Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 14 de Dezembro de 2014
“A dor ganhou outro significado para mim; agora, ela é celebrada”. Foi assim que a ginasta Laís Souza se referiu, em Abril deste ano, quando teve alguns sinais deste tipo de sensibilidade. Ela se acidentou na neve, esquiando, quando se preparava para as Olimpíadas de Inverno de 2014. Como resultado, ficou tetraplégica, mesmo depois de avançados tratamentos nos Estados Unidos. Neste final de semana, porém, passou por constrangimento público; e foi em pleno dia de seu aniversário de 26 anos. Depois de, pela primeira vez, chegar ao Brasil após o acidente, compareceu ao programa de televisão de afamado apresentador. Ao falar de uma tatuagem que fez na perna, o apresentador lhe teria perguntado se doeu. “Não dói mais”, foi a sua resposta. Ainda assim, diz-se que o tratamento com células-tronco lhe tem proporcionado algum avanço, ainda que tímido. Então, de acordo com o que antes disse, sentir dor seria algo celebrado, e não deplorado.
Faz sentido! Afinal, somos criaturas com o típico senso de valorização do que perdemos, acima do que temos. Conheço gente que, depois de passar anos na vida tendo muitos recursos financeiros, além de bens, e vindo a perde-los, passou a ter um senso muito mais aguçado do valor de tudo que veio a ser perdido. É assim com a liberdade: se, em nosso país, a liberdade viesse a ser restringida, seria muito mais valorizada. É assim com um recurso natural, como a água: neste momento em quem escrevo, estou na maior capital do país; vários prédios públicos e condomínios particulares ostentam um cartaz, pedindo evitar-se o desperdício do precioso líquido, porque está em falta. Celebrar a dor, para a Laís, é reação festiva ao sinal tênue de retomada de algo muito precioso que perdeu – movimento! De fato, mesmo sem proximidade pessoal, nos alegraria vê-la celebrando também uma surpreendente recuperação de movimentos.
Há um outro plano em que esta verdade tem significado ainda mais alto (embora frequentemente menos percebido). Assim, direi: é assim também com a vida: só pode ser devidamente valorizada quando se perde. Epa! Que história é essa? Depois do meu último suspiro, acabou… Não sentirei ganho nem perda… Já era! É assim que alguns pensam. Mas, não é esta a verdade. A verdade é diferente. O doador da vida, que é também o único resgatador dela, disse certa vez: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a vida por minha causa, este a salvará. Pois que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se ou destruir a si mesmo? Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier em Sua glória e na glória do Pai e dos santos anjos” (Lucas 9:23-26, NVI).
Qual o significado destas palavras? Poderia suscitar algumas explicações pertinentes; entretanto, vou sintetizar numa simples: No dia do acerto de contas, quando todos comparecermos perante Ele, quando a vida do além suplantar a vida do aquém, aí, sim, todos vão perceber claramente o valor da vida eterna que o “Filho do homem” (que é o Filho de Deus) pode proporcionar. Viver a vida de aqui desprezando (ou menosprezando) a eternidade é risco semelhante ao daquele que usufrui dotes, propriedades ou benefícios muito precisos, que está prestes a perder. E só depois da perda saberá quanto perdeu. Despreza-a quem, vendo diante de si a oportunidade de agarrá-la, deixa-a passar… Menospreza-a quem, já conhecendo os valores sublimes da vida porvir, vive o presente como se só o presente importasse. Nas palavras de Jesus, é de suma importância reconhecer o valor da vida, da única que vale a pena (com Ele, na eternidade) enquanto não é perdida essa chance, aqui.
A propósito: você que me lê aí, e está ‘vivinho da silva’, talvez saudável, não passa por privações ou padecimentos, já tem pensado mais e melhor na outra vida? Ou você é daqueles que, só depois de perder a vida presente perceberá quanto mais poderia ter valorizado.
A propósito, vale a pena ouvir sob reflexão o belo hino, cantado pelo Quarteto Templo…
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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses
Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional