha de todas! A [maior] maravilha de todas!
Just to think that God loves me…
Tão somente pensar que Deus ama a mim…
Oh, the wonder of it all! The wonder of it all!
Oh, a [maior] maravilha de todas! A [maior] maravilha de todas!
Just to think that God loves me!
Tão somente pensar que Deus ama a mim…

There's the wonder of springtime and harvest,
Há a maravilha da estação da primavera e a da colheita
The sky, the stars, and the sun;
O céu, as estrelas, e o sol (por que não também a lua?); 
But the wonder of wonders that thrills my soul
Mas a maior de todas as maravilhas que faz vibrar minh'alma
Is a wonder that has just begun… 
É a maravilha que apenas começou… 

 
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Abraços, boa semana !
Ulisses 

Notas das citações bíblicas:
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N° 70 : “NENHUM DESAMPARO!”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 19 de Agosto de 2012

Conheci, nesta semana, a Lena. "Lena" é diminutivo afetivo de "Marilena".  Estava ela lá, brincando sem parar com seu ioiô, e chamou atenção, inclusive, do meu primogênito-caçula.  Estava ela na companhia da Teresinha, uma senhora de 81 anos, que a apresentou como "meu bebê". 

Perguntei à dona Teresinha a idade da Lena…
– Adivinhe ! Disse ela… 
Tentei arriscar, mas a tarefa era difícil. Precisei do socorro dela. 
– "Setenta anos", socorreu-me então. 
– Qual o caso dela? Então a Teresinha contou-me a história da sua irmã ("meu bebê"). 
– Meus pais e nós morávamos na roça; só se deram conta de que a Lena tinha alguma diferença quando ela chegou aos 9 anos de idade. 
E até hoje ela trata da esquizofrenia. Só que meus pais morreram, e ela ficou para mim  e mais duas irmãs. 
Perguntei ainda: Com quem ela era mais ligada, com o pai ou com a mãe? 
– Com mamãe, disse ela. 
– E qual foi primeiro? – perguntei ainda… 
– Nossa mãe se foi há treze anos, e nosso pai, três anos depois
Ainda tive tempo de procurar saber como a Lena lidou com a falta de cada um, cada qual a seu tempo, e como era a rotina de vida desde então. 
Fiquei curioso, deveras.  Mas, o que me chamou mais atenção foi a forma como a irmã mais velha a adotou, e cuidava dela com um desvelo de impressionar.  Me lembrei do meu nobre e estimado tio, que um dia, numa pequena roda, exclamou:
"É, gente! Um filho sepultar o pai, é duro; porém, mais duro ainda é um pai sepultar o filho!"
E, desta feita, imaginei : neste tipo de caso, deve ser exceção.  Aliás, confesso que permiti vir à minha mente a idéia de que as coisas não deveriam ocorrer assim: Em caso de uma pessoa 'especial', dependente dos pais, não deveriam os pais ir primeiro. 
Mas, logo me corrigi, lembrando-me: – Quem sou para ensinar a Deus? Deus sabe o que faz! Sempre sabe !!

Meu pensamento voou mais longe. Cheguei até a algumas lembranças do meu livro-guia-de-vida. Por exemplo, me lembrei de Davi:  "Porque, se meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá." (Salmo 27.10). Eu nunca pensei que Davi considerasse a hipótese de ser abandonado por seu pai e sua mãe ('inda mais, sabendo quem foram – a Bíblia o diz!).  A não ser que sua palavra fosse em tom profético e genérico, diante de toda a circunstância de sua veemente oração no restante do salmo, como uma hipótese não pessoal em que a confiança no acolhimento divino se sobrepunha a todas as hipóteses. Mas, a hipótese se estende a um caso como o da Lena exemplifica. E isto acaba por maravilhar aquele que Nele confia. Penso que posso assim entender : Se meu pai e minha mãe faltarem, o Senhor não me faltará. Jamais !Vejo que a Escritura repete muitas promessas  semelhantes:
"… o Senhor teu Deus não te desamparará, porquanto é Deus misericordioso"(Deuteronômio 4.31). Confortador !
"… porque tu, Senhor, não desamparas os que te buscam" (Salmo 9.10). Animador !!
"Em tudo somos … perseguidos, porém não desamparados" (I Coríntios 4.9). Consolador !!!
"… De maneira nenhuma te deixarei, nunca, jamais, te abandonarei" (Hebreus 13.5). Encorajador !!!!
 
Estas promissoras palavras certamente não farão muito sentido ante os ouvidos (ou melhor, olhos) de quem não sabe muito bem o que é andar na comunhão divina.  Mas elas têm um rico e efetivo sentido ante os ouvidos (melhor, olhos) de quem sabe e conhece essa comunhão… A propósito: para você, que me lê, estas palavras são vazias, ou são ricas de sentido, de significado? 
 
Deus é aquele que não desampara aqueles que Nele se refugiam.  Ele é "rocha eterna", "rochedo forte", "abrigo seguro", "amparo constante", "acolhimento perene"… Veja na ilustração do que disse Seu precioso Filho, à cidade de Jerusalém: "Ah, Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e aqueles que a ti foram enviados;  quantas vezes eu quis ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos, e tu não o quizeste…".  Deus, querendo ajuntar os filhos, e os filhos não querendo… Vê se pode! Contudo, para quantos neles se abrigam, não falta o amparo, não falta a força, não falta o refúgio.  Se, entre os homens, com todas as suas mazelas e egoísmos, há gestos tão altruístas como o da Teresinha, irmã que "adotou" sob seu amparo a Lena, quanto mais em Deus há amparo seguro e constante, para os que Nele buscam sua adoção. 
Bendito Deus!  Maravilhoso Deus !!
 
Presenteio você, como 'remate' desta mensagem escrita, uma mensagem musical, como de costume. 
Vai na voz de um coral, com solo de meu amigo e irmão César Timóteo .

GOD WILL TAKE CARE OF YOU (1904)
DEUS CUIDARÁ DE TI
Civila Durfee Martin (1866-1948) 

A música original é de seu esposo, Walter Stillman Martin (1861-1935)
A poesia surgiu por causa de uma criança, filho do casal. 
Walter tinha que pregar numa cidade fora. No entanto, sua esposa  não estava passando bem de saúde, e ele falou de cancelar a viagem. 
O filho, de 9 anos de idade, questionou:
"Papai, o senhor não acha que, se Deus quer que o senhor vá pregar, não tomará Ele conta da mamãe até o senhor voltar? " 
E Walter foi, e 'Deus tomou conta' de Civilla, com os filhos. No mesmo dia ela compôs a letra original do hino, que seu esposo depois musicou. 

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Abraços, boa semana !
Ulisses

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N° 69 : “MARATONA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 12 de Agosto de 2012

Guor Marial é sudanês (sul) de nascimento, com 28 anos de idade; pertence à tribo Dinka.  Ele será o único competidor da maratona olímpica, neste Domingo, que não terá "pátria" com "bandeira" a representar; mas ele declara que espera chegar bem até ao fim, a despeito da severidade e da dureza da prova, que leva muitos a desistirem, pelo esgotamento do cansaço.  É que seu país – Sudão do Sul – não se fez representar oficialmente na competição mundial. Por isto, ele corre "hour concours". Sua bandeira não será nacional, mas internacional: Ele vai competir sob a bandeira do Comitê Olímpico Internacional.  Em 1994 (com 9 anos de idade), ele escapou de um massacre da guerra civil sudanesa, que dividiu o país em dois, e ceifou 28 membros de sua família.  Seus pais também conseguiram sobreviver, mas fazem 20 anos que ele não os vê. Do campo de refugiados, foi parar no Egito, e dali emigrou para radicar-se nos Estados Unidos. Por causa da demora da decisão do COI quanto ao seu inusitado pedido para competir, que só ocorreu após o início do certame, Marial não chegou a participar do desfile de apresentação. Sua participação ocorrerá em prol da paz mundial, e em honra aos dois milhões de compatriotas que morreram na guerra civil.  Confesso que, mesmo sendo brasileiro, chego a torcer por esse sudanês. 

A maratona olímpica tem sua origem inspirada na guerra greco-pérsica de 490 antes de Cristo. Os persas haviam jurado que, ganha a batalha da planície de "Marathona", viriam a Atenas, violariam as mulheres e matariam os filhos dos atenienses. Por isto, os gregos determinaram às suas esposas que, se não voltassem em 24 horas, elas próprias matassem seus filhos e suicidassem em seguida, para não dar aos inimigos sua honra. Os gregos ganharam a batalha, mas isto levou mais tempo do que o esperado. Temendo que suas mulheres já executassem o plano, o general Milcíades destacou o seu soldado e atleta Filípides, para correr até Atenas e levar a notícia às suas famílias, a fim de evitar a tragédia. Filípides já havia, durante a guerra, feito outras "maratonas": em dois dias, correu cerca de 240 quilômetros a Esparta e outras cidades, pedindo ajuda aos patrícios. Ele recebeu a ordem do general, e prontamente partiu acelerado para Atenas. Venceu os 42 quilômetros e 195 metros que separavam o campo de batalha da cidade a tempo de avisar as mulheres; no entanto, tão grande foi a fadiga do esforço, que só teve tempo de chegar e dizer – "vencemos!". E caiu morto… A maratona olímpica é uma prova em memória do primeiro 'maratonista', e também daqueles que correm por uma boa causa. Foi o que o histórico herói fêz! Basta ver como se dá, naquele longo percurso, para se perceber quão desafiadora, exaustiva, estafante mesmo, ela é… 

Há um outro "general" que tem uma convocação idêntica –  a de correr a maratona por uma boa causa. E essa convocação perpassa aos séculos. O arauto profético que transmitiu sua convocação colocou-a em palavras assim traduzidas: "Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus " (Hebreus 12.1,2). 

Aliás, seu desafio a esse empreendimento "atlético" é delineado por contornos típicos.  Por outro intérprete da verdade, ele diz:
"Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis." (I Coríntios 9.24). Parece estranho, mas não é, por ser figura: se só um leva o prêmio, por que o imperativo plural, coletivo? E, quando ocorre a tentação de alguma desistência, de algum esmorecimento pelo caminho, sua voz ainda lembra : "Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade?" (Gálatas 5.7).  Não pense que o tom da voz que pronuncia estas palavras é estritamente severo: ao contrário, sua severidade faz-se ouvir com ternura, com compaixão, com amor pelos ouvidos a quem se dirige. 

Já imaginou quantos corredores de maratona sentem a quase irresistível compulsão de parar pelo caminho? Diz-se que o primeiro terço da prova (14 km), é impeto pela vitória, com relativo 'conforto' sob os pés; no segundo terço (mais 14, até o 28° quilômetro), o corpo, o organismo inteiro está 'pedindo insistentemente para parar'; o último terço (que chega ao 42° quilômetro, mais 195 metros), é o trecho que exige uma disciplina mental rigorosa, para vencer todas as resistências que nervos, músculos, tendões e ossos opõem à continuação. Os maratonistas se gabam de que verdadeiros atletas são aqueles que vencem essas resistências, chegando ao final, mesmo não ganhando. Mas o texto lembra que, mesmo assim, só um leva o prêmio. 
Isto porque, na metáfora bíblica,  a corrida é individual, no meio de uma multidão de 'corridas individuais'. Neste caso, levar o prêmio é alcançar a 'linha de chegada' junto com Aquele que a demanda, Aquele que chama à corrida, tendo-o – o Autor e Consumador da Fé – como modelo e alvo.  Aliás, o mesmo texto de Hebreus acima compele a considerar que o nosso modelo singular suportou toda a oposição levantada contra Si, para exortar-nos:
"… para que não vos fatigueis, desmaiando em vossas almas ". (Hb 12.3). Nossa maratona está aí – de Domingo a Domingo (ou de Segunda a Segunda, se preferir – há de compreender-se). O Autor e Consumador corre junto. Às vezes, ele corre sozinho, carregando-nos nos Seus fortes braços, para ajudar-nos a vencer qualquer trecho, em qualquer dos 'terços'…  De acordo com os textos (amparados por seus contextos), correr a nossa "maratona" e "levar o prêmio" envolve perseverança, envolve fidelidade ao Mestre, envolve auto-domínio ante o pecado e a transgressão da vontade de Deus, envolve imitação do nosso vitorioso Senhor. É assim que podemos fazer da nossa corrida individual, corrida por uma boa causa. 
Nela, estamos em boa companhia, embora invisível aos olhos da face (por enquanto) !  

Há um histórico cristão do país dos atuais Jogos Olímpicos que vem à minha mente, com o seu personagem alegórico: O "peregrino", de John Bunyan, também empreendeu uma longa jornada, cujo ponto de partida foi a "Cidade da Destruição", rumo à "Cidade Celestial", cujo final exigiu a travessia do "Rio da Morte", até alcançar a "terra de Beulah" (Isaias 62.4). A sua vitória passou a ser garantida quando ele foi livrado do seu pesado fardo às costas, e isto, quando defrontou-se com a cruz, a "rude cruz", a cruz de Cristo.   

Nosso hino de hoje lembra essa alegoria. Embora outro hino tivesse sido muito propício também à mensagem de hoje ("Não é dos fortes a vitória, nem dos que correm melhor, mas dos fiéis e sinceros que seguem junto ao Senhor"), acabei por escolher o "Near The Cross". Sua autora, como muitos sabem, enfrentou a cegueira ao longo da vida, a partir de seus 6 anos de idade, por causa da imperícia de um médico.  No entanto, a cegueira não lhe foi barreira para ter uma vitoriosa jornada em 95 anos de existência terrena junto ao Mestre.  Uma declaração dela própria, quanto ao fato: "Parece-me ter sido intencional, por parte da bendita Providência divina,  que eu deveria ser cega por toda a minha vida, e eu O agradeço por esta providência. Se perfeitos olhos terrenos me fossem oferecidos, eu não os aceitaria. Provavelmente eu não teria conhecido os hinos de exaltação ao meu Senhor, que Ele me deu a conhecer, compor e cantar, se eu tivesse sido distraída com eles.Figuradamente, o hino faz-nos pensar na vida como a "maratona" do Peregrino de Bunyan, em busca do alvo da rica fonte, ao pé da cruz, além do rio. O próprio empreendimento de sua busca, pela "maratona da vida", é a circunstância em que o Autor e Consumador da Fé se põe presente, junto, ao lado, a trazer-nos graça eterna e amparo diário. 

NEAR THE CROSS (1869)
QUERO ESTAR AO PÉ DA CRUZ

Frances (Fanny) Jane Crosby (1820-1915)  
Música de William Howard Doane (1832-1915)

 
1. Quero estar ao pé da cruz,
    De onde rica fonte
    Corre franca e salutar,
    Sobre o rude monte.
Côro:
    Sim, na cruz, sim, na cruz
    Sempre me glorio,
    Té que ao fim vá descansar
    Salvo, além do rio.
2. A tremer ao pé da cruz,
    Graça eterna achou-me;
    Lá a Estrela da manhã
    Raios Seus mandou-me.
3. Sempre a cruz, Jesus meu Deus,
    Queiras recordar-me;
    Dela, à sombra, ó Salvador,
    Queiras abrigar-me.
4. Junto à cruz, ardendo em fé,
    Sem temor vigio,
    Pois ao lar paterno irei,
    Salvo, além do rio.

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Abraços, boa semana, e exitosa "maratona", sob a "bandeira transnacional da terra de Beulah" !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
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NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional

N° 68 : “FOME E SEDE DE JUSTIÇA”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 05 de Agosto de 2012

Imagino que serão poucos os brasileiros conscientes que, nos dias presentes, não terão algum grau de interesse no que se passa em Brasília.  Mais precisamente, no que se passa no recinto do STF, o Supremo Tribunal Federal.  Depois de alguns anos arrastando-se pelas vias internas daquela corte, finalmente chega-se ao momento de julgamento de trinta e oito (e, deveriam ser apenas 38 mesmo?) acusados pelo Ministério Público brasileiro, em face daquilo que ficou mundialmente conhecido como o "Mensalão"; este é  o neologismo que designa o que o MP acusa como "o mais sórdido esquema de corrupção havido entre Executivo e Legislativo no país ".

As primeiras cenas – conflitos entre defensores e promotor, conflitos entre promotor e juízes, conflitos entre defensores e defensores, e conflitos entre os próprios juízes da máxima corte – põem a pensar sobre o significado do adjetivo que enfeita o nome daquela instância – "supremo". Cidadãos de bem esperam que se faça "justiça". No entanto, com muitos que converso, e em muitos que leio, percebo claramente o grave ar de dúvida.

Poucos anos atrás, lembro-me da revelação de minha filha, que hoje exerce a atividade jurídica, dando conta de que alguns dos próprios professores da sua faculdade já alertavam para a não rara distância que é usual perceber, lamentavelmente, entre a teoria do Direito e a sua prática. Aliás, a distorção já pode ser percebida pela caracterização parcial que determinados pronunciamentos exibem. Por exemplo: ocorre um fato de grave imputação de consequências ilegítimas, como foi o caso daquele jovem que foi morto por policiais de um estado brasileiro, numa abordagem sumária, e ouve-se o bordão – "o que mais quero é que seja feita a justiça", como exclamou seu pai. "Justiça", aqui, parece ter a conotação básica da punição exemplar e repositora (por que não dizer, 'aquela' que cumpra o papel de vingar a perda). 

Antes que minhas considerações singelas me induzam à discussão de mérito da questão, o que não é meu foco (nem jurídico, nem político, nem social), deixem-me lembrar sábias palavras de consolação e esperança do maior jurista de todos os tempos (porquanto, comissionado como o melhor advogado de defesa), também o maior legislador, já devidamente aprovado para ocupar a vaga (única, por sinal – é apenas questão de tempo) de juiz supremo da história: "Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos" (Mateus 5.6).  Há dois tempos verbais  nesta afirmação do Sumo Mestre… o tempo presente do verbo 'ter' e o tempo futuro do verbo 'ser'… 
'Ter fome e sede de justiça' é algo que, a mim, parece muito mais amplo do que aspirar pela justa vingança do mal. Isto pode ser esperado também, mas a atitude não se limita a isto, e nem disso se constitui em sua essência.  Na minha humilde opinião, inclui-se no 'ter fome e sede de Justiça' a aspiração pessoal pelo caráter de Cristo… No Antigo Testamento, foi prometido aos que temiam o Nome de Deus o nascimento, a chegada do "sol da justiça", que é Cristo (Malaquias 4.2). O apóstolo, na sua cristalina revelação, assim se referiu a ele, em tempo porvir: "Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça." (Apocalipse 19.11). Não há referencial maior de 'justiça em pessoa'. Sim, o Filho Deus é o ápice supino da justiça em pessoa. E, como a Lei Universal do Criador exige que sejamos dele imitadores (I Co 11.1; Efésios 5.1), estou convencido de que 'ter fome e sede de justiça' implica, necessária e inescapavelmente, numa atitude pessoal de constante e policiado  exercício da imitação de Cristo (tomando emprestada a expressão do grande Tomas a Kempis). 

Há muitas caracterizações práticas prescritas para moldar esta atitude: – Evitar, terminantemente, 'dois pesos e duas medidas' (Provérbios 20.10), que é a postura de tratar pessoas diferentes, situações diferentes, com critérios diferentes, que oscilam entre o lícito e o ilícito, entre o digno  e o indigno, entre o certo e o errado (especialmente pelos efeitos que a nós mesmos produzem). No Direito dos homens, chama-se isto o "Princípio da Isonomia", virtude a ser perseguida pelos que clamam por justiça.
– Dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus, como ele mesmo demandou  (Mateus 22.21). – Julgar os outros conforme a justa compreensão de nós mesmos, de nossas próprias limitações ou falhas (vede o ensino do Mestre, quanto ao confronto entre o argueiro no olho alheio e a trave no olho próprio (Mateus 7.1-5).
– Praticar o certo, evitando o errado, não pela expectativa soberba de aplauso dos homens (como os escribas e fariseus), mas pela expectativa humilde e simples de aprovação dos olhos de Deus(Mateus 5.20). Aí estão apenas uns poucos exemplos, um simples 'intensivo'. Se quisermos ter um 'curso extensivo' mais amplo, precisaremos estudar com afinco, pelo menos, o decálogo de Êxodo 20, todo o livro de Provérbios, e o Sermão da Montanha (Mateus 5 a 7).  No mínimo! 

Aí está um pouquinho do que, na minha singeleza, penso poder registrar para caracteriza o presente verbal focalizado. Mas, há ainda o futuro do verbo 'ser'…   "… Porque serão fartos", diz o Presentemente-Advogado-Futuramente-Juiz.  Penso que pode haver uma pequena dose de 'presente' nesta promessa, uma vez que os valores éticos do Reino de Justiça já se podem notar entre nós.  Aliás, precisam ser notados, e praticados, e almejados. No entanto, a dose maciça dessa fartura, inegavelmente, é futura mesmo. É no futuro, também nosso (e não apenas apostólico), que reside o cumprimento cabal dessa confortadora promessa. Todo o contexto das chamadas "Bem Aventuranças"  (também chamadas de 'beatitudes') aponta para essa consumação futura, que alenta diariamente o cristão. Com isto, importa a cada um de nós não nos desalentarmos quando um tribunal humano, ou mesmo um juízo monocrático, demonstra injustiça aos nossos olhos.  Afinal, são humanos mesmo (e, não poucas vezes, sem condições de se livrarem da impiedade natural humana)! Naquele dia, pelas ações cabais do Justo Juiz, o nosso Sol da Justiça, toda injustiça cessará, e a Sua justiça suplantará tudo o que tiver passado, inclusive o que nos tiver atingido, e que restar sem reparo.

Se o STF 'fará justiça' neste nosso temporário país, eu realmente não sei (espero que sim, porque sou um cidadão do reino dos céus que ainda não se desprendeu da sociedade terrena; tampouco me alienei). Mas, que toda injustiça que hoje campeia AINDA verá o dia em que os bem aventurados que têm fome e sede de justiça serão fartos, ah, isso verá!  Breve!! E eu espero!!!

Para terminar, fique com o belíssimo hino cantado pelo Quarteto Templo : "Há Na Glória Um Bom País", que se encontra anexo. 

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana

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N° 67 : “QUE TEMPO JÁ FAZ?”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 29 de Julho de 2012

Anos atrás, participei de uma conferência evangelística numa igreja do interior de Minas. Estava acompanhado de um grupo de jovens da nossa igreja, de outra cidade, e lá fomos, a convite, para cantar nas duas noites de cultos, pelo aniversário daquela igreja (naquele tempo, eu achava que cantava). Um dos presbíteros daquela igreja era um dos principais colaboradores de seu pastor, na promoção do acontecimento.  Ele trabalhava numa grande companhia siderúrgica da cidade (e até do estado, e do país). Me lembro bem de uma das cenas (embora já se vão 33 anos, desde então): Ele havia convidado o seu chefe imediato na companhia… E seu chefe foi…  Ele citou o seguinte versículo bíblico do  salmista : "Em paz me deito, e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro" (Salmo 4.8).  E, se não me engano, ele chegou a 'desafiar' seu chefe – Você pode dizer isto?  O que percebi foi que seu chefe ficou… sem palavra para responder !

Nossa época é marcada pela perturbação do sono. Quantos comprimidos os laboratórios têm vendido, para amenizar esse mal do século? Quantos chás os fogões cozinham às noites? Não vou pregar utopia: longe de mim insinuar que uma das 'vantagens' de ser cristão é que sempre têm um sono fácil, imediato e reparador. Ao contrário: também estes têm suas insônias. Mas não vou, tampouco, admitir que a declaração bíblica seja equivocada, ou ultrapassada. Primeiro, trata-se de um testemunho de alguém que, num determinado tempo da vida, quando estava na mais plena sintonia com seu Deus, pôde assim afirmar; mas, esse salmista, também teve momentos de infortúnio, até de pecado, quando o seu sono foi, deveras, perturbado. 
Foi quando ele viu a imperiosa necessidade de se voltar para Deus, para a Sua Augusta presença. Há outros salmos que dão testemunho desse outro tempo.  Segundo, não se trata de um testemunho universal ou acrônico. Antes, informa um privilégio que está sujeito a condicionantes. O restante do salmo, nos versos precedentes, indica algumas dessas condicionantes. 

No entanto, o fato é que, ainda que venham, ao passar do dia, fatores passíveis de perturbar o sono, há um castelo seguro no qual a alma que repousa pode refugiar-se; há uma rocha segura, atrás da qual os influxos do vendaval não atingem, atrás da qual a tempestade detém seu alcance. E esse castelo é o "castelo forte" de Lutero – "espada e bom escudo"! 
É a "rocha eterna" de Augustus Toplady, aquele que compôs o hino "Rocha Eterna", comparando sua experiência pessoal de vida com o lenitivo da Palavra Que Não Falha.  Não foi uma única vez que o salmista Davi expressou essa segurança, a qual nos conforta, encoraja, emula: "Porém, tu, Senhor, é o meu escudo, és a minha glória, e o que exalta a minha cabeça. Deito-me, e pego no sono;  acordo, porque o Senhor me sustenta" (Salmo 3.3,5).  

Não é à toa que Salomão, o filho de Davi, exorta os jovens a guarnecer o coração e a alma com a consciência da pessoa, da obra e da palavra de Deus nos dias de sua mocidade, antes que venham os dias em que o sono já não mais poderia ser como o "sono de criança" … "Lembra-te do teu Criador… antes que venham os maus dias…  e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer; antes que se escureçam o sol, a lua e as estrelas do esplendor da tua vida, e tornem a vir as nuvens depois do aguaceiro; no dia em que tremerem os guardas da casa, os teus braços, e se curvarem os homens outrora fortes, as tuas pernas, e cessarem os teus moedores da boca, por já serem poucos, e se escurecerem os teus olhos nas janelas;  e os teus lábios, quais portas da rua, se fecharem;  no dia em que não puderes falar em alta voz, te levantares à voz das aves, e todas as harmonias, filhas da música, te diminuírem…" (Eclesiastes 12.1-7).  

Quando Salomão exorta os jovens a se lembrarem do seu Criador ANTES desses dias que, inexoravelmente, hão de lhes sobrevir, não é porque não precisem mais de Deus quando tais dias chegarem… Creio que é o ato, o exercício saudável de sempre voltar ao recesso seguro da presença de Deus se lhes tornará um hábito.  Quando tais dias chegarem, saberão a quem recorrer, com confiança exercitada e comprovada. E ainda poderão, a despeito da inclinação contrária de sua natureza humana, que vai decaindo em vigor com o passar dos anos, experimentar de novo noites seguras de sono (mesmo que menores em extensão cronológica) – porque só Tu, Senhor, me fazes repousar seguro. Se, de vez em quando, tomarem algum comprimidinho para ajudar, isto não se lhes transformará em estresse, nem em dependência. 

É preciso dizer a verdade: Temos nos esquecido de Deus, do nosso Criador, que conhece mais do que qualquer clínico, qualquer endocrinologista, qualquer psiquiatra ou qualquer geriatra, cada célula, cada enzima do nosso organismo. Alguém há de me desmentir, que não seja exceção ? Eu oro que, para você que me lê, e para este que escreve, e para os que nos rodeiam (que amamos), cumpra-se a promessa (que tem sua condição – toda promessa divina é condicional): "Filho meu, não se apartem estas coisas dos teus olhos; guarda a verdadeira sabedoria e o bom siso; porque serão vida para a tua alma e adorno ao teu pescoço. Então, andarás seguro no teu caminho, e não tropeçará o teu pé. Quando te deitares, não temerás; deitar-te-ás, e o teu sono será suave. Não temas o pavor repentino, nem a arremetida dos perversos, quando vier. Porque o SENHOR será a tua segurança e guardará os teus pés de serem presos" (Provérbios 3.21-26). 

Lá pelos idos de 1956, passados os dias de horrores da guerra, certo cristão (músico) da Flórida, nos Estados Unidos percebeu que os novos dias das pessoas estavam ficando cada vez mais cheios do-que-fazer, cheios de novo tipo de otimismo, mas percebeu também que a boa paz do sono e a tranquilidade de alma não era um fruto promissor dos novos dias. Lembrou-se ele do ditado inglês :
“Now I lay me down to sleep, I pray the Lord my soul to keep; 
If I should die before I wake, I pray the Lord my soul to take.” 
Traduzindo-o:  "Agora que me deito para repousar, peço ao Senhor para me guardar; Se eu morrer antes de despertar, oro ao Senhor para minh'alma levar!" E, com isto em mente, observou quantas pessoas passaram a depender mais de medicamentos, e menos de Deus, em oração. 
Percebeu ele que, mesmo cristãos, estavam imergindo numa vida cada vez mais secularizada, e cada vez menos cultivada na presença do Todo-Poderoso. 
Disse ele : "Quantos de nós orávamos com fervor nos nossos dias de infância ou mocidade, mas agora nos apartamos da fé daqueles dias de outrora!"
Compôs um clássico hino. Uma das mais tangentes execuções desse hino, tive a oportunidade de ouvir em 'concerto' particular, quando transportava o Quarteto Âncora, na década de 80, no meu carro, da rodoviária de BH para nossa casa (eles fariam apresentações em cultos da 'minha' igreja). 
Mas o quarteto cantou-o também na igreja. Que saudosa lembrança do Isaias, aquele baixo incrível, que fêz do meu velho Opala virar uma impressionante "caixa acústica"!  Tem-no você, aí, em bela execução coral.  Acrescento também uma versão em midi, apenas com órgão e piano. 

HOW LONG HAS IT BEEN ? (1956)
QUE TEMPO JÁ FAZ ?
Mosie Lister (1921… )
 
1. Que tempo já faz que falaste com Deus.
   Contando os segredos da alma?
   Que tempo já faz que oraste ao Senhor
   E de joelhos ouviste-Lhe a voz?
   Que tempo já faz que não andas com Deus,
   Deixando-O guiar tua vida?
   Teu Amigo quer ser, 
   Quer dar-te poder
   Tu precisas sentir Seu amor.
 
2. Que tempo já faz que ajoelhas-te a sós
   E oraste ao Teu Deus lá do Céu?
   Que tempo já faz que o Teu coração 
   Se apega aos pecados teus?
   Que tempo já faz que não falas de Deus,
   Pregando a mensagem do Mestre?
   Teu Amigo que ser, 
   Quer dar-te poder,

   Implantar Seu amor em Teu ser.

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Se vc quer ver uma apresentação original deste hino, através de um belíssimo quarteto, é só pedir, que te propiciarei… 

Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

Notas das citações bíblicas:
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N° 66 : “TUDO NOVO!”

Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 22 de Julho de 2012

Neste final de semana, minha esposa, eu e Ulissinho, nosso filho, viemos a São Paulo visitar filha e genro. Hoje cedo, levantando-me mais cedo que todos, saí para buscar pães para o café, e para encontrar um local para guardar o carro. Logo me deparei com duas situações de deixar qualquer um pensativo. 
Aqui, nesta cidade, é comum pagar-se por um metro quadrado para estacionamento de veículo, na medida do tempo, cerca de três a cinco vezes mais do que se paga por uma locação pelo abrigo familiar de um apartamento. Pelo menos. Não duvide: eu fiz as contas aritméticas, que não são tão difíceis de fazer…  Na ciranda louca da típica inversão de valores entre "coisas" e "pessoas", é duro constatar que o metro quadrado de espaço para abrigar carros é bem mais valorizado do que o metro quadrado para abrigar seres humanos.

E aí, adiei um pouquinho a tarefa da manhã que primeiro tomou minha atenção, em busca da desincumbência da outra tarefa, relacionada ao café da manhã da turma. No trajeto para a padaria, passei ao lado de uma cobertura de toldo à frente de uma pizzaria, esta fechada, obviamente. Chamou-me a atenção a cena montada por um  "hóspede de rua", ainda dormindo ao abrigo daquele toldo. Não era um maltrapilho, nem parecia um típico "morador de rua". Era um jovem, que estava relativamente bem vestido, com um cachecol em volta do pescoço, uma camisa polo de algodão, agasalho, vestindo uma calça que, se não era "social", tampouco era surrada. Nos pés, uma meia branca (que não estava encardida) com listras pretas, um sapato preto que estava longe de parecer algo ganhado das sobras de outrem… Por sobre o corpo, uma manta e, debaixo da cabeça, uma mochila servindo de travesseiro. 
O que imaginei foi que tratava-se de alguém que, de passagem pela capital paulista, não teve como abrigar-se num hotel ou numa pousada, nem em casa de alguém conhecido, e abrigou-se na rua mesmo, debaixo daquele toldo. De imediato, voltou à minha mente a inversão de valores: nesta nossa sociedade corrompida e maltratada pelas consequências da Queda 'adâmica', "coisas" parecem mesmo fadadas a valer muito mais do que "pessoas", e pessoas" parecem estar destinadas a ser subalternas às "coisas".

Por oportuno, lembro o que disse o Mestre dos mestres:  "Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Porventura não valeis vós muito mais do que as aves ?"(Mateus 6.25, 26). A Queda trouxe a miséria e a desdita à mais sublime de todas as obras do Criador – o ser humano. O pecado, que acompanhou a Queda, trouxe infortúnio, dano, prejuízo e morte. O estado que disso adveio ao homem provocou ruptura e distanciamento de Deus, com Deus, o Criador. A inversão de valores de que falei acima também é uma consequência dessa Queda e do pecado. Não vamos ser hipócritas: em todas as cidades vemos pessoas dormindo ao relento, em abandono. Isto não é retrato de degradação? Creio que a contemplação destas coisas nos faz pensar mais ainda na nossa redenção próxima. 

Mas, por mais distanciado, miserável, infeliz e desafortunado que seja o homem, continua sendo a espécie da Criação que detém o privilégio de ser à imagem e semelhança de Deus. E, em Cristo, essa "imagem e semelhança" é resgatada à sua mais sublime dignidade. "… uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo homem  que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou… " (Colossenses 3.9,10). No entanto, esse resgate é parcial no tempo presente. Só é total no tempo porvir.  É quando seremos à semelhança do Mestre. 
"E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial " (I Coríntios 15.49).
É confortante saber que a nossa degradação, a degradação a que chegamos, por causa daquele distanciamento de Deus, terá reparo, terá remissão.  
É por isto que autores bíblicos falam, com insistência, do porvir. A esperança, que é recorrente em suas proclamações, é nutriente de suas almas. 
"Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isto, neste tabernáculo, gememos, aspirando por sermos revestidos da nossa habitação celestial." (II Coríntios 5.1,2)

Na década de "trinta", o Rev. Blackmore tinha um programa radiofônico evangélico. Seu filho que era pianista e solista, participava com mensagens musicais. Um dia, sua pregação versou sobre o novo céu e a nova terra, bem como sobre a nova vida de lá, porvir. Uma ouvinte escreveu-lhe uma carta, questionando: 
– Será que lá eu vou me ver livre da prisão que me prende a esta cama por 25 anos? 
– Será que lá vou poder correr, brincar, andar como todo mundo, alegremente? 
– Será que vida lá vai mesmo valer a pena?

É claro que o Rev. Blackmore respondeu a carta com outra, cheia de afirmações, confirmações e esperança. Mas o questionamento lhe deixou pensativo. 
Seu filho, seu músico colaborador, incentivou-o a compor um poema sobre o tema, prometendo ajudar-lhe com a música. E logo surgiu esta mensagem musical significativa e expressiva. Eis a sua letra, com minha tradução livre:

"SOME GOLDEN DAYBREAK" (1934)
UMA CERTA ALVORADA DOURADA
Carl A. Blackmore

1. Some glorious morning sorrow will cease,
Numa certa manhã gloriosa as tristezas hão de cessar
Some glorious morning all will be peace;
Numa certa manhã gloriosa tudo será paz
Heartaches all ended, school days all done,
Pesares todos acabarão, o tempo de aprendizado terá findado
Heaven will open, Jesus will come.
O céu há de se abrir, Jesus voltará!

Some golden daybreak Jesus will come;
Numa certa manhã dourada, Jesus voltará
Some golden daybreak, battles all won,
Numa certa manhã dourada, as batalhas restarão todas vencidas
He'll shout the vict'ry, break through the blue,
Ele há de proclamar a Vitória, rompendo pelo celeste
Some golden daybreak, for me, for you.
Numa certa manhã dourada, para mim, e para ti

2. Sad hearts will gladden, all shall be bright,
Corações abatidos vão se alegrar, tudo há de brilhar
Goodbye forever to Earth's dark night;
Um 'adeus' permanente para a densa noite terrestre
Changed in a moment, like Him to be,
Transformados num momento, para ser como Ele é
Oh, glorious daybreak, Jesus I'll see.
Oh, que glorioso romper do dia, verei Jesus!

3. Oh, what a meeting, there in the skies,
Oh, que encontro tal, lá nos céus
No tears nor crying shall dim our eyes;
Não mais lágrimas, nem mais pranto hão de toldar nossos olhos
Loved ones united eternally,
Todos aqueles amados [re]unidos eternamente
Oh, what a daybreak that morn will be !
Oh, que alvorada tal, será aquele amanhecer !

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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses

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