“Poxa, não basta somente pegar um autógrafo; tem que marcar, como recordação, pro resto da vida!”… Quem disse isto, nesta mesma semana, foi um empresário, torcedor fanático de um dos clubes de futebol da capital mineira, e fã incondicional de um dos atletas do clube. Pela primeira vez na vida, ele foi ao centro de treinamento do clube, e se aproximou do atleta, para pedir o autógrafo. Aí, veio o pensamento, o de gravar para sempre o autógrafo. Então, resolveu rapidamente: pediu o autógrafo, a caneta, na panturrilha da perna; obtido, correu até um tatuador, que transformou a marca grafada a tinta de caneta em tatuagem.
O que faz um torcedor de futebol tomar uma atitude assim? Paixão das mais fortes, não? Por este tipo de paixão, que costuma passar de pai para filho, de avô para neto, de tio para sobrinho, de geração a geração, há inúmeras ilustrações reais entre torcedores de esportes. Nos Estados Unidos, se não é basquetebol, é beisebol; se não é beisebol, é futebol americano. Já entrei no quarto de um adolescente norte-americano onde era difícil decifrar a cor da parede, de tantas fotos, e também de tantos pôsteres de seus ídolos esportivos que havia. Aqui no Brasil, a primeira paixão costuma ser futebol (soccer) mesmo; já a segunda paixão costuma ser… futebol também; quanto à terceira paixão, bem, que tal arriscar futebol de novo?
Já pensou se também fosse assim também o ardor amoroso de um cristão pelo seu Senhor? A verdade, mesmo, é que até entre cristãos que dizem ser cristãos verdadeiros, costuma ser mais fácil detectar sua paixão futebolística, do que detectar sua paixão por Cristo, pelo evangelho, pelos assuntos do Reino de Deus! Mais gente, entre seus amigos, ou suas amigas, tem a facilidade de perceber sua paixão esportiva, do que pelo autor de sua salvação eterna. Essa paixão costuma ficar estampada no seu vestuário, no seu quarto, no seu carro, nas suas postagens de redes sociais, na sua agenda semanal, na sua mochila, nos seu boné, nos seus apetrechos pessoais, nos seus diálogos mais corriqueiros.
Mas, e quanto a Cristo, ao evangelho, à Palavra de Deus, aos interesses do Reino de Deus? E quanto Àquele que pagou um preço impagável, com sangue precioso, pelo seu livramento das labaredas eternas do inferno, e do “tridente candente” do diabo? Bem, se os três primeiros lugares de suas paixões pertencerem a assuntos como o futebol, nem dizer que ficam para segundo plano se pode… Talvez, de “quarto plano” prá trás… Talvez até pense – “já faço a minha parte: vou à igreja ao menos uma vez por semana [aos domingos], entrego dízimos e até ofertas, batizei todos os meus filhos. Meu nome está no rol da mocidade…”
A propósito, que tal alguns lembretes de relevância? O primeiro, dentro muitos, tiro do Antigo Testamento: “…que é que o Senhor, o seu Deus, lhe pede, senão que tema o Senhor, o seu Deus, que ande em todos os Seus caminhos, que o ame e que sirva ao Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração e de toda a sua alma…?” (Deuteronômio 10.12, NVI). E antes que alguém pense que, por ser do Antigo Testamento, ficou superado, lembro que o próprio Senhor Jesus assim enunciou o primeiro grande mandamento: “E amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas as forças” (Marcos 12.30, BCF). Este segundo lembrete eu tiro do Novo Testamento, dentre tantos outros que lá se encontram. Cito no texto católico da tradução de Figueiredo, mas se você consultar em qualquer outra tradução do texto original, nada muda, essencialmente.
Veja uma coisa: na mensagem anterior (“Farelo”), falei sobre o imensurável, inesgotável e insuperável amor de Deus. Não é curioso, e ao mesmo pertinente, que agora retrate o amor a Deus? Neste caso, tomo a palavra “paixão”, que pode até acomodar conotações reprováveis, como um termo estimulante. Seres humanos conseguem cultivar no íntimo, e até externar em público, paixões profundas… Como o empresário mineiro, pelo seu clube e pelo seu ídolo… Para ele, teve que eternizar, para que todo mundo percebesse… Mas, quem tem mais motivos para cultivar uma ‘paixão’ assim, senão quem deve a sua própria vida neste mundo, e a vida no eterno porvir, àquEle que muito mais é, muito mais fez e faz (e ainda fará), e que tem palavras de vida eterna, que nenhum outro tem?
O compositor que nos deixa a mensagem de hoje teve, para sua mensagem, uma tradução muito adequada, interpretada pelo Grupo Prisma Brasil:
“Para ser o que queres que eu seja, ó Deus
Que o mundo possa ver a imagem de teu Filho, ó Deus…”
Ouça, com nosso AudioPlayer online:
PARA SER O QUE QUERES QUE EU SEJA, Ó DEUS]
TO BE WHAT YOU WANT ME TO BE, DEAR LORD (1972)
Donald [Don] John Wyrtzen (1942…)
AudioPlayer online (Controle de volume à direita)
Boa semana,
Ulisses
Notas das citações bíblicas:
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional