Ministérios EFRATA – O Bem & o Mal, a Cada Dia
Domingo, 12 de Fevereiro de 2017
Um dos meus maiores prazeres é garimpar histórias de vida de gente simples, detentores de ‘outras riquezas’. Por estes dias, um casal de vendedores ambulantes tentava convencer minha esposa a comprar algo em suas mãos. Escalado para pagar a conta, não resisti à curiosidade de lhes conhecer um pouco a história.
Sandra veio aos cinco anos de idade de Timbaúba, Pernambuco, para São Paulo. O irmão mais velho convenceu seus pais a vender tudo por lá, e vir tentar a vida cá no Sudeste. Mas, as coisas não deram certo, e tentaram, em vão, voltar para o nordeste. O pai, desiludido, adoeceu e faleceu sem realizar o sonho do retorno. Pouco depois, faleceu a mãe dela. Já na juventude, Sandra conheceu o Ademilton; para ela, apenas Milton. Ah! O Milton, pouca escolaridade, mas que nunca começa um dia sem leitura da Bíblia e oração a Deus.
Milton é mineiro de Turmalina, de onde saiu por causa da escassez no sertão mineiro. Desceu até Três Corações, à procura de emprego. Numa indústria em Elói Mendes, se tornou mecânico de montagem e manutenção de máquinas. Uma lesão grave na coluna, uma cirurgia de risco, o ‘encostaram’. Afastado do trabalho, enfrentou uma dura luta de seis anos para aposentar-se; foi tentar a vida em São Paulo, onde conheceu Sandra.
Um dia, depois de muitas lutas enfrentando os advogados do INSS (coisa que, em Brasília, muitos nem precisam fazer, mesmo com pouco tempo de “trabalho”, para ter boas aposentadorias), veio a boa notícia: sua esperada aposentadoria de um e meio salários mínimos tinha sido julgada a seu favor, lá no STJ. Direitos retroativos de seis anos lhe deram uma soma inesperada (mesmo com trinta por cento já ficando com o advogado).
Milton chamou Sandra numa conversa:
– Fia, se seu pai tivesse ‘inda vivo, era hora d’eu ajudar ele… Vamos a Turmalina? Preciso ajudar minha mãe, coitada…
Sandra, sem reservas, logo concordou. De São Paulo a BH, de BH a Araçuaí, de Araçuaí a Turmalina, de Turmalina à roça… E lá chegaram, alegrando o coração da pobre viúva. Entrar de novo naquela “tapera de adobe e taipa” (sic), com apenas duas portas que mal cabiam um corpo, e duas janelas que mal cabiam um rosto, trazia muitas recordações.
– Mãe, quero fazer um barraco pra mim aqui nesse terreno, e quero saber se a senhora concorda e me ajuda…
– Ajudo sim, meu filho.
E ajudar com que? Pelos três anos da construção, até os irmãos, cunhados e cunhadas criticaram Milton e Sandra: “Tão querendo tomar um pedaço do terreno de nossa mãe”.
Chegou o dia, três anos passados, casa pronta – casa de alvenaria e laje, bacana, uma “mansão”…
– Mãe, tá tudo pronto, tá na hora da mudança…
– E cadê tuas coisa, meu fio?
Milton e Sandra se dirigiram para a velha tapera, e foram buscando, um a um, os poucos pertences da idosa. “Mãe, a casa num é pra nós não; já temo casa… É prá senhora mesmo! Se eu dissesse antes, nem tinha graça!”. Os olhos da mulher viraram torrente de cachoeira. Os irmãos, cunhados e cunhadas, engoliram em seco, enfiando a viola no saco.
E, prá mim, também já me segurando, a essa altura da história, ainda ‘filosofou’ o Milton: “A gente tem que fazer o bem com o que tem, e enquanto está por aqui, porque daqui não se leva nenhum bem material; só o espiritual”.
O Milton está certo; em tudo. Primeiro, “tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Eclesiastes 9.10, ACF); segundo, “e poderoso é Deus, para fazer abundar em vós toda a graça, para que, abastados em tudo, abundeis em toda boa obra” (II Coríntios 9.8, BCF); terceiro, tal como disse Jó, “saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor” (Jó 1.21, NVI); quarto, “honra ao teu pai e à tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá” (Êxodo 20.12, ARA); quinto, “não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mateus 6.19-21, ARC).
Lição de vida, transmitem o Milton e a Sandra, em toda a sua simplicidade. Acabei comprando mais do que na intenção inicial: paguei pela ‘aula’, e meus netos ganharam, cada um uma lembrancinha. O hino de hoje retrata de onde provém a mais genuína inspiração de vida: daquEle que, com desvelo e compaixão sem fim, demonstra a mais alta expressão de amor solidário.
NO ONE EVER CARED FOR ME LIKE JESUS (1932)
(Ninguém Jamais Se Interessou Por Mim Como Jesus)
Charles Frederick Weigle (1871-1966)
Você vai poder ouvir uma versão em nosso idioma.
Enquanto o coro da versão diz …
Sempre cuidará de mim, meu Mestre,
Com desvelo e compaixão sem fim!
Nenhum outro tira a culpa do pecado.
Oh! como Ele ama a mim!
A letra original diz :
No one ever cared for me like Jesus
Nenhum outro jamais se importou comigo como Jesus
There's no other friend so kind as He
Não existe outro amigo tão gentil quanto Ele
No one else could take the sin and darkness from me
Ninguém além dele poderia livrar-me do pecado e da escuridão
Oh! How much He cared for me!
Oh! Quanto se importou Ele comigo!
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Boa semana, até próximo Domingo, se Deus quiser (Tg 4.15) !
Ulisses
Notas das citações bíblicas:
ARA – Edição bíblica de Almeida, Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil
ARC – Edição bíblica de Almeida, Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil
ACF – Edição bíblica de Almeida, Corrigida e Revisada Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana
BCF – Bíblia Católica de Figueiredo, www.bibliacatolica.com.br
NVI – Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional